Cotidiano

Chefe de gabinete denuncia vereador por agressão

Afrontar é motivo para me bater? Falar do problema e ele não concordar com minha opinião é motivo para me bater? Pedir para organizar a situação do partido e ele não concordar é motivo para me agredir? Foram com esses questionamentos que a chefe de gabinete do vereador Júlio Cezar Medeiros (Podemos) iniciou a entrevista à reportagem da Folha a respeito das agressões, lesões corporais, injúria e difamação sofridas na tarde da quarta-feira passada, dia 8, na casa do parlamentar, no bairro Caçari, zona Leste de Boa Vista.

A vítima, de 46 anos, relatou que há exatos 5 anos e 7 meses trabalha com Júlio Cezar e que sempre foi maltratada com palavrões e com o temperamento explosivo do parlamentar municipal, mas que somente no último ano as agressões físicas foram iniciadas, quando a mulher teria levado um beliscão do vereador, mas que horas depois ele ligou pedindo desculpas e afirmando que a amava e entregando flores.

“Mas não adiantava, depois de três ou quatro meses voltava a acontecer tudo de novo. As agressões verbais para mim eram comuns, mas quando se tornaram físicas, passou a ser um problema mais sério”, frisou.

Na tarde da quarta-feira, a servidora da Câmara foi levada pelo filho até a residência de Júlio Cézar para despachar alguns documentos do gabinete e para prestar contas de alguns valores, mas ao dizer que estava sofrendo uma pressão por parte dos filiados do partido quanto às coligações, começou a ser xingada pelo parlamentar.

“Antes de chegar ao local, ele já havia me agredido verbalmente por telefone. Ao chegar, fui relatar o que estava acontecendo no partido e fui chamada de galinha, vagabunda, safada, morta de fome, que deveria procurar emprego e que com ele mesmo não trabalhavas mais”, relembrou.

A mulher também disse que foi até a cozinha e retrucou a fala do vereador e virou de costas, momento em que ele a puxou pela alça da bolsa e, assim que ela caiu, ele passou a agredi-la fisicamente, sendo contido por algumas testemunhas, inclusive o presidente do partido do qual fazem parte.

“Eu cai no chão e lesionei o joelho. Nós brigamos e ele correu e pegou uma faca. Eu estava em pé e ele colocou a faca perto do meu pescoço dizendo que iria me matar se eu desse parte dele, pois ele tinha dinheiro e quem iria para a cadeia era pobre”, recordou.

Machucada e muito nervosa, a vítima ligou para o filho pedindo ajuda para que fosse levada para casa. O filho também deu entrevista à Folha e contou como agiu ao descobrir que a mãe tinha sido agredida. “Ela me ligou chorando. Quando eu cheguei, o portão estava fechado e, como ninguém abriu, eu derrubei o portão e começamos a brigar. Por isso estou com o ferimento no rosto. Depois de tudo, ele disse que iria matar meu filho de dois anos”, acrescentou.

Segundo a mãe e o filho, o vereador também danificou o veículo deles. “As câmeras de segurança da casa dele registraram tudo, basta que a Polícia peça todas as filmagens para ver o que aconteceu”, enfatizou.

A servidora pública registrou o Boletim de Ocorrência no 1º Distrito Policial, onde recebeu o encaminhamento para fazer o exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal. O Instituto de Criminalística também recebeu o encaminhamento da Polícia Civil para atuar no caso. “Dessa vez eu não vou abafar nada, eu vou movimentar o caso na justiça. Ele é temperamental e não posso aceitar que ele bata em mulheres”, finalizou.

OUTRO LADO- A reportagem da Folha ligou para os números de telefone do vereador para que ele se manifestasse sobre a denúncia, mas as ligações não foram atendidas. A reportagem enviou mensagens por meio do aplicativo Whatsapp para Júlio Cézar ainda na tarde de ontem. Ele respondeu que iria retornar para dar a resposta, mas até o começo da noite não se pronunciou. (J.B)

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