Parabólica

Parabolica 15 02 2018 5653

Bom dia,

Não faltam intelectuais, políticos e gente de boa-fé que vê na internet uma imensa possibilidade de democratizar a informação e, inclusive, de permitir uma gigantesca forma de ampliar a possibilidade do exercício da democracia direta, em vez da representativa, que aliás, anda fortemente questionada nesses tempos de tantos canalhas ocupando cargos nos poderes Executivo e Legislativo. E de certo, não se pode negar à internet esse papel de propiciar um canal através do qual todos podem expressar o que pensam, muito embora nunca se deva esquecer que o italiano Umberto Eco, um dos maiores intelectuais do Século XX, tenha dito que ela permitiu revelar que o percentual de imbecis existentes no mundo é assombrosamente grande.

O perigo da internet é a capacidade de distorção que ela também pode propiciar, especialmente porque políticos inescrupulosos, muitos com dinheiro público, financiam desocupados, e gente sem qualquer escrúpulo, para espalhar versões que interessam aos seus financiadores. Eles existem aos milhares, podem assumir a forma de funcionários públicos – a maioria ocupante de cargos comissionados que não aparecem para trabalhar –, outros são jornalistas sem talento e desempregados, ou mesmo gente absolutamente despreparada que posta e multiplica versões a favor dos financiadores e contra os que lhes fazem contraposição. Essa gente abominável posta mensagem nas redes sociais, forma grupos de Whats e os multiplicam para dar a falsa impressão de que ganham a status de formadores de opinião.

O caso mais recente é ilustrativo, e envolve a intervenção do deputado estadual Jalser Renier (SD), presidente da Assembleia Legislativa do Estado (ALE), nos momentos que antecederam a chegada do presidente da República, Michel Temer (PMDB), para a reunião com autoridades do estado, no Palácio Senador Hélio Campos. Ao chegar ao recinto, e verificar a formação da mesa de autoridades, feita pelo cerimonial do Palácio do Planalto, que colocava na mesa principal Michel Temer, ladeado pela prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (PMDB), e pelo notório senador Romero Jucá (PMDB), com a governadora Suely Campos (PP) em lugar secundário; e com destinação de lugares para a presidente do Tribunal de Justiça, desembargadora Elaine Bianchi; e para ele presidente da ALE, na mesa secundária de autoridades, Jalser Renier reagiu.

Em voz alta, o presidente da Assembleia Legislativa pediu que o funcionário do cerimonial retirasse os nomes da prefeita Teresa Surita e do senador Romero Jucá da mesa principal, levando-os aos seus lugares junto à bancada de senadores – Ângela Portela (PDT) e Telmário Mota (PTB) estavam presentes –, e o da prefeita para ficar ao lado do prefeito de Pacaraima, Juliano Torquato. O funcionário ainda resistiu ao pedido, o que levou o deputado a fazer ele mesmo as trocas. Pode alguém gostar ou não gostar do presidente da Assembleia Legislativa, mas ele fez o que devia ser feito, para não deixar que, mais uma vez, um ato republicano fosse transformado numa prática de politicagem partidária do mais baixo nível.

Na verdade, os assessores políticos de Temer deveriam agradecer o presidente da ALE pelo seu gesto de impedir que uma viagem caríssima aos cofres públicos viesse a ser utilizada como palanque eleitoral para uma eleição que sequer começou. O deslocamento de uma comitiva presidencial, que inclui a utilização de dois aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), e toda uma estrutura de logística e segurança envolve milhares e milhares de reais. Temer veio a Boa Vista por conta da lambança feita por seus ministros que permitiram que a politicagem tomasse conta de uma visita para resolver problemas trazidos pela migração dos venezuelanos. E quase o presidente cai na mesma armadilha.

E por que relacionar a atitude elogiável do presidente da Assembleia Legislativa com a manipulação que os políticos fazem da internet? A resposta está nas centenas de postagem de internautas, evidentemente pagos quase sempre com dinheiro público, tentando agredir e ofendê-lo após sua intervenção para evitar a politicagem na reunião entre o presidente da República e as autoridades locais. Eles postam, replicam e multiplicam essas ofensas. Mas, não são capazes de dizer onde ele errou. Afinal, quem discute que a mesa principal de uma reunião de um presidente da República com autoridades do estado deve ser necessariamente formada com a presença dos chefes de poderes estaduais?

Elementar, diria o imortal Sherlock Holmes, ao inseparável amigo e confidente Dr. Watson.

CUMPRINDOConforme prometera à governadora Suely Campos, ontem (quarta-feira de cinzas), o presidente Michel Temer reuniu-se no Palácio do Planalto com seus ministros para tratar de feitura da Medida Provisória (MP) para criar o gabinete federal emergencial para tratar, em conjunto com o governo do estado e dos municípios, da questão migratória dos venezuelanos. Entre outras coisas, ficou decidido que um general do Exército Brasileiro (EB) vai coordenar as equipes. Em Boa Vista, Temer prometeu que não faltará recursos para que o problema seja decididamente enfrentado.

CANDIDATACorreligionários da prefeita Teresa Surita disseram, ontem, à Parabólica, que não resta mais dúvida quanto a sua candidatura ao Governo do Estado nas próximas eleições. A única dúvida é o momento do anúncio dessa decisão. É esperar para ver!