Saúde e Bem-estar

‘A maioria das crianças de estatura baixa é saudável’, diz médico

Médico diz que pais não devem se preocupar com a baixa estatura de crianças

O crescimento lento ocorre quando a criança cresce menos do que o esperado. A velocidade de crescimento é definida por diferentes fatores e muitas das vezes, os pais não devem ficar alarmados.

Embora a avaliação clínica de crianças tenha por objetivo afastar alguma condição associada à deficiência de hormônio do crescimento, hipotireoidismo, síndromes genéticas ou doenças crônicas, após os exames, a maioria das crianças recebe, o diagnóstico de baixa estatura idiopática.

De acordo com o médico endocrinologista, César Penna, os pais que apresentaram atraso na instalação da puberdade e na idade para atingir o tamanho adulto, podem ter filhos com padrão semelhante de crescimento. “Cerca de 15% das crianças com histórico de restrição do crescimento na fase intrauterina continuam a apresentar baixa estatura na vida adulta”, explica o médico.

Segundo ele, a dosagem sanguínea da produção de hormônio do crescimento não permite distinguir com clareza os casos idiopáticos, daqueles com deficiência hormonal. Níveis relativamente baixos desse hormônio durante a infância podem atingir valores normais na chegada da puberdade.

Quando a estatura cai na faixa inferior a 1% das tabelas de altura para a idade, a velocidade de crescimento está abaixo de 10% da idade óssea, a altura prevista difere de forma significante daquelas dos pais ou existe desproporção entre o tronco e os membros, há necessidade de avaliação laboratorial e exames de imagem.

“A simples observação pode ser uma estratégia razoável para a maioria das crianças baixas. Muitas delas adquirirão estaturas próximas à da maioria, na vida adulta”, ressalta.

Tratamento

A indicação de hormônio do crescimento não obedece a regras rígidas. Estudos clínicos mostram que, nos casos idiopáticos, a administração costuma aumentar a estatura em cerca de um centímetro por ano de tratamento.

“A administração tem o inconveniente da via subcutânea. Aplicações diárias são mais eficazes do que injeções menos frequentes. Duplicar as doses durante a puberdade, até o fechamento completo das cartilagens de crescimento, melhora os resultados”, explica o médico.

Durante o tratamento, a incidência de efeitos indesejáveis (hipertensão intracraniana, intolerância à glicose, deslocamento da cabeça do fêmur) é baixa.

A principal restrição ao uso do hormônio é financeira. De acordo com os preços internacionais, o custo anual do tratamento varia de U$10.000 a U$60.000.

“Meninos que chegam à puberdade com baixa estatura, podem receber testosterona injetável ou doses baixas de andrógenos por via oral, para acelerar a velocidade de crescimento. Os estudos mostram que essa estratégia é capaz de aumentar a velocidade de crescimento em 3,0 cm a 5,1 cm por ano, durante um a três anos”, diz.

No entanto, a estatura final do adulto fica igual ou ligeiramente superior à prevista antes do tratamento. Os riscos são baixos e o custo bem menor.

“Embora o aumento da estatura seja importante em casos idiopáticos mais extremos, os benefícios do tratamento são pequenos e questionáveis para a maioria das crianças baixas. Os custos, a duração ideal e o objetivo final do tratamento são áreas bastante controversas”, diz.