Cotidiano

Falta de água afeta rotina de moradores da zona oeste

Residentes de diversos bairros relatam falta de água, atrapalhando atividades domésticas simples, como lavar a louça e até tomar banho

Nos últimos meses, diversas são as reclamações de moradores da zona oeste devido aos constantes desabastecimentos de água em Boa Vista, por parte da Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caerr). A principal delas diz respeito aos apagões, que atualmente estão ocorrendo de forma diária, e acabam gerando o corte de abastecimento em toda a cidade. Entretanto, ainda são diversos os bairros que, em pleno verão, sentem falta de água hidratada.

No bairro Dr. Airton Rocha, no extremo oeste da cidade, já faz três semanas que a água que chega ao local é escassa. Um dos moradores, o ajudante de armazém Erenias de Oliveira, contou à reportagem da Folha que moradores improvisam de diversas formas para conseguir tomar banho e lavar roupas.

“Vivemos a vida assim, somente com a torneira baixa funcionando de vez em quando. Tenho um vizinho que já está usando água da geladeira para tomar banho. Curiosamente, o único dia que voltou a funcionar normal, sem nenhuma falta, foi no domingo de eleições. Pensávamos até que o problema tinha sido resolvido, mas no dia seguinte acabou a água novamente. A coisa é tão grave que a vizinhança já tá cogitando fazer um poço artesiano”, afirmou.

E não é necessário se afastar muito do Centro Cívico para se deparar com problemas como este. No bairro 13 de Setembro, o morador da rua Coronel Monteiro Baena há 42 anos, pedreiro José Ribamar Teixeira, contou que está há pelo menos dois meses sem água durante o dia na sua residência, onde moram mais oito pessoas.

“Nós tentamos estocar água em baldes para que possamos usar quando necessário. Apesar disso, o pessoal daqui de casa passou a realizar boa parte das atividades, como tomar banho, lavar a louça, roupa, durante a noite. Mexe muito com a rotina de todos aqui, mas vamos nos virando como dá”, explicou.

Outro morador da mesma rua, o trabalhador em transportadora Paulo Jorge, contou que moradores do bairro costumam se comunicar quando problemas como esse ocorrem. Ele aponta que isso é um problema que abrange boa parte do 13 de Setembro. “Nós temos um grupo de WhatsApp dos moradores, e a situação é muito triste para todos nós. Principalmente na hora dos apagões, é aí que sabemos que a água não chegará tão cedo mesmo. Então só nos resta chorar em grupo mesmo”, comentou.

No bairro Centenário, o problema existe de forma parcial. Ou seja, as faltas constantes de água não abrangem todo o bairro. A moradora Hosana Carolina dos Santos, da rua Caruaru, relatou que a água por lá está fraca e não dá para tomar banho, nem lavar roupas. “Geralmente só tem água nas torneiras mais baixas. Tem sido difícil com crianças em casa, sem poder tomar banho, cozinhar ou lavar roupas e louças. A falta de água acontece de vez em quando, mas nos últimos meses têm piorado a ponto de nem mesmo ter água no chuveiro, e quando tem, é só de madrugada”, afirmou.

Até mesmo moradores que não são afetados por essas faltas mais longas reconhecem que o desabastecimento ocorre a cada apagão de energia. Esse é o caso da merendeira Fatildes Maria Teixeira, que mora em outro trecho da mesma rua. “Nós nunca tivemos grandes problemas de água. Mas quando acaba a energia, a água acaba na mesma hora. Eu sei que muitos moradores daqui do bairro sofrem com falta de água, infelizmente. Mas graças a Deus não é o meu caso”, comemorou.

Por meio de mensagem, um leitor comentou que o mesmo problema também abrange o bairro Cruviana: “Falta água por aqui volta e meia, mas agora tem mais de uma semana que quando tem água, ela não tem força nem pra subir para a caixa d’água. A circulação por aqui está fraquíssima, já ligamos para a Caerr e eles dizem que estão ajeitando, mas até agora não vi nada”. (P.B)

Instabilidade energética compromete abastecimento de água, diz Caerr

Por nota, a Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caerr) afirmou que tem conhecimento dos problemas de abastecimento em bairros da zona oeste e destacou que está buscando solucionar o problema por meio de reforços de rede, em pontos estratégicos da cidade, que são estudados após denúncias serem feitas por meio do número 0800-280-9520.

“Essa comunicação é importante para que seja gerada uma ordem de serviço e a empresa possa fazer a verificação in loco de maneira mais rápida. Em casos apontados, a Companhia enviará uma equipe ao bairro para verificar se trata-se de algum problema pontual”, informou por nota.

Também foi esclarecido que a instabilidade energética tem comprometido consideravelmente o abastecimento de água na capital, uma vez que a cada queda de energia é necessário desligar os equipamentos para evitar pane elétrica. “Após o retorno da energia, é preciso aguardar o período de pressurização da rede, tempo necessário para que os reservatórios possam encher novamente e retomar o abastecimento dos Centros de Reservação e Distribuição, até a ponta de rede”, complementou.

Dentre as ações destacadas pela Caerr para reverter esse problema, estão a realização de uma manobra de rede no bairro Centenário, que reforçou o abastecimento na rua Engenheiro Carlos Geraldo e na avenida Abel Camurça Neto. Apesar disso, a Caerr ressaltou que continua estudando alternativas para melhorar mais a cobertura e o abastecimento no bairro.

“No Cruviana foi identificada a baixa pressão e, para melhorar o abastecimento, a empresa fará nesta quarta-feira, 17, outra manobra de rede, o que vai melhorar o abastecimento no local. Em relação ao Airton Rocha, a Caerr não recebeu nenhuma reclamação por meio do 0800-280-9520 referente ao abastecimento, mas uma equipe irá ao bairro verificar se o problema é pontual ou não. Atualmente a Caerr produz 1,1 mil litros de água por segundo, ou seja, a capacidade máxima de produção de água. No entanto é fundamental a participação da população evitando o desperdício, principalmente no verão”, concluiu a nota. (P.B)

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