Opinião

Opiniao 26 09 2018 6980

Automóvel de Museu

Paulo Henrique Martinez*

O automóvel talvez seja o objeto emblemático do século XX. De Henry Ford às corridas de Formula 1, os veículos automotores encantaram seguidas gerações, com sua potência, design, acessórios, estilos e modelos. Objeto de consumo para muitos, de coleção, para poucos, de desejo, inegavelmente, para expressiva parcela da população ao redor do globo.

Saudados como novidade e ícones da modernidade urbana e industrial, símbolos de posição social e traço de personalidade individual e coletiva, os automóveis povoam a imaginação e a vida cotidiana de crianças e adultos, de homens e mulheres, de pobres e ricos, de moradores do campo e das cidades.

O automóvel organizou a vida social no século XX. O encantamento produzido por essas máquinas fabulosas decorre, em larga medida, e desde o seu surgimento, da sensação de autonomia e de superação de limites que proporciona aos condutores e passageiros. Ao êxtase, surpresa ou pânico que desperta em pedestres e outros transeuntes, motorizados ou não. Ciclistas, cavaleiros, carroças ou andarilhos, todos são excitados ou apavoram-se em encontros inusitados e involuntários com os automóveis, em ruas, estradas ou mesmo nas calçadas.

Atropelamentos e colisões eram alvos de controvérsias jurídicas. Quem deveria ser imputado, o condutor ou a vítima, o fabricante ou o poder público, o indivíduo ou a sociedade? O cuidado dos proprietários com os seus veículos tornou-se índice de responsabilidade e de confiança pública, expressas na manutenção, na limpeza e na condução de automóveis. Salões, clubes, feiras, exposições, publicidade, artes, cidades, sociabilidade, de brinquedos a competições, fervilham com a indústria automobilística.

Em debate na televisão norte-americana, John Kennedy, referindo-se ao seu oponente, indagou ao telespectador: “você compraria um carro usado deste homem?”. Ao tocar, fulminante, a vida íntima, material e espiritual, da classe média, venceu a eleição presidencial. No Brasil, Juscelino, Collor e Itamar associaram suas imagens a automóveis. Vargas, Lula e Dilma apregoaram que, sem petróleo, o país não anda. Historiador, Caio Prado Jr. dizia que a história do Brasil, no século XX, seria entendida pela jardineira e o caminhão, o transporte automotivo de passageiros e de mercadorias.

Museus de automóveis são cada vez mais numerosos. São interativos, sedutores, diversificados, artísticos e históricos, tecnológicos e de indústrias, empresariais e comunitários. O automóvel no museu propicia amplos panoramas, e dos mais completos, em distintas dimensões do patrimônio museológico no Brasil e no exterior.    *Professor no Departamento de História da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp de Assis

SETEMBRO AMARELO

Dolane Patrícia* Jeanne Sampaio**

Setembro Amarelo é uma campanha brasileira de prevenção ao suicídio que teve início no ano de 2015, através de uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida e da Associação Brasileira de Psiquiatria. 

O mês de setembro foi escolhido para a campanha porque o dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, um dia que foi criado em 2003 pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e pela Organização Mundial de Saúde. 

No mundo todo, aproximadamente uma pessoa se mata a cada 40 segundos. Só no Brasil, o suicídio é a quarta causa mais comum de morte de jovens. 90% dos suicídios poderiam ser evitados com ajuda psicológica e com realização de campanhas. 

A Fita Amarela, símbolo da campanha, foi escolhida em 1994, após o suicídio do americano Mike Emme, nos EUA. Palavras de ajuda e esperança foram colocadas em papel amarelo brilhante, e compartilhadas entre amigos e familiares de Mike, sendo posteriormente adotadas no mundo inteiro, como símbolo de vida e esperança, com o objetivo de conscientizar a comunidade como um todo do grave problema de saúde pública que é o suicídio.

Nesse contexto, é necessário ter cuidado com as pessoas que possuem doenças como depressão, pois, cada ato de gentileza pode fazer muita diferença, assim como as palavras, que não são pedras, “mas se forem jogadas com força, machucam”, uma realidade dita numa frase de um autor desconhecido que retrata de forma bem profunda a gravidade de problemas como bullying, uma forma de agressão psicológica que causa feridas muitas vezes incapazes de serem cicatrizadas.

Falar é sempre muito importante, por isso, nunca permita ser maltratado em silêncio, fale com um amigo, um parente, não permita que essa dor exploda em forma de doenças como a depressão, fale dos seus sentimentos.

Ademais, nos lugares em que existem programas de prevenção ao suicídio se conseguiu perceber a redução das estatísticas existentes. Por isso que em Roraima, várias campanhas foram realizadas, como a Campanha Quebrando o Silêncio na prevenção contra o suicídio, da Igreja Adventista do 7º Dia, com o clube de Desbravadores e Aventureiros e o Ministério da Mulher.

O Clube “Mulher Mais” também realizou vários eventos com distribuição do livro o Poder da Esperança, revistas Quebrando o Silêncio e folhetos com o tema, em vários setores da justiça estadual e federal e diversas instituições, bem como revistinha Quebrando o Silêncio infantil em várias escolas de ensino infantil nos bairros da cidade e também para todos os alunos do Kumon da unidade do Centro. 

Promoveu ainda, inúmeras palestras com renomados psicólogos e psiquiatras, tendo realizado ainda a Corrida Quebrando o Silêncio: Todos Pela Vida, no Shopping Garden, com mais de mil participantes adultos e mais de 500 crianças. 

