Cotidiano

Sinter vai acionar a justiça para tentar derrubar medida em portaria 

AYAN ARIEL

Editoria de Cidades

A insatisfação tem tomado conta de professores e servidores desde que a Secretaria Estadual de Educação e Desportos (Seed) publicou no Diário Oficial do Estado de Roraima (DOERR) a portaria no. 2048/2019, que, entre outras medidas, veda o direito de o profissional que possui dois contratos de trabalho com o executivo estadual, de cumpri-los na mesma escola.

Segundo alguns professores que entraram em contato com a Folha, a medida pegou todos de surpresa, pois irá mexer com a logística de trabalho desses profissionais, pois terão que se dedicar a uma escola em cada período do dia.

“Terei que gastar mais com condução, passarei mais tempo cansada para chegar de um lugar a outro; e o que o estado ganha com isso, perseguindo os professores? Insatisfação e queda no rendimento, pois ficarei mais cansada com o deslocamento, mais pobre com o gasto e consequentemente mais chateada com a forma como estou sendo tratada por esse governo, portanto produzirei bem menos do que produzo. Não tem lógica, é apenas para perseguir, falta do que fazer”, desabafou uma das professoras atingidas pela medida e que não quis se identificar para não sofrer represália.

Por conta disso, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Roraima (Sinter) está estudando a possibilidade de entrar com ação contra a portaria, a fim de garantir as lotações desses professores.

O diretor-geral do Sinter, Flávio Bezerra, relatou que a alegação da secretária de educação, Leila Perussolo, era que alguns professores não estavam cumprindo esse contrato. Ele afirma que essa portaria vai contra o direito garantido dos trabalhadores em educação, principalmente aqueles professores que usufruem de dois contratos.

“Muitos deles, claro que não todos, trabalham em duas escolas, executam sua jornada diária e já estão acomodados há vários anos nessa situação. Se há aquele profissional que não cumpre a sua jornada, isso se torna questão administrativa de governo e é necessário convocar esse servidor e adequá-lo à carga horária proposta pela secretaria. Mas não é por causa do erro de um ou outro servidor que toda uma categoria deve ser penalizada”, salientou Bezerra.

Para o diretor-geral do Sinter, ter o professor cumprindo os dois contratos na mesma escola é benéfico para a escola e para esse profissional, já que o deslocamento entre um local e outro pode gerar possíveis atrasos e maiores cansaços para ele.

“Quando esses professores ficam na mesma escola, muita das vezes eles almoçam em seu local de trabalho e garantem que estarão no início do segundo turno, no mesmo local. Isso garante a qualidade da educação, pois ele se envolve mais com o local de trabalho e não tem que se preocupar com outras aulas”, considerou.

OUTRO LADO – A reportagem tentou entrar em contato com a Seed para buscar esclarecimentos em relação a essa portaria, tanto em pedido de entrevista com a titular da pasta, quanto por meio de nota. Porém, foi informada pela assessoria de comunicação que somente na próxima semana a secretaria se pronunciaria sobre a questão, se fosse conveniente.

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