Cotidiano

Empresa que fazia voo internacional saindo de Boa Vista fecha as portas

Insel Air começou a atuar em julho do ano passado, em Roraima, com voos para Curaçao, com conexão em Georgetown

No início do segundo semestre do ano passado, a companhia aérea caribenha Insel Air International passou a operar voos regulares saindo de Boa Vista com destino à Ilha de Curaçao, no Caribe, fazendo conexão em Georgetown, na República Cooperativista da Guiana. Com aproximadamente seis meses de atuação, a empresa realizou o último voo saindo de Roraima e, em seguida, fechou as portas, de acordo com a sede da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) no Estado.

A Insel Air é a uma das maiores companhias aéreas de origem caribenha e atua no mercado desde 2006. No Brasil, as atividades tiveram início em 2014, quando começou a operar a partir de Manaus (AM). O segundo Estado a receber os voos da empresa foi Roraima, dois anos depois, após autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Na época, a passagem para Curaçao, saindo de Boa Vista, custava pouco mais de U$ 360, ida e volta. Para Georgetown, o valor era U$ 150, também ida e volta. De acordo com informações da Infraero em Boa Vista, a empresa realizava voos regulares, mas em meados de janeiro deste ano tirou o serviço de circulação.

A Folha foi até o aeroporto na manhã dessa sexta-feira, 03, em busca de mais informações. No escritório de vendas da companhia, não havia nenhum funcionário e todas as luzes estavam apagadas. Na porta, apenas um bilhete fixado informava que o local estava “fechado temporariamente”.

Os atendentes de outras companhias aéreas do aeroporto afirmaram à Folha que há meses não aparecia ninguém no local e que os voos estavam suspensos desde então. A equipe de reportagem obteve alguns telefones de representantes locais da Insel Air com a equipe da Infraero, mas nenhum atendeu às chamadas.

INSEL AIR – Por telefone, uma das servidoras da companhia aérea, no Rio de Janeiro, informou que os representantes legais da “General Services Administration” (Administração de Serviços Gerais), responsáveis pelas vendas de passagem, estariam resolvendo questões burocráticas na matriz, em Curaçao, e que por esse motivo fecharam todas as lojas do Brasil esta semana.

EMPRESA – O site da Insel Air informa que a empresa opera por 26 destinos dentro da região Pan-Americana e possui uma frota de 18 aeronaves, sendo 7 Mac Donnell Douglas, 3 Fokker 70, 6 Fokker 50 e duas Embraer Bandeirante.

Na América do Sul, os destinos incluem Manaus, Boa Vista, Georgetown, Paramaribo, Caracas, Barquisimeto, Las Piedras, Maracaibo, Valencia, Barranquilla, Medellín e Quito. No Caribe, os destinos incluem Aruba, Bonaire, Curaçao, Havana, Holguín, Santiago de Cuba, Santa Clara, Camaguey, Saint Maarten, San Juan, Port-of-Spain, Santo Domingo, Porto Príncipe, além de Miami nos Estados Unidos.

Anac afirma que companhia era alvo de reclamações em Manaus

Através de nota, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que os problemas não ocorrem apenas em Roraima. Em Manaus (AM), devido aos constantes cancelamentos de voos desde o dia 28 de fevereiro, a Anac oficiou a companhia Insel Air para que preste esclarecimento.

“Em território brasileiro, a empresa é obrigada a prestar assistência aos passageiros impactados por atrasos e cancelamentos, tais como direito à comunicação, alimentação e acomodação adequada, bem como reacomodação em outro voo próprio ou de outra companhia”, explicou a nota.

Afirmou ainda que a falta de assistência é passível de autuação pela Anac, com aplicação de multa por infração cometida contra cada passageiro, além de outras sanções, de acordo com as irregularidades apontadas. Outras medidas poderão ser aplicadas pela Anac contra a Insel Air, a partir da análise das informações obtidas durante apuração do caso.

“Passageiros brasileiros em Curaçao impactados pelo cancelamento de voos devem procurar assistência e informações por meio da Representação do Brasil na República de Trinidad e Tobago. As regras de assistência da Anac não são aplicáveis fora do Brasil, pelo princípio da extraterritorialidade”, frisou a nota.