Parabólica

Parabolica 04 10 2018 7021

Bom Dia,

Apesar da cautela com que tudo tem de ser levado em conta nestes tempos de reta final do processo eleitoral, as declarações da secretária estadual de Segurança Pública, Haydée Magalhães, que garante haver ligações do crime organizado com candidaturas em todos os níveis (governador, senador, deputa- do federal e deputado estadual) é assustador. E não é razoável ignorar essa denúncia, afinal, os integrantes do crime organizado estão permeando todo o tecido social do Brasil. 

O entristecedor disso tudo é que, embora tenha dito que tais informações seriam repassadas para a Polícia Federal a fim de que fossem aprofundadas, a secretária não deu qualquer indicação de quais candidaturas estariam sendo apoiadas pelo crime organizado. Como autoridade máxima do aparato de segurança do estado, Haydée Magalhães tinha obrigação institucional, moral, e até mesmo como cidadã, de citar nomes, pelo menos de quais criminosos estariam empenhados no processo eleitoral. 

O que é inaceitável imaginar que a três dias das eleições, os eleitores e eleitoras roraimenses sejam informados de que bandidos estejam trabalhando para eleger pessoas que, se aceitam ajuda de criminosos, não passam também de criminosos. Dizer que eles existem, sem citá-los só confunde mais os eleitores, que poderão muito bem estar indo às seções eleitorais no próximo domingo para eleger mais bandidos, que somarão aos atuais que tanto têm infelicitado este país tupiniquim.

JATINHO 

Segundo a revista eletrônica Crusoé, Fernando Haddad, o candidato do PT à presidência da República, já gastou mais de meio milhão de reais em jatinhos. Nesta quarta-feira, o jornal O Estado de São Paulo conta que o mesmo táxi-aéreo usado pe- lo candidato do petista para visitar Lula em Curitiba, na última segunda-feira (01.10) já serviu ao ex-presidente em outras ocasiões. Segundo investigações policiais, os deslocamentos do ex-presidente entre 2011 e 2015 foram bancados pela Odebrecht.

INACEITÁVEL 

Deu na edição de ontem (03.10) da Folha. Dulce Maria Gomes é uma senhora de 69 anos de idade. Quase metade disso (33 anos) ela passou como feirante no Mercado de São Francisco, cuja reforma foi inaugurada recentemente, com direito à campanha eleitoral pelas redes sociais. Dona Dulce foi intimada a comparecer ao ato inauguratório, mas não pode comparecer ao evento por conta de doença, fato bem comum nesta fase de sua vida. Como punição ao não atendimento à convocação, funcionários da Prefeitura de Boa Vista estão tentando despejá-la do box, que já havia lhe sido destinado.

PROTEÇÃO 

Esse episódio que violenta os direitos de uma pobre mulher, quase septuagenária, é mais um triste episódio da conduta de certos políticos e eles não são poucos, que teimam em utilizar a coisa pública como algo privado. O mercado, e muito menos qualquer de seus boxes, é propriedade do município, e não propriedade privada de qualquer eventual ocupante do poder municipal. Os critérios de seu uso e ocupação não podem estar sujeitos aos humores de quem eventualmente o administre. O mais revoltante desse episódio é que nenhum órgão de fiscalização saia em defesa dessa cidadã, e contra tal abuso de autoridade. 

UMA GRAÇA 

Tem certas decisões da justiça brasileira que pa- recem uma graça. E não é que faltando pouco menos de três meses para o final de um mandato de quatro anos, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou a cassação do deputado estadual Masamy Eda (MDB), que já havia sido feita pelo Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR). Em seu lugar de- ve assumir o suplente José Reinaldo (Progressistas). Cá entre nós, faz sentido uma decisão a esta altura do processo eleitoral, afinal, dos 48 meses de mandato, Masamy Eda, usufruiu 45 deles. Dá para acreditar?

PRESTAR ATENÇÃO 

Marco Antonio Villa é um dos mais respeitados cientistas sociais e historiadores do Brasil. Faz algum tempo, ele concedeu entrevista à TV Cultura, onde num desabafo emocionado, disse entre outras coisas, que como brasileiro jamais sentaria numa mesa com a atual elite dirigente, para discutir os problemas do país. Villa diz que lugar de bandido é na cadeia, e que tem nojo só de pensar neles. “Não deveríamos sequer dirigir uma palavra a essa corja”, diz. A TV Ativa (Canal 20) está utilizando o depoimento como colaboração e um apelo ao voto ético no próximo domingo. A Rádio Folha também.

ADESIVOS 

Em Roraima, especialmente em Boa Vista, deve haver com certeza a maior proporção de carros adesivados com propaganda eleitoral de candidatos em relação ao total de veículos do Brasil. Isso é, com certeza, reflexo de número de servidores públicos com cargos comissionados, e também de uma legião de pessoas que vivem profissionalmente de política, como cabos eleitorais. Gente absolutamente improdutiva e sanguessuga do dinheiro público. Ah! Tem também os que cobram cerca de R$ 500,00 e abastecimento semanal para sair transitando com o carro adesivado.

MALA 

E chegam à Parabólica novas informações so- bre os bastidores do abuso de poder econômico nestas eleições. A última diz respeito a um endinheirado candidato que anda oferecendo dinheiro para que empresários reúnam seus funcionários e distribuam a grana entre eles. É a famosa “boca de urna” feita em mala direta. Ontem, quarta-feira, uma dessas re- uniões foi feita à luz do dia.