Cotidiano

Agricultura poderá impulsionar crescimento do PIB em RR

A expectativa, segundo levantou a pasta, é de que o crescimento econômico do Estado possa ser de até 4%, segundo a Seplan

De acordo com uma pesquisa divulgada no início da semana pela Tendências Consultoria Integrada, somente seis estados do país conseguiram obter um Produto Interno Bruto (PIB) suficiente para superar o de 2014, ano marcado pela recessão econômica sofrida no país. Roraima está entre eles, e seu crescimento poderá vir por dois motivos: o fluxo migratório de refugiados venezuelanos, que buscam emprego e geram investimentos do Governo Federal no Estado, e o agronegócio, que, na safra de soja de 2018, aumentou sua produção em 40 mil hectares.

Os outros estados na pesquisa, Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rondônia, apresentam potencial econômico por motivo semelhante ao agronegócio. No Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, por exemplo, a expectativa é que as safras 2019 de soja sejam recordes. Em Santa Catarina, o dólar, no momento favorável, ajuda as indústrias de carne e metalúrgica no estado.

De acordo com o economista da Secretaria Estadual de Planejamento (Seplan), Milton Nascimento, a expectativa, segundo levantou a pasta, é de que o crescimento econômico do Estado possa ser em até 4%, levando em conta o desempenho do Estado em comparação com o resto do país.

“Em 2016, o PIB roraimense foi de 0,2%. Foi um crescimento tímido, mas obteve o melhor desempenho do país, sendo o único a não retrair, ou seja, apresentar um saldo negativo. A média nacional foi de -3,3%. Convertendo essa participação do estado no PIB nacional para a inflação atual, de acordo com o Banco Central, é possível que esse crescimento ocorra”, explicou.

Apesar da boa expectativa, Milton ressaltou que ainda é preciso que haja atenção quanto a fatores externos, imprevisíveis no ponto de vista econômico, que podem interferir no cálculo final.

“Nunca se é possível saber o que pode acontecer ou o que pode contribuir e atrapalhar o crescimento da economia. Por exemplo, já houve caso em que havia expectativa de bom crescimento para um determinado ano em Roraima que acabou falhando por causa de condições climáticas, muito secas, que impediram um melhor desempenho do setor agropecuário”, reforçou.

Empresário da Soja diz que cenário é imprevisível

Ermilo Paludo destacou que 2019 poderá ser de bastante potencial para o milho (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)

Para o empresário no ramo da soja, Ermilo Paludo, a projeção apontada pelo Tendências poderá ocorrer, mas não em seu total potencial, devido ao aumento de preço de alguns dos subsídios necessários para a produção da soja em todo o mundo, que tornaram a produção a soja em até 40% mais cara que em 2018.

“Apesar de contarmos com maior segurança jurídica para produção com os novos governos, enfrentamos variáveis internacionais com o adubo e o nitrogênio, cujos preços cresceram muito. Isso ocorreu, pois a China passou a consumir mais adubo, e era um dos países que mais exportava o produto. No caso do nitrogênio, há essa diminuição de oferta por toda a questão internacional envolvendo petróleo na Venezuela e nos países do Oriente Médio. O cenário é imprevisível”, comentou.

Mas nem tudo é má notícia para o ramo da agropecuária. Ermilo destacou que 2019 poderá ser de bastante potencial para o milho, produto antes importado em grande quantidade, e que agora está com uma produção quase autossuficiente.

“Isso é ótimo, levando em conta que o Estado já chegou a importar 1 milhão de sacas de milho por ano. E é um produto bastante útil tanto para alimentação humana quanto de animais como bois e galinha. O crescimento poderá chegar a 40%, e a maior parte dos empresários do ramo estão muito positivos quanto a isso”, afirmou. (P.B)