Cotidiano

Wizard lamenta caso de escravidão envolvendo venezuelana

Em menos de um ano e meio de existência, o programa coordenado pelo empresário Carlos Wizard já conseguiu interiorizar mais de 8 mil imigrantes.

O empresário Carlos Wizard, coordenador do programa Brasil do Bem, lamentou o fato de três pessoas terem sido presas no Ceará que, segundo o Ministério Público Federal, por trabalho análogo à escravidão de uma imigrante venezuelana que teria saído de Boa Vista através de um grupo de agenciadores com destino a Russas, cidade do interior do Ceará.

“Nós combatemos, repudiamos e condenamos qualquer tipo de trabalho que não seja de acordo com a lei trabalhista do país”, disse. “Entendemos que o imigrante tem todos os direitos às leis trabalhistas como o cidadão brasileiro, qualquer coisa fora disso, nós condenamos”, afirmou.

Ele acredita que esse caso não vai impactar sobre as pessoas que fazem parte do programa que ele coordena e que estão sendo interiorizadas para várias cidades do país. Wizard orienta aos imigrantes que devem tomar cuidados antes de aceitar empregos de pessoas estranhas, que não sejam de organizações e associações humanitárias reconhecidas.

“A pessoa tem que se informar e pesquisar quem que é o empregador, quais as condições do trabalho, as garantias, os direitos que vai ter como trabalhador e ter um contrato com as regras dos dois lados”, afirmou.

A reportagem se refere a três acusados pelos crimes de tráfico de pessoas e redução de pessoa à condição análoga à de escravo que foram condenados em 1º grau à prisão, pela Justiça Federal no Ceará.

A ação penal, ajuizada pelo Ministério Público Federal (MPF) em outubro de 2018, denunciou os três réus por manterem uma venezuelana em cárcere privado e sujeitá-la a condições degradantes de trabalho. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), os denunciados agenciaram e transportaram a venezuelana de Boa Vista-RR para a cidade de Russas, no Ceará, e posteriormente ao município de Juazeiro do Norte, também no Ceará.

Na sentença, o juiz concluiu que as rés aliciaram a cidadã venezuelana e a transportaram com o objetivo de reduzi-la à condição análoga a de escravo, uma vez que “eles não só cercearam a sua liberdade de locomoção como a submeteram a trabalhos forçados, à jornada exaustiva e a condições degradantes de trabalho”, considerou o magistrado. Ele condenou uma das rés à pena de reclusão em regime fechado por nove anos e quatro meses, e a outra a dez anos de reclusão em regime fechado, bem como decretou a perda dos dois cargos públicos de professora ocupados pela acusada. O terceiro envolvido foi condenado a pena de quatro anos e seis meses em regime semiaberto. Contra a decisão, ainda cabe recurso.

INTERIORIZAÇÃO – Carlos Wizard falou que continua com ações e trabalhando para ajudar as pessoas a encontrar sua independência financeira através da interiorização para outras cidades do país.

“Não se pode dar assistencialismo sempre e nosso programa está auxiliando as pessoas a terem uma vida autônoma, que tenham uma renda para se manterem”, afirmou.           

Ele informou que na tarde de ontem houve interiorização de mais 50 venezuelanos que viajaram de ônibus até Manaus-AM e de lá embarcam em voo comercial para os estados do Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraná.

“Todos embarcam em voo gratuito oferecido pela empresa Azul e ao chegarem seus destinos tem um acolhedor esperando, que geralmente são pessoas da família, alguém que já está acolhido no local e trabalhando e que vai acolher e integrá-los à sociedade”, disse.

Wizard informou que a maioria dos interiorizados deste grupo é composto por famílias, de pai, mãe e filhos e também de mulheres que vão se reencontrar com seus maridos e filhos.  

“Alguns homens já tinham ido, estão trabalhando e agora as mulheres e filhos vão se encontrar com eles; e tem pessoas idosas que estão indo encontrar seus filhos”, afirmou.

Em menos de um ano e meio de existência, o programa coordenado pelo empresário Carlos Wizard já conseguiu interiorizar mais de 8 mil imigrantes.

A reportagem da Folha manteve contato telefônico e por e-mail com a Operação Acolhida para saber se a prisão dos acusados de exploração de trabalho pode impactar aos imigrantes que estão sendo interiorizados, qual a orientação que a Operação Acolhida pode dar aos imigrantes que aceitam interiorização de terceiros e se há registros de casos de imigrantes em trabalhos análogos à escravidão no Estado.

Até o fechamento desta edição, por volta das 19h, não houve retorno. (R.R)