Opinião

Opiniao 28 05 2018 6275

AS ARMADILHAS DA INTELIGÊNCIA – Vera Sábio*

É facilmente comprovado nos olhares atentos de um recém-nascido, que eles ultimamente nascem bem mais espertos e até mesmo inteligentes, do que antigamente.

Normalmente uma criança de 4 ou 5 anos possui uma habilidade bem maior com a tecnologia, em relação aos adultos e os idosos.

Interessante é que adquire esta habilidade naturalmente, simplesmente com olhares atentos e inteligência nata.

No entanto, o que os adolescentes pouco aceitam é que a inteligência não tem grande aplicabilidade sem conhecimento; e mais ainda, de nada ou quase nada adianta ser inteligente se não for disciplinado, persistente e procurar diversos conhecimentos, os quais estão em constantes mudanças.Pois essa confiança na inteligência nata, torna muitas vezes os adolescentes crentes que tudo alcançam sem esforços.

Não buscando os conhecimentos específicos a área que desejam se formar.

Desse modo, mesmo cheios de inteligência e capacidades; porem sem dedicação e estudos,repetem e ficam atrasados, diante de outros que talvez não sejam tão inteligentes como eles; mas são bem esforçados, entendendo que precisam suar muito…

Saber filtrar o essencial do excelente, é uma descoberta extremamente necessária para o sucesso. Visto que vários realizam coisas excelentes; todavia desnecessárias. Já as tarefas essenciais requerem dedicação muito esforço.

Não é inteligente aquele que se livra do suor sem esforços, é sim espertalhão.

Todavia, aquele que depois de ter trabalhado quase toda uma vida inteira, possivelmente se livre do suor. Visto que ao trabalhar com honestidade, ética, dignidade e justiça alcançará o sucesso. Entendendo que o sucesso só existe antes do trabalho no dicionário.

Quem começa de cima, o único caminho é descer.. Assim ao viver iludido e confiante que a inteligência lhes basta, deixará de procurar nos caminhos das pedras o essencial para o conhecimento seguro que almeja para ter sucesso.

Embutir o quanto antes, nas crianças e adolescentes, a necessidade de trabalhar e ter responsabilidade pelos seus atos; formam nelas limites e disciplinas, fazendo-as perceber que embora tenham a cabeça nas nuvens, os pés devem ficar no chão; impedindo-as de serem suas próprias vítimas, nas armadilhas da inteligência.

Afinal precisamos conhecer o que realmente é essencial para realizarmos com excelência. Pois não é uma atitude inteligente, jogar o tempo fora com aquilo que em nada nos ajuda a crescer e a sermos melhores.

*Psicóloga, palestrante, escritora, servidora pública, esposa, mãe e cega com grande visão interna.Compre meu livro “Enxergando o sucesso com as Mãos”, entrando em contato comigo pelo cel. (95) 991687731

Afinador de almas – Francisco Habermann*

As notas dó, mi, sol e outras sonoras anunciadas pelas mãos do afinador do piano lá na sala fizeram-me recordar sua história. Um belo relato que me foi contado naquele mesmo dia convenceu-me que histórias de vida se sobrepõem às experiências profissionais. Foi o que senti.

O excelente técnico afinador referiu ter passado a noite cuidando da sua mãe que fora conduzida ao pronto socorro de sua cidade e muito bem atendida e cuidada. Felizmente ela estava melhor, o que permitiu a volta dele ao trabalho profissional especialíssimo e já raro entre nós: afinador de pianos. Acompanhei-o na tarefa.

A execução dessa atividade é auxiliada atualmente por equipamento eletrônico moderno mas nunca foi assim. Afinadores sempre – até hoje – usam o ouvido treinado e sensível para a execução de suas tarefas junto ao instrumento. Trata-se de esmerada capacidade pessoal treinável e os equipamentos eletrônicos apenas certificam o tom básico (nota lá), auxiliando. A afinação de cada nota, entretanto, é do profissional. Foi o que vi naquela manhã.

