Jessé Souza

Raiz dos males e duas consideracoes 6167

Raiz dos males e duas consideraçõesAs investigações sobre a execução da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista Anderson Gomes apontam que se trata de um crime arquitetado e executado por uma milícia do Rio de Janeiro, que teve seus interesses contrariados pela atuação da parlamentar. Então, os fatos levam a duas importantes considerações.

A primeira delas remete ao que foi escrito aqui, no artigo de segunda-feira, quando foi comentado sobre o grande risco que a sociedade roraimense enfrenta quando um poder paralelo é implantado por milícias, que passam a agir no vácuo deixado pela ausência do poder público, principalmente no setor de segurança pública.

É a partir desse momento que a banda podre das polícias passa a integrar ou mesmo a criar grupos milicianos, que por sua vez se tornam o poder policial e a adotarem suas próprias leis na sua área de atuação, submetendo todos os cidadãos aos interesses criminosos das milícias e de seus aliados, a exemplo dos traficantes de droga.

Em Roraima, há um temor justificável de que isso possa ocorrer, diante da insegurança e da crescente violência no Estado, o que abriu espaço para o surgimento de empresas que assumiram a segurança privada em quase – senão todos – os bairros da Capital. Quem não paga ou não tem condições de arcar com esse custo teme que passe a ser alvo de violência para que se sinta forçado a contratar os serviços privados.

Outro ponto que chama a atenção nas investigações da morte da vereadora carioca e de seu motorista foi a ostensiva campanha mentirosa e caluniosa sofrida pela vereadora, que imediatamente após a sua morte passou de vítima de um terrível crime para culpada pela sua própria morte, quando notícias falsas (“fake news”) foram disparadas para acusá-la de fazer parte do tráfico de drogas e de defender bandidos.

Agora as investigações apontam justamente o contrário, ou seja, que ela pode ter sido executada por ter contrariado os interesses de milicianos, inclusive em conluio com um vereador do Rio de Janeiro, revelando a faceta da política partidária enredada com o crime organizado, o que há de mais odioso nos meandros do poder.

Esse bárbaro crime serviu para que fascistas e pervertidos da ultradireita criminalizassem as pessoas que defendem o direito das minorias, como se lutar pelos mais fracos passasse a ser um crime, “coisa de comunista”. Com a verdade vindo à tona, é preciso mais que nunca que os cidadãos repudiem os extremistas de direta da mesma forma que abominam os extremistas de esquerda, passando a enxergar que a corrupção endêmica é a raiz de todos os males no país.

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