Política

Pelo menos 16 candidatos usam identificação religiosa na campanha

A maioria destes candidatos está tentando se eleger como Deputado Estadual, mas o TRE lembra que pedir votos em igrejas e templos é crime

A identificação eleitoral de um candidato pode ser um nome, antenome, sobrenome, apelido ou uma alcunha que o identifique através de uma religião, profissão ou Estado e possuindo no máximo 30 caracteres. Porém, os nomes não podem deixar dúvidas sobre a identidade do candidato, ser ridículo, irreverente ou atentar contra o pudor.

Dezessete candidatos (ou suplente) optaram por nome eleitoral com ligação religiosa para as eleições de 2018 em Roraima. A maioria destes candidatos está tentando se eleger como deputado estadual. Todos os nomes escolhidos em Roraima ligam os candidatos ou a religião católica ou a protestante. Para o cargo de deputado federal há quatro candidatos identificados como pastores; um como padre; uma como bispa; e um como irmão.

Já na concorrência para o cargo de deputado estadual, existem cinco homens usando pastor como identificação e uma mulher usando pastora; um homem e uma mulher usando os termos irmão e irmã. Para senado, um candidato usa “Pr” para se identificar como pastor e há uma segunda,suplente que usa irmã.

Há também dois candidatos dispostos a representar as religiões de matriz africana, mas não usam a identificação religiosa em seus nomes eleitorais.

Delmiro Freitas, representante da Associação de Umbanda e Ameríndios e Afrodescendentes no Estado de Roraima (ASUAER), falou sobre a importância das candidaturas de pessoas ligadas a religiões afro. “A importância é de levar as nossas pautas para a plenária como a liberdade religiosa e ter os mesmos direitos que todas as igrejas têm”, disse.

A reportagem da Folha tentou contato com o representante da Diocese de Roraima, mas foi informada que ele estava viajando e só retornaria no dia 27. Também tentou contato com um representante da comunidade evangélica, mas não obteve resposta.

Cientista político diz que candidatos querem maximizar campanha


Foto: Arquivo/FolhaBv

Professor Roberto Ramos: “O importante é que quem for eleito, precisa representar o todo”

O cientista político Roberto Ramos esclareceu que há pelo menos duas possibilidades para que os candidatos usem um termo religioso na identificação eleitoral. A primeira possibilidade é a maximização de votos: o emprego religioso pode gerar uma confiança em pessoas que partilhem da mesma religião. O segundo está ligado ao costume e ao cotidiano dos candidatos enquanto pessoas comuns.

“Por exemplo, um pastor que costuma o tempo todo ouvir essa palavra, mais que o seu próprio nome, ele tem uma tendência a se candidatar com a expressão, mas pode ser que haja um ou outro tentando a estratégia política de maximizar a sua condição, seja pastor, padre ou o que quer que seja”, analisou o cientista político.

Independente de ser usado como estratégia ou não, o uso de um nome que ligue a uma religião pode fazer o candidato perder votos. A expectativa costuma ser de adesão, mas, segundo Roberto Ramos, “também pode excluir, fatalmente ele exclui pessoas que não compartilham da mesma religião”.

Ainda segundo o especialista, existe estudos que tentam identificar o que faz um eleitor escolher o seu candidato e pode ser através da religião, de associações de bairro, por gênero ou sexualidade, ou qualquer outro fator, mas o primordial é a concessão de políticas ideológicas.

“O importante é que quem for eleito, para ser um autêntico representante da sociedade, precisa representar o todo, ele pode até ser eleito por uma bandeira, um segmento do eleitorado, mas a sua representação política é para toda a sociedade”, finalizou.

Líderes religiosos são vetados de pedir voto em igrejas e templos

Há menos de dois meses para as Eleições 2018, o Tribunal Superior Eleitoral confirmou que religiosos estão vetados de pedir voto dentro de igrejas e templos. Dentre os pontos centrais dirigidos aos líderes religiosos, estão: esclarecer ao eleitor sobre a segurança da urna; não fomentar, criar ou divulgar notícias falsas ou de fonte incerta; não utilizar panfletos e material de campanha para sujar a cidade e não pedir votos em igrejas e templos religiosos. A multa para os religiosos que infringem a lei, pode chegar até R$ 8 mil