Parabólica

Parabolica 10 09 2018 6896

Bom dia,

Faz mais de um ano, daqui deste espaço alertamos nossos leitores para a possibilidade dos migrantes venezuelanos, premidos pela fome, passassem a assaltar residências e estabelecimentos comerciais para roubar comida, caso o governo federal não adotasse uma política eficaz de acolhimento dessa gente faminta expulsa de sua pátria e de seus entes queridos pelo governo corrupto de Nicolás Maduro. E a tragédia da semana passada, quando um brasileiro e um venezuelano morreram em decorrência de um roubo praticado pelo migrante, que a população local resolveu punir é a tragédia anunciada por conta da irresponsabilidade do governo federal.

Todo mundo sabe que os abrigos criados com os R$ 190 milhões mandados para o Exército são absolutamente insuficientes para abrigar os migrantes cujo fluxo de chegada em Roraima é muito maior que a estrutura montada para acolhê-los. Mais insuficiente ainda é essa tal de interiorização deles para outros estados brasileiros num ritmo bem menor que a entrada deles. Em outras palavras, não precisa ser gênio para entender que essas duas providências – acolhida desses migrantes em abrigos e a transferência de alguns deles para outras cidades brasileiras – na velocidade com que acontecem iria resultar num acumular de pessoas morando nas ruas de Boa Vista, como de fato está acontecendo.

Essa história também de encher um ônibus com uma centena de migrantes amedrontados para devolvê-los à Venezuela é outra medida que não vai resolver o problema de tanta gente vivendo nas ruas e logradouros. Ontem, domingo, durante a manhã chuvosa de Boa Vista, equipes de policiais abordavam famílias inteiras que estão acampadas nos derredores da rodoviária internacional. São centenas de pessoas, inclusive, muitas crianças que sentem frio e fome. Será que essas abordagens são feitas para amedrontá-las? Não vai ser eficaz, a situação na Venezuela é de medo e miséria.

Por que outras políticas e práticas não são tentadas? É claro, a questão de migração no mundo inteiro deve ser tratada pelos organismos da Organização das Nações Unidas (ONU), que tem a clara intenção de ser o governo Global, especialmente que trata com países de fraca soberania como é o Brasil. Por que essa organização, que se apresenta como multilateral, a ponto de impor ao Estado brasileiro que aceite Lula da Silva (PT), que está numa prisão, como candidato à presidência da República, não tenta criar uma força humanitária para atuar na Venezuela?

Se essa força fosse criada, o próprio Brasil e outros países da América Latina poderiam enviar cestas básicas para atender os que passam fome na própria Venezuela. Com certeza, para o Brasil, Peru e Colômbia sairia muito mais barato do que a tentativa até agora frustrante de acolher esses milhares de migrantes. É dever da ONU buscar esse tipo de solução, é muito pouco para uma organização do tamanho dela mandar alguns representantes para Roraima e daqui espalhar para o mundo inteiro que está abrigando alguns pouco migrantes, e também ajudando no tal do processo de interiorização de pouco mais de 1.000 deles.

E esse imbróglio está longe de diminuir. Preocupantes notícias vindas da Venezuela dão conta de que o governo de Nicolás Maduro, alegando a crise financeira que se abate também sobre as finanças públicas estatais, a ponto de tornar inviável manter a população carcerária naquele país decidiu, pura e simplesmente mandar soltar milhares de bandidos da pior espécie. Ora, essa gente sabe que não terá vida fácil com as estruturas de segurança venezuelanas, e deve preferir migrar para outros países onde ainda são desconhecidos, pois afinal, o governo Maduro jamais vai trocar informações de inteligência com as forças de segurança dos países vizinhos. Sem tais informações fica difícil separar o joio do trigo, isto é, quem é migrante de bem e os marginais que vêm para cá para alimentar o crime organizado daqui que já demonstra resistir ao aparelho de segurança do Brasil. E o que o governo federal está fazendo para enfrentar esses migrantes do mal? É claro, não adianta mandar para cá uma centena de agentes da Força Nacional. Será preciso fazer muito mais, e com toda urgência possível.

CONFUSO É público e notório que o deputado estadual Jalser Renier (SD), presidente da Assembleia Legislativa do Estado (ALE), é o principal fiador da candidatura ao governo estadual do ex-governador Anchieta Júnior (PSDB) e da coligação que parecia politicamente difícil entre o tucano e o notório senador Romero Jucá (MDB). Todos também sabem que o outro candidato ao Senado Federal, na coligação costurada por Jalser Renier é o ex-governador Chico Rodrigues (Democratas). Por isso causou surpresa no mundo político local a declaração de apoio, pelas redes sociais – com direito a foto –, do presidente da ALE à candidatura ao Senado Federal de seu colega Mecias de Jesus, candidato na coligação do empresário Antônio Denarium (PSL).

VALE? Tem de tudo nessa estranha campanha eleitoral, a de maior infidelidade da história política de Roraima. São poucos os candidatos que guardam um mínimo de coerência e respeito com as coligações que foram formadas, quase sempre na base da grana e da busca por maior tempo no horário de propaganda gratuita no rádio e na televisão. Há ainda brechas na legislação, criada pelos mesmos velhacos que dominam a política brasileira, que permite que um candidato endinheirado financie a campanha eleitoral de candidatos de outra coligação, totalmente alheia a sua. Essa compra, nestas eleições de Roraima, em alguns casos está na casa de R$ 50 mil. É uma vergonha!