Além disso, desde 2016, o Ministério Público Estadual, juntamente com diversas outras instituições públicas e privadas, desenvolvem a Campanha Setembro Amarelo, com o escopo de levar a informação às pessoas sobre essa questão delicada.

Este ano de 2018, o slogan escolhido pelo MP para a campanha é Setembro Amarelo 2018: O Amor é o Elo que une todos nós. Uma sugestão do psicólogo Sérvulo dos Santos Silva.

Além do MPRR, são parceiros da campanha a 1ª Brigada de Infantaria de Selva, a Base Aérea de Boa Vista-Ala 7, a Assembleia Legislativa, a UFRR, o Governo do Estado de Roraima, através de suas Secretarias de Saúde e Educação, a Prefeitura de Boa Vista, por sua Secretaria de Saúde, além dos Municípios de Iracema e Mucajaí, e o Distrito Indígena Sanitário Leste – DSEI Leste. 

Também integram a campanha o INSS, CRM, a OAB, o CRP, o COREN, a Polícia Militar, o Centro de Qualidade de Vida dos Profissionais de Segurança Pública, a Ordem dos Ministros Evangélicos do Brasil em Roraima, OMEBE, e a Ordem dos Ministros Evangélicos de Roraima, OMERR, a Nação Caimbé e a Igreja Metodista Wesleyana.

Participam ainda da Campanha as Faculdades Cathedral, Claretiano-Rede de Educação, SESC-RR, Liga Roraimense de Combate ao Câncer, Liga Roraimense de Karatê, Sindicato dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, SINTRAF-RR.

Foram inúmeras as atividades desenvolvidas em prol da vida, pelos inúmeros e dedicados voluntários que doam seu tempo e seu conhecimento para que a campanha se concretize, que receberam o apoio da equipe da Promotoria da Saúde, do MPRR.

A caminhada de encerramento da campanha acontecerá no próximo dia 30 de setembro, na Praça Velia Coutinho, com concentração a partir das 16 horas, onde acontecerão além da caminhada, exposições culturais e artísticas, oficinas de esportes, além de alguns serviços de saúde e estética disponibilizados pelos parceiros para as pessoas que comparecerem ao evento.

Haverá ainda apresentação de fanfarra e um show com a banda Back Country. O evento é gratuito e filantrópico e tem por fim exatamente le
mbrar as pessoas sobre a importância da vida e das boas e saudáveis escolhas. Como dizia Abraham Lincoln, o êxito da vida não se mede pelo caminho que você conquistou, mas pelas dificuldades que superou no caminho.

*Advogada, Juíza Arbitral, Personalidade da Amazônia e Personalidade Brasileira, Pós Graduada em Direito Processual Civil, Mestre em Desenvolvimento Regional da Amazônia. Acesse: dolanepatricia.com.br

**Promotora de Justiça da Saúde, do Ministério Público Estadual de Roraima. 

Nadando em águas turvas

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Nenhum governo consegue evitar o uso da mentira para manter o povo sob seu jugo.” (Montaigne)

Cinco séculos depois de o Montaigne falar essa preciosidade, continuamos com os mesmos costumes, só que agora mais perigosos. Aparentemente tudo mudou no mundo. Mas apenas aparentemente. O povo continua o mesmo. Continuamos à mercê de políticos que se dizem, porque se acham, preparados. Quando na verdade estão cada vez mais, menos preparados para a política num mundo moderno que não se moderniza. 

O desmando na sociedade não é mais do que o despreparo da política pública. Vimos sofrendo com o descaso do poder público há décadas e décadas. Felizmente ainda temos alguns bons políticos, mas não temos mais estadistas. Não é pouco o número de políticos que não são políticos. Eles vivem e enriquecem na política, e só isso. Depois, a justiça, também despreparada, não tem como explicar como os políticos enriqueceram na política. Quer maior desajuste político?

Nada mais enjoado do que você ficar o dia todo ouvindo autoridades reclamando porque os Bancos não mantêm portas seguras para evitar os assaltos. E os despreparados ainda vão para as ruas gritar porque os Bancos não se preparam. Ninguém se toca que a responsabilidade pelos assaltos e assassinatos causados pelos foragidos das cadeias é do poder público e não das vítimas. O “cidadão” despreparado se sente orgulhoso em cercar sua residência com fios elétricos para não serem assaltados dentro de casa. Quer coisa mais ridícula? 

Você sabe quantos foragidos da penitenciária estão caminhando livremente pelas ruas de Boa Vista? Mas vamos relaxar. Nada de neura. O Brasil todo está nesse lamaçal de incompetência. Então vamos aprender a nadar em águas turvas. Mas, isso só conseguiremos com educação. E quem vai educar seus filhos e netos? Faça isso você mesmo. Ontem, caminhando pela Rua Lobo D`Almada, segui uma criança que caminhava segurada pela mão de um cidadão que, certamente era seu pai. Mas o que me chamou a atenção foi a conversa da criança que não devia ter mais de cinco anos.

Ela explicava para o cidadão o perigo de não se pagar a conta de água. Ele explicava que se não se pagar a conta, a água vai ser cortada. Mas tive que apressar meus passos e não ouvi mais a conversa interessante da criança. Mas segui pensando em quanto devemos cuidar da Educação para que tenhamos cidadãos de fato, no futuro.

Verifique qual o candidato está falando de Educação. E educar não é só ensinar. É dar exemplo. Mas não esquecendo que: “A educação é como a plaina: aperfeiçoa a obra, mas não melhora a madeira.” Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460