Cotidiano

Cancelamento de concurso impacta em hotéis da cidade

Donos e gerentes contam que reservas estavam totalmente preenchidas e que cancelamentos ocorreram de forma massiva

FABRÍCIO ARAÚJO

Colaborador da Folha

O cancelamento do concurso da Polícia Civil, cujas provas objetiva e discursiva deveriam ocorrer no fim de semana passado, afetou diretamente os hotéis de Boa Vista. A indefinição sobre a realização do certame prejudicou quem mora em outros Estados e havia comprado passagens e reservado vagas na cidade para poder fazer a primeira etapa.

Na sexta-feira, 15, a Folha recebeu diversas ligações de pessoas de outros Estados ao longo do dia questionando se o concurso havia sido cancelado ou não. Ao menos três hotéis da capital estavam com todas as reservas preenchidas. Após o anúncio de cancelamento, o impacto foi imediato.

A gerente do Aipana Plaza Hotel, Wendy Gomes, afirmou que houve uma queda de 30% com os cancelamentos das reservas, o que causou transtorno tanto para os clientes que, dependendo do pacote, não foram totalmente reembolsados, quanto para o hotel, que não pôde atender outras demandas. Mas para ela, o pior resultado desta situação é a credibilidade que foi perdida pelo Estado.

Já os funcionários do Hotel Euzebios esperavam receber uma turma de estudantes para concursos que preencheria 70% de suas vagas. Como se acreditava que a busca por hotéis seria grande, a primeira diária deveria ser paga antecipadamente. Com a notícia de cancelamento, os estudantes desistiram das reservas e o estabelecimento teve cerca de R$ 15 mil de prejuízo.

“Era uma turma de um cursinho de Manaus e era uma caravana de 120 pessoas. Acabaram cancelando com antecedência. Nosso prejuízo foi enorme porque eles já tinham pagado 50% do valor e nós usamos esse dinheiro para fazer investimentos no hotel, e tivemos que devolver”, explicou Hudson Lucena, um dos donos do hotel.

Apesar do cancelamento massivo, Lucena afirmou que 12 pessoas ainda chegaram a se hospedar no hotel por causa do concurso, pois vieram de outros Estados e não conseguiram cancelar as passagens de avião em tempo hábil.

O gerente do Hotel Ferrari, Marcos Francisco, afirmou que as vagas estavam 100% preenchidas, sendo cerca de 90% pessoas que viriam fazer a prova do concurso da Polícia Civil.

“É um lugar [Roraima] desacreditado e vai continuar sendo. Eu achei que iria mudar e não mudou nada. Como é que cancelam um concurso, sendo que as pessoas já pagaram pela passagem? E ainda não deram nem prazo de quando é que irão restituir o dinheiro delas”, afirmou.

O Sindicato do Comércio de Hotéis, Restaurantes e Bares de Roraima irá se pronunciar sobre a situação após uma reunião com os gerentes de hotéis que deve ocorrer ainda nesta semana, mas o vice-presidente, Emerson de Oliveira, disse já ter conhecimento de que a situação ocasionou prejuízo para estes estabelecimentos.