Pacienciosamente, o afinador confere e ajusta o som de cada uma das cordas das oitenta e oito notas, sendo que parte delas compõe-se de três ou duas cordas para cada nota ou tecla do instrumento. Os bordões (sons graves) são de cordas especiais e únicas. É um trabalho de especialista, exige muita experiência profissional, sensibilidade auditiva e percepção na harmonia sonora. Isso me alertou para outro aspecto da sensibilidade humana.

De nada adiantaria tais habilidades profissionais se não conseguisse desempenhar a brilhante tarefa de manter seu equilíbrio emocional, atenuar a angústia alheia e ajudar a encontrar a harmonia tão necessária diante de sofrimentos humanos. Foi isso que acontecera na madrugada anterior, segundo o relato daquele afinador. Ele mantivera a calma e o bom ânimo diante das angustias de sua querida mãe, enferma, carente de cuidados hospitalares de urgência. Ele exercera sua parte mais nobre. Socorreu com o equipamento mais completo do ser humano: seu coração. Este, sim, afinado pela sua natureza superior. Fiquei admirado com esta constatação tão humana e tão rara.

Até parece que o piano lá de casa sabia que o competente profissional era, sim, um querido afinador de almas. Pronto, o instrumento respondeu imediatamente com as notas afinadas da sinfonia brilhante dos sons harmônicos e claros. Tocado, devolveu melodias inebriantes da vida. Todos nós agradecemos, especialmente na semana da Páscoa.

Em sol maior!

*Professor da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu. Contato: [email protected]

Não se aborreça – Afonso Rodrigues de Oliveira

“Nenhum governo pode ser firme por muito tempo, sem uma oposição temível”. (Benjamin Disraele)

Os inteligentes sempre tiram proveitos das críticas que recebem. Mesmo porque alguém já disse que quem se aborrece com uma critica é porque a mereceu. Na política não há como dirigir bem sem uma crítica severa. E severa não significa desmedida. São coisas distintas. Mas, como não estamos a fim de falar de política neste fim de semana cheio de atividades culturais, vamos bater um papo bem coloquial. Deixemos os políticos despreparados estrebuchando por causa dos críticos. Vamos papear. Sente-se aí. Se eu estiver falando pelos cotovelos, interrompa-me, por favor. Tranquilo.

Há uma coisa que sempre me deixa mais preocupado do que irritado. São as desculpa
s que as autoridades nos dão, justificando sua incapacidade em resolver problemas elementares. E o pior é que elas, as autoridades, estão aproveitando nossa ingenuidade quanto aos problemas sociais que vêm nos deixando atônitos. Por exemplo: você leu, ontem, aqui na Folha, uma matéria que dizia que a alta velocidade e a bebida alcoólica são responsáveis pelos acidentes de trânsito. Nada contra, claro. Mas pensa bem.Até quando vamos continuar botando a culpa pelos erros em quem, ou em que, que não tem nem mesmo condições de errar? Você já pensou nisso? Que é que diabo a coitada da cerveja tem a ver com a irresponsabilidade do cara que a bebe?

Pensa bem. A empresa fabrica a cerveja, coloca-a apertadinha dentro de uma latinha apertada e a manda para o bar. O cara sem juízo vai lá, abre a latinha e ingere a cerveja. Insatisfeito e induzido pela irresponsabilidade, bebe mais uma, duas, três. Elas não têm nada com isso. Foi ele que as pegou do balcão e as bebeu. Tolamente tonto, ele entra no carro e sai dirigindo a mil. Lá na frente ele, sem condições de agir, choca-se com outro carro. E aí todo mundo põe a culpa na cerveja. Tem cabimento? Eu acho que não, e você o que acha? Vamos, cara, me responda? Senão vão pensar que estou falando sozinho e criticando todo mundo. Mas tudo bem, se não quiser falar, me faça um favor:procure descobrir onde foi que osdetentos do presídio colocaram as toneladas de entulho que tiraram do túnel que escavaram recentemente no presídio. Não parece coisa de cinema?

Vamos parar de ficar atacando o inimigo pelo lado errado? E fazemos isso quando orientamos a senhora a caminhar pela rua segurando a bolsa com firmeza por causa dos ladrões, que não conseguimos prender. Afinal, somos ou não, responsáveis pela segurança da senhora, para que ela caminhe tranquila? Pense nisso.

*[email protected]