Polícia

Venezuelano é morto a facada depois de discussão com brasileiro

Mãe da vítima ouviu os gritos e correu para perto do filho; “Me ajoelhei ao lado dele. Estava sangrando muito. Eu o vi morrer, foi horrível”, disse.

Uma caixa de som portátil foi o motivo da morte do autônomo venezuelano Raimundo Josué Saldivia Campos, de 22 anos, por volta das 4horas da manhã de ontem, dia 13. O fato ocorreu na rua Uraricoera, bairro São Vicente, zona Oeste da Capital. O suspeito do crime é um brasileiro que mora na casa ao lado do apartamento onde a vítima vivia com a mãe e os irmãos. Na área em que aconteceu o homicídio, há uma aglomeração de refugiados.

A reportagem da Folha conseguiu conversar com a mãe da vítima, que relatou que o filho estava na companhia de quatro venezuelanos quando o brasileiro chegou e, depois de um tempo, quis tomar a caixa de som que Raimundo tinha comprado há alguns dias, mas o venezuelano conseguiu impedir a ação do indivíduo que desferiu um golpe de faca na região da costela do rapaz e fugiu.

“Quando gritaram dizendo que tinham golpeado meu filho, eu corri e me ajoelhei ao lado dele. Estava sangrando muito. Era um corte muito feio. Eu o vi morrer, foi horrível. Meu filho era trabalhador, não era venezuelano bandido. Nós pagávamos um aluguel com muito esforço para não morar na rua. Nesses últimos dias, ele estava indo trabalhar com minha sandália porque a dele tinha quebrado e ainda não tínhamos dinheiro para comprar uma sandália nova para ele”, contou a mãe da vítima.

A mãe também acrescentou que a família inteira estava mobilizada na produção e venda dos doces que faziam. Os produtos eram vendidos nas ruas e semáforos da Capital.

Quem presenciou a cena, acionou a Polícia Militar e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para atenderem a ocorrência, no entanto, antes da chegada da ambulância, Raimundo morreu em decorrência da hemorragia. Os policiais cercaram a área para impedir que populares violassem a cena do crime.

A Perícia Criminal chegou ao local e realizou os procedimentos técnicos. Ao fim dos trabalhos, a equipe do Instituto de Medicina Legal (IML) fez a remoção do corpo para ser submetido ao exame de necropsia.

A família liberou o corpo ainda na manhã de ontem. Tanto o funeral quanto o sepultamento foram feitos em Boa Vista. A mãe comentou que não tinha condições financeiras de fazer o translado do corpo até a Venezuela. A Polícia fez diligências ainda na madrugada, mas não conseguiu localizar o principal suspeito do homicídio. O caso será investigado pela Delegacia-Geral de Homicídios (DGH). (J.B)