Polícia

É possível prevenir a morte de mulheres, afirma delegada

Só no final de semana foram achados dois corpos femininos enterrados em um terreno baldio em Boa Vista; até o momento ninguém foi preso.

O final de semana foi marcado por um grande índice de ocorrências envolvendo conflitos familiares e violência contra mulher.

A tensão iniciou na sexta-feira, 03, quando a polícia localizou dois corpos enterrados numa cova de pouca profundidade em um terreno baldio, localizado na rua Berlamino Fernando Magalhães, no bairro Tancredo Neves, zona Oeste de Boa Vista.

Na sequência um auxiliar de serviços gerais de 22 anos foi preso por ser suspeito de agredir a própria mãe com socos.

Outro fato envolvendo Maria da Penha ocorreu por volta das 22h de sábado, no bairro São Bento. Uma cabeleireira de 27 anos foi agredida com uma tábua de cortar carne pelo ex-marido, um pedreiro de 46 anos.

Estes casos de homicídios e violência de doméstica entraram para as estatistas de Roraima, as
vésperas  da Lei Maria da Penha completar 12 anos de criação.

Diante de ocorrências alarmantes como estas, será que as mulheres de Roraima e do Brasil podem sentir-se seguras com as políticas públicas desenvolvidas a partir da  Maria da Penha?

A delegada Verlânia Silva de Assis, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, (DHPP), explica que ocorreram avanços nesses 12 anos, mas deixa claro que os números ainda são preocupantes.

“Tivemos institutos de grande valia para socorrer a mulher que é vitima de violência domestica. Podemos citar como exemplo a medida protetiva de urgência, onde é possível afastar o autor da violência da casa, impede que ele se aproxime dela ou dos familiares da mulher”, explicou a delegada.

Verlânia explicou ainda que ocorreram avanços, porém  ainda existe um número alarmante de vítimas de violência doméstica familiar e muitos casos acabam em mortes. Para trabalhar a prevenção é necessário também que as mulheres fiquem atentas a sinais importantes.  

“Precisamos prevenir para que esses crimes não aconteçam. No que diz respeito as escolhas, principalmente afetivas, as mulheres precisam identificar sinais como ciúmes excessivos e um controle exagerado por parte do companheiro”, alertou a delegada. 

Média de dez mulheres são assassinadas por ano em Roraima

Em matéria publicada no mês de julho na FolhaWeb, foram divulgados dados do  setor de Estatísticas da Secretaria de Segurança do Estado, onde revelaram que entre os anos de 2016 e 2018, 35 mulheres perderam a vida vítimas de crimes violentos.  

Desse total,  10 foram registrados como Feminicídio (assassinato de uma mulher cometido por razões da condição de sexo feminino, quando o crime envolve violência doméstica e familiar e/ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher).

A rotina nas delegacias que atuam com flagrantes e também na Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher (DEAM), é movimentada com casos que envolvem a violência contra mulher e que são enquadrados na Lei Maria da Penha.

Grande parte das agressões que levam a morte de mulheres iniciam com um relacionamento abusivo e na época da reportagem a psicóloga Adriana dos Prazeres, explicou que as relações abusivas podem ocorrer em qualquer meio que estejamos.

Para sair disso ela orientou ainda que existem políticas públicas que estão voltadas para as mulheres e usa como exemplo a lei Maria da Penha, porém a mulher precisa dar o primeiro passo para buscar ajuda.

Peça ajuda

Para atendimento as mulheres podem buscar ajuda na Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher) que funciona dentro da Casa da Mulher Brasileira, localizada na rua Uraricuera, sem número, São Vicente.

Existe ainda atendimento especializado disponível 24 horas por meio ZapChame 98402-0502, que atende capital e interior. O serviço é coordenado pelo Centro Humanitário de Apoio a Mulher (CHAME), da Assembleia Legislativa de Roraima.

Por meio do Disque 180, a mulher pode receber apoio e orientações sobre como resolver o problema. O serviço é nacional e pode ser acionado de qualquer capital brasileira. A denúncia é distribuída para uma entidade local, como a Delegacias de Defesa da Mulher (DDM) ou Delegacia Especial de Atendimento a Mulher (DEAM), conforme o estado.