Parabólica

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Bom dia,

É possível medir o caráter predominante de um povo a partir da métrica que se usa para avaliar suas lideranças políticas? Esta é uma pergunta que não se pode calar nesta véspera de eleições gerais. Vamos começar pelo povo mineiro, conhecido por suas tradições históricas e de costumes que desperta a admiração de tantos brasileiros. Os mineiros têm sua própria música, sua arquitetura, suas obras plásticas, sua culinária, sua história e seus heróis, muitos dos quais também são vultos respeitados pelos demais brasileiros. Minas também é conhecido por apresentar ao Brasil políticos de grande estirpe como Juscelino Kubitschek, Tancredo Neves e Gustavo Capanema, entre tantos outros. E os mineiros sabem como ninguém respeitar sua gente.

Pois bem, Aécio Neves (PSDB) é filho de uma tradicional família de políticos mineiros, cuja figura principal é Tancredo Neves, que foi vereador, deputado estadual, deputado federal (várias vezes), senador, governador do estado, primeiro ministro sob o curto período parlamentarista brasileiro e, finalmente, presidente eleito do Brasil, cuja posse não ocorreu por causa de seu falecimento. Aécio, seu herdeiro político direto, foi também deputado federal (presidiu a Câmara dos Deputados), governador do estado e atualmente senador. Foi quase presidente da República, como seu avô, perdendo por uma pequena margem de votos para Dilma Rousseff (PT).

Grampeado com autorização da justiça, Aécio Neves foi flagrado pedindo dois milhões de reais para o empresário Joesley Batista, sob a justificativa de que precisava daquela grana para pagar advogados que o defenderiam de acusações de corrupção em algumas denúncias trazidas a lume pela operação Lava Jato. Aécio teve a prisão decretada e o mandato suspenso, mas recuperou a liberdade, e o exercício do mandato, por força de decisão tomada por votação de seus companheiros de Senado Federal. Como senador, ele tem privilégio de foro e está respondendo a inquéritos em liberdade até o final de seu mandato, que ocorrerá em 31 de dezembro deste ano.

Para continuar a responder aos inquéritos onde é acusado de corrupção, Aécio tem de continuar como parlamentar federal. Para tanto, o senador tucano ensaiou uma disputa para reeleger-se ao Senado Federal, e foi de pronto barrado pelo próprio partido que não cogita tê-lo no palanque disputando uma eleição majoritária, com indicações muito fortes de que seria fragorosamente derrotado. Ele não pode aparecer publicamente, sequer em voos comerciais, e muito menos em reuniões públicas sob o risco de ser vaiado por seus conterrâneos mineiros. Para continuar com mandato de parlamentar federal, Aécio tentará se eleger deputado federal, contando com a possibilidade de ser votado por eleitores sem muito apego às questões éticas e morais.

Em Roraima, a coisa parece bem diferente. Um senador, sem muita tradição e ligação com a história do estado, considerado personagem central de imenso esquema de corrupção que se montou no passado recente do país, com mais de uma dezena de processos que apuram denúncias de recebimento de propinas de toda ordem, que vai de favorecimento a grupos privados em Medidas Provisórias e até em função de obras com evidentes sinais de superfaturamento, continua sendo personagem central no processo eleitoral roraimense. Em vez de vaias, chega a receber aplausos de uma plateia que absolutamente não tem qualquer pudor de se mostrar a nação brasileira como um ajuntamento de gente sem compromisso com futuro de mais ética e seriedade em fazer política.

Aqui, empresários que se dizem dispostos a participar da vida política local por estarem indignados com a roubalheira e a incompetência institucionalizadas pelos políticos profissionais bajulam em público esses mesmos políticos, que eles dizem sentir asco e vergonha quando conversam em ambiente privado. Parecem convictos de que o eleitorado roraimense vai acreditar que eles representam a novidade e a renovação. Como acreditar neles, se começam a fazer política com o mesmo cinismo daqueles que são objeto de sua bajulação?

Pobre Roraima, um estado com enorme concentração de renda, onde uma minoria tomou de assalto os melhores, e mais bem remunerados cargos públicos; onde os políticos viram milionários da noite para o dia, ao lado de uma população onde 40% vive em estado de pobreza absoluta, mas que ainda aplaude os mesmos canalhas que ajudam a afundar na miséria milhares de pais e mães de famílias, e cujos jovens e crianças não têm presente e muito menos futuro prósperos.

FIGURA CENTRAL Um livro recentemente lançado pela Companhia das Letras, uma respeitada editora brasileira, com o título de Dinheiro, Eleições e Poder, escrito pelo advogado e economista Bruno Carazza, que é também funcionário concursado do Ministério da Fazenda, deveria ser lido por todos os roraimenses. Depois de aprofundada pesquisa, o autor diz com todas as letras que o notório senador Romero Jucá (MDB) é figura central no esquema de corrupção que se apoderou do país nas últimas décadas.

FECHAMENTO Fontes da Parabólica garantem que ontem, segunda-feira (30.07), os correligionários da governadora Suely Campos estiveram reunidos durante o dia inteiro para fechar a coligação majoritária e as proporcionais (deputado federal e estadual) e, enfim, fechar o grupo de partidos que apoiam sua reeleição. Até o fechamento da Parabólica, estariam confirmados na coligação para governador e senadores, os seguintes partidos: Progressistas, PR, PCdoB, PT, PRTB, PDT, Podemos e PMB.