Cotidiano

Feira é maior polo de venda da agricultura familiar em Roraima

A feira foi implantada há 30 anos e hoje movimenta quase R$ 5 milhões por mês em produtos roraimenses

A opção de muitos consumidores nas compras a varejo de produtos agrícolas é a Feira do Produtor. Pelo menos duas vezes por semana, lá estão eles. Em busca de melhores preços ou da diversidade de produtos ali é o ponto de concentração. 

Os feirantes confirmam a preferência. Também os habituais consumidores admitem o quase compromisso de dar uma “passadinha por lá”. Dona de um comércio na cidade de Cantá, Vera Lúcia diz que duas ou três vezes por semana vai à feira em busca de frutas e legumes para abastecer a loja. O motivo está na ponta da língua: preço. Conversando diretamente com o produtor, ele afirma que compensa vir à cidade, para tratar de outros assuntos.

“Sempre optei pela compra de frutas e legumes que abastecem meu comércio, pois é possível negociar diretamente com os produtores e feirantes e conseguir um preço diferenciado, e ainda ter lucro nas vendas. Além disso, temos inúmeros itens que pela qualidade é possível proporcionar uma satisfação para nossos clientes na hora da compra”, destacou.

O servidor público, Manoel Augusto Araújo, ressalta que além de produtos adquiridos diretamente da roça de várias localidades de Roraima, é também uma forma de prestigiar o esforço de quem produz com dificuldade, enfrentando inúmeros desafios.
“Eu e minha esposa temos o hábito de fazer nossa compra semanal, uma vez por semana, e visitar amigos que consolidamos ao longo destes mais de 15 anos que compramos na Feira do Produtor. Além de valorizar quem ganha a vida de forma digna, vendendo produtos da agricultura familiar, tem os atrativos da qualidade e do preço mais barato”, comentou.

Estiagem foi responsável pelo aumento no preço de frutas

De acordo com o feirante José Rodrigues, mais conhecido como Zé Piauí, que há mais de vinte anos comercializa abacaxi, maracujá e laranja, a forte estiagem deste ano foi um dos fatores que motivou a importação dessas frutas, levando ao aumento de preço considerável. Diz que ainda assim, teve que importar para não desabastecer os clientes.

“Além da forte estiagem outros fatores como a falta de produção com suporte técnico, apoio aos produtores com o acesso ao crédito e as péssimas condições das estradas e vicinais por onde escoa a produção também contribuíram para a falta destas frutas. Com isso estamos trazendo por semana cerca de 14 mil quilos de abacaxi e 800 quilos de maracujá”, disse.

Da mesma forma o feirante José Ribamar, há 21 anos comercializa banana. Ao exemplo de José Rodrigues, diz que está importando de Goiás, parte da banana que vende aqui. Com isso o preço do fruto teve um acréscimo superior a 40%.

“Em todo o período de seca, agricultores da região Sul de Roraima enfrentam dificuldade com a produção de banana que é um dos principais produtos daquela região. Agora estamos tendo que importar de outros estados a banana vendida tanto na feira como nos supermercados, para não desabastecer o mercado, e com isso os preços ficam bastante elevados e quase inviável à venda”, ressaltou.

Produtoras se orgulham de estar entre pioneiros da Feira

Em meio a tanta gente, aqui e acolá é possível encontrar “personalidades” da feira. Residente da vicinal 8, do Município de Alto Alegre, Maria Brito se diz orgulhosa ao relatar que a fundação da Feira do Produtor se confunde com sua história. Faz 30 anos, ela trabalha como feirante e lembra o tempo em que começou a trabalhar como agricultora. 

“Com muito sacrifício faz 30 anos quando comecei a trabalhar como agricultora. Até hoje, do nosso lote trazemos feijão, pimenta de cheiro, verduras e outros itens que vendo e tenho clientela fiel que sempre vem me visitar e comprar”, comentou.

Já a moradora da região da Serra da Lua, Dilce Lopes Damasceno, também é uma das mais antigas produtoras. Desde o início do cadastramento dos primeiros produtores foi uma das mais antigas e começou vendendo ervas e plantas medicinais, cultivadas em seu próprio lote.

“Tenho orgulho de ser uma das pioneiras na venda de ervas naturais, e ajudar no tratamento alternativo de doenças como diabetes, hipertensão entre outras. Há mais de 30 anos comercializo meus produtos e faço parte da história de fundação deste espaço que abriga produtores rurais de várias regiões do Estado”, ressaltou.

Produtos da Feira movimentam R$ 4,8 milhões por mês

A Seapa (Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento) informou que a Feira do Produtor é o principal polo de comercialização da produção da agricultura familiar em Roraima. A cada semana entram cerca de 200 toneladas de legumes e hortaliças que movimentam aproximadamente R$ 600 mil.

Na parte das frutas o destaque é a melancia com uma movimentação semanal de 150 toneladas, seguida da banana com 100 toneladas. A banana tem espaço próprio para venda da produção que vem dos municípios do Sul do Estado, principalmente Caroebe. A melancia vem de municípios como Cantá e Normandia. Somente a fruticultura movimenta R$ 600 mil por semana.

A Feira do Produtor também é um polo de comercialização de produtos vindos de outros Estados. No local há um estabelecimento que vende frutos do mar, vindos do Nordeste e do Estado do Pará. Também é vendida a farinha produzida no Acre e no Amapá. A farinha produzida no interior do Estado geralmente é comercializada na própria localidade ou segue para exportação.

Somando todos os setores, que abrangem diversas áreas como carnes, peixes, hortifruti, entre outros, a Feira do Produtor movimenta cerca de R$ 1,2 milhão por semana, gerando uma receita mensal de R$ 4,8 milhões.