Cotidiano

Família é despejada e acampa em barraco

Ao ocupar uma casa no Conjunto Pérola que estava vazia, família foi retirada pelo proprietário do imóvel

Após serem despejados de um apartamento onde moravam, no bairro Aeroporto, a família da desempregada Elza de Almeida Araújo está morando de forma improvisada em um barraco coberto apenas por uma lona em uma rua do Conjunto Habitacional Pérolas do Rio Branco, localizado no bairro Nova Cidade, zona Oeste, onde ela havia invadido uma das unidades que estava fechada, mas acabou sendo retirada à força.

Segundo ela, a família não possui mais condições de pagar aluguel, pois a única renda que possuem vem de benefícios da filha, que possui deficiência física e mental, e do marido, que é deficiente visual. “Minha filha está cada vez pior de saúde. Em todas as casas que moramos, os vizinhos reclamavam porque ela fazia muito barulho. Só em dois meses já fomos obrigados a mudar três vezes, porque não tenho condições de pagar aluguel”, disse.

A desempregada afirmou que é cadastrada na Companhia de Desenvolvimento de Roraima (Codesaima) desde 2009, mas nunca chegou a ser contemplada com um dos apartamentos do ‘Minha Casa Minha Vida’. “Eu já pedi ajuda em vários órgãos. Fui na Defensoria Pública, no Governo do Estado e na Prefeitura, mas sempre me pedem para que eu aguarde o próximo programa”, frisou.

Ela afirmou que chegou a ocupar, no sábado, 19, uma das casas do Conjunto Pérola, que estava vazia, mas o proprietário do imóvel apareceu e os retirou. “Eu fiquei sabendo que a mulher do dono dessa casa ganhou apartamento no Vila Jardim e ele foi morar com ela, tanto que aqui não tem móveis. Todo mundo falava para eu entrar em uma casa dessas que estão fechadas, então ocupei temporariamente até resolver meu problema”, relatou.

A mulher disse que ela e a família foram ameaçadas pelo irmão do proprietário da residência, que jogou os móveis e pertences dela, da filha e do marido na rua. “Ele chegou violento e disse que o irmão estava internado na UTI do HGR e ameaçou nossa família. Jogaram tudo fora enquanto estava na delegacia fazendo B.O. [Boletim de Ocorrência]. Eu assumo que o que fiz foi errado, mas sou cadastrada no programa e nunca ganhei porque usam essas casas para fazer politicagem. O que eu mais preciso para resolver minha vida é uma moradia fixa para não estar mais me humilhando”, frisou.

A família pediu para que quem se solidarizasse e quisesse ajudar fazendo doações ligasse para o telefone 99110-5701.

OUTRO LADO – À Folha, o dono da casa ocupada pela família da desempregada no Conjunto Pérola, Raphael Pereira, alegou que deixou o imóvel vazio por estar com problemas de saúde. “Eu fiquei desempregado e cortaram a minha energia. Como estava com problemas de saúde e tenho uma filha pequena, fui morar com minha mãe e deixei aqui para minha irmã olhar”, disse.

Ele afirmou que teve a casa arrombada pela família e classificou a atitude como “jogada política”. “Eu entrei na minha casa e vi a bagunça que estava. Isso é jogada política. Essa família fez isso a mando de alguém. Ninguém sai de um lugar para outro para invadir do nada. Eu estou sendo acusado de vender minha casa e alugar, e não posso colocar outra pessoa para cuidar até terminar meu tratamento de saúde porque senão vão falar”, complementou. (L.G.C)