Cotidiano

Criança é desclassificada de seletivo da Fundação Bradesco

Estudante de dez anos passou por processo seletivo, foi aprovado, mas não pôde ser matriculado porque mora distante da escola

Todos os anos, milhares de alunos migram da rede municipal para a rede estadual de ensino, no entanto, algumas famílias tentam ingressar os filhos em instituições renomadas, prevendo que o rendimento escolar será melhor. Pensando nisso, os pais de uma criança de dez anos decidiram investir num processo de seleção da Fundação Bradesco, mas o sonho de ver o filho estudar numa boa unidade de ensino foi tomado por decepção.

Após fazer o processo seletivo, disputando cerca de 30 vagas com quase 150 estudantes, no último dia 10, houve a aprovação. A Folha conversou com a mãe do estudante, Elizabete Pereira, na manhã de segunda-feira, 21, e ela deu detalhes dos fatos.

“Na terça-feira [dia 15], eu voltei lá, mas, antes disso, eles [funcionários] já tinham visitado minha casa. Eles justificaram que meu filho mora longe e que, para estudar lá, o aluno tem que estar a apenas um quilômetro de distância da escola”, disse.

Elizabete relatou que foi até a instituição para saber quando o filho iniciaria as aulas, mas recebeu a resposta de que o garoto não teria condições de estudar, porque foi desclassificado. Ela disse que chorou ainda nas dependências da escola.

“Eu fiquei triste, ele também, mas por outro lado, algo me deixou satisfeita porque ele conseguiu passar na prova”, acrescentou.

O aluno vai cursar o 6º ano do ensino fundamental e teve que ser matriculado em outra escola para não perder o ano letivo.

“Eu procurei outra escola e matriculei ele na Escola Estadual Caranã. Não procurei mais a Fundação Bradesco. Eu pensei em ir até a Justiça, mas não tive tempo e não sei se a Justiça poderia me ajudar”, explicou.

O importante, segundo Elizabete, é que o filho se mantém motivado e deseja, no futuro, se formar em medicina ou odontologia.

“Ele continua estudando. É um menino inteligente. Ele disse que um dia vai conseguir ser médico ou dentista”, enfatizou.

A família mora na região de Monte Cristo. O estudante é o mais velho de três irmãos e os pais trabalham numa empresa especializada em produção de polpa de frutas.

“Ele vai começar a estudar no dia 4 de fevereiro e vai ficar tudo bem”, explicou.

O OUTRO LADO – A Fundação Bradesco informou que atua na inclusão da população menos favorecida por meio da escolarização formal, favorecendo milhares de alunos anualmente.

“Em função dos benefícios oferecidos pela Instituição (ensino de qualidade, uniforme, material didático, merenda escolar e tratamento médico odontológico gratuitos), aliado ao fato de se localizar em região com alta concentração de pessoas em situação socioeconomicamente desfavorecida, a demanda por vagas em suas unidades ultrapassa a capacidade de atendimento da demanda. Por isso, se faz necessário estabelecer alguns critérios de seleção para preenchimento das vagas, tais como idade, proximidade da escola e perfil socioeconômico.

A Fundação Bradesco realiza uma análise de todos os interessados, inclusive, sempre que possível, com visitas a residência dos candidatos, a fim de contemplar aqueles que melhor atendam aos critérios de seleção. Contudo, a oferta é ainda mais reduzida para as vagas remanescentes, pois a evasão de alunos de nossas escolas é mínima, o que torna essas vagas ainda mais concorridas”