Cotidiano

RR registra quase 2 mil casos de AIDS e HIV e maioria são homens

No total, 1408 homens e 543 mulheres vivem com AIDS ou são portadoras do HIV em Roraima 

O número de pessoas vivendo com HIV (vírus da imunodeficiência humana) e Aids (síndrome da imunodeficiência adquirida) continua elevado em Roraima. Apesar de ser o estado com a menor população do país, o quantitativo é bastante significativo. Segundo a gerente do Núcleo de Controle das DST/HIV e Hepatites Virais, da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), Sumaia Dias, esse aumento é resultado da ampliação das ações disponibilizadas à população. No total, já existem 1951 pessoas vivendo com AIDS ou são portadoras do HIV em Roraima, dos quais 1408 são homens e 543 mulheres.

A Folha selecionou o número dos três últimos anos a partir dos dados colhidos e descobriu que 2017 fechou com 243 casos confirmados de HIV e o ano seguinte com 421, um aumento de 178 casos. Nos primeiros seis meses deste ano, já tem a confirmação de 148 pessoas vivendo com o vírus da imunodeficiência humana. O número de indivíduos com Aids (que já manifestaram os sintomas da doença) também é significativo: em 2017 eram 152 pessoas e em 2018 subiu para 186. Agora em 2019, exames já confirmaram 70 casos.

O maior número de casos de HIV/Aids é constatado entre o público masculino. Em 2017 eram 297, em 2018 saltou para 426 e agora nesses seis meses do ano já são 159 homens, totalizando 882 homens com HIV/Aids. Nesse mesmo período, o número de casos de mulheres convivendo com o vírus e que já apresentam os sintomas da doença é de 352.

Entre homens e mulheres, a faixa etária mais acometida pelo HIV/Aids é de pessoas dos 20 aos 29 anos, quando em 2017 havia 148 casos, em 2018 saltou para 231 e em 2019 já foram confirmados 88; Cidadãos com idade entre 30 e 39 anos também estão entre os casos com números considerados representativos: em 2017 eram 108, 2018 tinham 184 e em 2019 são 67 pessoas.

Sumaia Dias, gerente do Núcleo de Controle das DST/HIV e Hepatites Virais, da Coordenadoria Estadual de Vigilância em Saúde/Sesau, esclareceu que os números não baixam porque as ações realizadas sempre apontam para um aumento de casos, em razão da ampliação do diagnóstico, pois em todas as unidades básicas de saúde do estado está disponível o teste rápido para o HIV, sífilis e hepatites virais. “A população pode se dirigir e fazer esse teste, pois o quanto antes descoberto melhor será para o tratamento e uma melhoria significativa na qualidade de vida”, garante.

Quanto a faixa etária mais suscetível ao HIV/Aids ser mulheres e homens de 20 a 39 anos, Sumaia explicou que, antigamente se dizia que quem tinha HIV pertencia a determinado grupo de risco. “Hoje não mais, porque as pessoas estão em situação de risco, que é aquele momento em que se expõem em relações sexuais sem uso do preservativo em algum momento da vida, quando existe o risco de contrair tanto o HIV quanto outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), como sífilis e hepatites virais”, comentou. (E.R.)

Estado dispõe de métodos para prevenção à infecção pelo vírus HIV

Sumaia Dias: “Números não baixam porque as ações realizadas sempre apontam para um aumento de casos” (Foto: Nilzete Franco / Folha BV)


As ações de prevenção para o HIV (vírus da imunodeficiência humana) têm várias linhas de frente. Além de inúmeras campanhas, a novidade agora é a prevenção combinada, com o uso de tecnologias diferentes e adequada para cada indivíduo. Uma delas é a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) e a Profilaxia Pós-Exposição Sexual ao HIV (PEP), que são medidas de precaução disponíveis em Roraima, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), desde o ano passado.

A PrEP consiste na tomada diária de um comprimido que impede que o vírus causador da Aids infecte o organismo, antes de a pessoa ter contato com o vírus. A gerente do Núcleo de Controle das DST/HIV e Hepatites Virais, da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), Sumaia Dias, informou que essa medicação bloqueia alguns caminhos que o HIV utiliza para infectar o organismo. “Se a pessoa tomar o remédio diariamente, a medicação pode impedir que o HIV se estabeleça e se espalhe no corpo. Mas não previne das ISTs [sífilis e hepatites virais]”, alertou.

Sumaia esclareceu que a medicação PrEP não é para todas as pessoas, pois é indicada para aquelas que tenham maior chance de entrar em contato com o vírus HIV, como gays e outros homens que fazem sexo com homens, transexuais, travestis e profissionais do sexo, ou por quem deixa de, frequentemente, usar camisinha nas relações sexuais e também por quem tem relações sexuais sem preservativo, com alguém que seja HIV positivo e que não esteja em tratamento. 

“Para ter acesso a essa medicação basta se dirigir ao Serviço de Assistência Especializada (SAE), no Hospital Coronel Mota, onde o usuário receberá todas as informações, bem como passará por uma triagem. Essa tecnologia veio para somar, mas isso não significa que a pessoa vai deixar de se prevenir e vai ficar dependente só do PrEP”, comentou a gerente do Núcleo de Controle das DST/HIV e Hepatites Virais. 

Também tem a Profilaxia Pós-Exposição Sexual ao HIV (PEP), uma medida de prevenção de urgência à infecção pelo HIV, hepatites viriais e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), que reduz o risco de adquirir essas infecções. “É um medicamento antirretroviral que deve ser utilizado após qualquer situação em que exista o risco de contágio. A forma mais eficaz de se prevenir é o uso do preservativo, mas se a pessoa teve uma relação sem o uso da camisinha, ou que essa venha a estourar, pode se dirigir a uma unidade de saúde que disponibiliza esse medicamento, que pode ser tomado até 72 horas após o ato sexual e tomar por 28 dias, e será acompanhada por uma equipe médica”, ressaltou Sumaia. 

A gerente do Núcleo de Controle das DST/HIV e Hepatites Virais informou que o Serviço de Assistência Especializada continua sendo referência para encaminhamento de pacientes ambulatoriais com infeções oportunistas como tuberculose e outras. Em Boa Vista existem nove unidades básicas de saúde habilitadas para fazer o atendimento e acompanhamento de pessoas vivendo com HIV, onde recebem medicação. “Chamamos esse processo de cuidado compartilhado, e esse paciente é de responsabilidade do estado e municípios”, afirmou Sumaia.

As unidades básicas de saúde estão localizadas nos bairros Caranã, Mecejana, 13 de Setembro, São Vicente, Nova Cidade, Raiar do Sol, Silvio Botelho, Pricumã e Buritis, onde são disponibilizadas a medicação PEP, além dos municípios de Rorainópolis, Bonfim, Pacaraima que já dispõem desse serviço. “Estamos trabalhando para que futuramente todos os municípios possam disponibilizar esse serviço à população”, comentou a gerente. 

TESTE RÁPIDO – Também é disponível o teste rápido de HIV, sífilis e hepatites virais, em que o diagnóstico sai em 30 minutos, sendo o resultado entregue ao usuário que acessa a unidade de saúde. “É um encaminhamento médico para cada caso. Mas se for positivo para o HIV é agendado dentro da unidade uma consulta com o médico e depois passa a fazer parte da rede com multiprofissionais, para ter acompanhamento para a vida inteira”, frisou Sumaia.