Opinião

Opiniao 22 08 2018 6788

Cinco valores da metodologia XP – Débora Morales*

O mundo dos softwares é repleto de possibilidades e inovações. É comum nesse meio o uso de metodologias para estruturar o desenvolvimento de programas e garantir a gestão, qualidade e funcionalidade do sistema. Um exemplo é o Extreme Programming, ou XP, desenvolvedor ágil, econômico, indicado para empresas de pequeno e médio porte que modificam constantemente seus projetos.

O XP propõe a ideia de que os elementos de engenharia de software tradicionais sejam levados para níveis “extremos”, atingindo um grau de excelência muito maior na execução. A metodologia garante, simultaneamente, redução do risco do projeto, melhora na resposta às mudanças, melhora na produtividade durante toda a vida do sistema e acrescenta diversão à construção de software em times. Além disso, o XP propõe entregas frequentes em ciclos curtos de desenvolvimento, para melhorar a produtividade e introduzir pontos de verificação em que podem ser adotados novos requisitos dos clientes.

Atrelados ao XP estão cinco valores da metodologia (comunicação, simplicidade, feedback, coragem e respeito) que servem como critérios que norteiam as pessoas envolvidas no desenvolvimento de software. A comunicação foca em construir um entendimento pessoa a pessoa do problema, com o uso mínimo de documentação formal e com o uso máximo de interação “cara a cara” entre os envolvidos no projeto.

A simplicidade sugere que cada membro da equipe adote a solução mais fácil que possa funcionar. O objetivo é fazer aquilo que é mais simples hoje e criar um ambiente em que o custo de mudanças no futuro seja baixo, evitando a construção antecipada de funcionalidades, como é feita em muitas metodologias tradicionais. E aí a importância de se realizar, em paralelo, os feedbacks, que possibilitam que as pessoas aprendam cada vez mais sobre o sistema, corrijam erros e melhorem o sistema.

A coragem está ligada diretamente à aplicação eficaz do XP. Atitudes mais ousadas podem trazer melhorias ao projeto e não devem ser evitadas simplesmente pelo medo de tentá-las. Alterar código já escrito e que está funcionando, jogar código fora e reescrever tudo de novo, permitir código compartilhado por todos ou simplesmente dizer não, são alguns exemplos. E, por fim, respeito, valor que sustenta todas as ideias e etapas do desenvolvimento de software. Uma equipe engajada que respeita as opiniões e decisões de todos os membros consegue alcançar os melhores resultados.

*Mestra em Engenharia de Produção (UFPR) na área de Pesquisa Operacional com ênfase a métodos estatísticos aplicados à engenharia e inovação e tecnologia, especialista em Engenharia de Confiabilidade (UTFPR), graduada em Estatística e em Economia.

VENEZUELA, PACARAIMA E A CARIOCA RAFAELA – Dolane Patrícia*

Brasileiros e venezuelanos estão passando por um momento marcante na história. Trata-se de dois povos que estão sendo vítimas da negligência de autoridades que permanecem inertes em meio ao sofrimento, tanto de brasileiros, quanto de venezuelanos.

Atualmente, muitas pessoas têm julgado o comportamento do povo de Roraima, em especial de Pacaraima, Município que faz fronteira com a Venezuela, pessoas que assistem a questão da crise migratória apenas pela TV, mas que está cheio de opinião para dar, sem que, no entanto, nunca tenha feito sequer uma doação para amenizar o sofrimento de um refugiado venezuelano.

Não se trata de apenas respeitar a questão do imigrante e do refugiado em Roraima e se esquecer dos direitos dos habitantes locais, mas de assegurar o direito de ambos.

Nesse sentido, tanto venezuelanos como roraimenses são vítimas, pois, quem realmente poderia fazer algo para resolver a crise migratória, permanece inerte, e permanece inerte porque não tem em seu quintal, venezuelanos com filhos morrendo de fome. Deixam a população de Roraima levar a culpa, quedando-se inerte, alheios ao sofrimento daqueles que pagam impostos que geram seus altos salários e pagam suas viagens e mordomias.

Isso também se faz necessário dizer, para quem não permite que a fronteira seja fechada, porque é muito fácil determinar que fique aberta, sem, contudo fazer nada pelos que passam por ela.

Quanto a você Rafaela Santos, você disse preferir um milhão de venezuelanos em seu quintal, mas em nenhum momento se ofereceu para ajudar de qualquer forma que fosse, esses mesmos venezuelanos. Um deles! Muito menos 1 milhão!!! E já que você pode ter um milhão de venezuelanos em seu quintal, eu a desafio para que poste a quantidade de ajuda que você pretende dar para essas pessoas.

Pois, o povo de Roraima que você ofendeu pelo Facebook é o mesmo povo que faz toneladas de sopa para distribuir nas praças da cidade, esse mesmo povo pôs muitos desses venezuelanos em suas casas e muitos cuidaram das crianças como se fossem suas.

Roraima não é como muitos pensam, existem lugares lindos aqui, o Monumento aos Garimpeiros, a Orla Taumanan, localizada às margens do Rio Branco, com artesanato local, exposição de artes, restaurante de comidas regionais, além de oferecer visão privilegiada do Rio Branco. É uma vista maravilhosa!

Uma Praça de Águas coloridas, cujas fontes sobem e descem ao som de belíssimas músicas clássicas, dentre muitas outras coisas magnificas, além de uma educação onde dificilmente uma pessoa tem menos do que pós-graduação. Pós-doutorado aqui é um dos sonhos que mais se busca realizar, e realiza!!! E você qual seu grau de formação?

Chega a ser engraçado as postagens do Facebook, pessoas que não conhecem Roraima, não estudam, não leem, não viram o Monte Roraima de pertinho, as belezas de suas cachoeiras, “a montanha de cristal”, fonte de inspiração ao criador do famoso detective Sherlock Holmes, Arthur Conan Doyle, para a sua obra de 1912 O mundo perdido. É um dos lugares mais antigos do planeta e tem sido procurado por diversos turistas de todo o mundo.

Muitos questionamentos foram feitos para que falassem dos políticos e esquecessem a Rafaela Santos, mas problema com político se resolve nas urnas, de forma definitiva, com o voto!

A propósito, Rafaela, os venezuelanos não estão trazendo apenas a sua cultura, está trazendo sonhos destruídos e filhos sem esperança!

Ademais, eles foram vítimas de um governo que hoje pede ao Presidente do Brasil para que proteja o povo da Venezuela, sendo que é dele e de sua forma de governo que os venezuelanos estão fugindo.

Não é justo Roraima aparecer na TV apenas em situações negativas, não é justo virem criticar Roraima, por gritar por socorro e chamar a atenção das autoridades, que estão mais preocupadas em se hospedar em hotéis de luxo com viagens caras, comendo e bebendo com o dinheiro público, do que com o povo de uma cidade que grita, implora e suplica por socorro!

São maternidades lotadas e médicos e enfermeiros agredidos por muitos venezuelanos acharem que ainda não estão fazendo o suficiente. Pessoas morrem todos os dias, alguns até mesmo por emboscadas dos venezuelanos, que entraram de forma desordenada pela fronteira, mais de 800 venezuelanos por dia, mas a ordem é deixar a fronteira aberta!

Algun
s venezuelanos saíram da penitenciária direto para a cidade de Pacaraima, pessoas de altíssima periculosidade, cometendo os mais terríveis crimes, mas entrando na cidade como se fossem réus primários.

Então o Brasil grita: O povo de Roraima não tem coração e não se comove com o sofrimento alheio! E quanto ao sofrimento dos pais que perderam seus filhos e filhos que perderam seus pais? Estes assassinados pelos venezuelanos que entraram de forma desordenada pela fronteira, aquela que deve “permanecer aberta”.

Porque os venezuelanos são selecionados para saírem de Roraima para outros Estados e na fronteira não pode ter nenhum tipo de seleção, porque traz “constrangimento”? E muitos gritam: respeitem o povo da Venezuela, mas os roraimenses também não merecem respeito?

*Advogada, Juíza Arbitral, Mestre em Desenvolvimento Regional da Amazônia, Pós- graduada em Direito Processual Civil. Personalidade da Amazônia e Personalidade Brasileira. Acesse dolanepatricia.com.br

Ensina, mas não educa – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“No Brasil só há um problema nacional: a educação do povo.” (Miguel Couto)

As discussões atuais sobre as diferenças entre a educação de ontem e a de hoje, dançam na corda bamba. Se a educação de ontem tivesse sido eficiente, seríamos educados hoje. Simples pra dedéu. Os que têm a minha idade viveram a educação da palmatória. E não sabiam que não é batendo no aluno que o professor vai educar. E foi aí que foi solidificada a cultura da submissão. Porque sempre fomos submissos aos nossos pais e às pessoas mais velhas do que nós. E se isso foi educar, é por isso que não somos educados. Deu pra sacar? Por acaso, você já ouviu algum candidato às próximas eleições falar do seu programa para a educação? Eu não ouvi nem poderia ouvir, porque todos são da mesma época em que as escolas ensinam, mas não educam.

O assunto parece complicado, não é fácil, mas e simples. E é aí que está o nó Górdio. É só cortar a corda da ignorância e a educação estará solta. Mesmo parecendo brincadeira, o papo que tenho alimentado por aqui, faz tempo, é muito sério. Por que não criamos o ministério do ensino para substituir o da educação? E o ministério da educação não seria eliminado. Ele apenas executaria a função de educar. Porque atualmente ele não educa, apenas ensina. E para ensinar o mestre não é educador. São coisas distintas. A dificuldade está em entendermos isso dentro da educação que recebemos dos que deveriam apenas ensinar.

Não faz tanto tempo, ali na Avenida Jaime Brasil, assistimos a um debate político entre candidatos ao Governo de Roraima. Sem direito a réplica, sofri. Por escrito, perguntei a um candidato, o que ele pretendia fazer para melhorar a educação no interior do Estado. A resposta do candidato foi exatamente esta: “Eu trago essas garotas do interior do Ceará, para ensinar às crianças do interior, porque para ensinar a essas crianças o professor só precisa saber ler e escrever.” Tive que engolir o sapo, porque, de acordo com o regulamento, eu não tinha direito a réplica. Ainda bem. Fiquei pensando se essa não foi a mesma política com os professores que se fizeram, aqui, durante a época do Território Federal. E o que é que podemos esperar nas escolhas para as próximas eleições?

Eu ainda era criança, quando li isso na contracapa do meu caderno, na escola primária: “A educação é como a plaina: aperfeiçoa a obra, mas não melhora a madeira.” Um ensinamento clássico, para quem vai educar. O que deve ser levado para os lares. Saímos das palmatórias, mas não nos libertamos da submissão. E como não fomos educados não vamos conseguir sair da submissão. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460