Opinião

Opiniao 21 08 2018 6784

Educação não dá voto – Antônio de Souza Matos*

Pesquisas recentes revelam que, na hora de votar, a maioria do eleitorado brasileiro põe a educação em sexto ou sétimo lugar na ordem das prioridades das políticas públicas.

Em outras palavras, o que pesa na balança são as transferências de renda, a saúde, o problema da corrupção, a questão do transporte e da segurança pública. Tanto assim que, segundo a revista Época, 75% dos prefeitos que investiram mais em educação do que em programas de transferência de renda não se reelegeram na última eleição, porém 65% dos que investiram mais em programas assistencialistas do que em educação obtiveram êxito nas urnas.

Esse fenômeno não acontece apenas em nível de eleições municipais. O presidente Lula, por exemplo, se reelegeu principalmente por causa dos programas sociais de seu governo – como o Bolsa Família. Todos se lembram do resultado pífio obtido pelo senador Cristóvão Buarque, que priorizou a educação em seus discursos durante a campanha eleitoral.

As pesquisas se coadunam com a realidade das salas de aula de norte a sul do Brasil – onde quase nada mudou. A grande maioria dos professores continua trabalhando em condições subumanas – com recursos didáticos ultrapassados (quadros negros e giz) e com salas superlotadas e quentes.

São raros os pais que participam da vida escolar dos filhos. A única preocupação da maioria é conseguir-lhes vagas na rede pública de ensino, cujas escolas funcionam como instituições de assistência social onde as crianças, adolescentes e jovens têm merenda e babás, como diz Celso Vasconcellos em seu livro Resgate do professor como sujeito de transformação social.

É por isso que a classe política não se importa com a qualidade do ensino público. Ela sabe que é chover no molhado. Ou seja, que é um investimento que não se traduz em votos. Portanto, é mais vantajoso (politicamente falando) construir praças, parques, promover shows e doar cestas básicas (desde a Roma Antiga, o povo adora pão e circo).

Infelizmente o povão é imediatista. Não enxerga um palmo adiante do nariz. Só pensa no aqui e no agora. Ignora que é a educação, sobretudo para as camadas mais pobres, o único caminho para a superação dos problemas econômicos que lhes roubam a dignidade e as mantêm sujeitas a políticos inescrupulosos e sanguessugas.

Enquanto a população não amadurecer politicamente, dando prioridade à educação na hora de votar, os populistas continuarão reinando, e o sonho de uma educação de qualidade permanecerá apenas nas páginas amareladas da Lei das Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (Lei 9394/96) e da Constituição Federal.

*Professor e revisor de textos. E-mail:[email protected]

Limões para pensar – Walber Aguiar*

“Também pôs Deus a eternidade no coração do homem.” (Eclesiastes)

Naquele mês de julho fui apresentado a Paulo Sarmento na disciplina de Cultura brasileira. Baiano dando aula de um Brasil moreno, negro, índio, ainda cheirando a pelourinho e seus acarajés e abarás. A partir daí as sarmentices pareciam brotar do chão, tal qual a autenticidade daquele bom baiano.

O homem da antropologia, o cara que chegava franzino em sala com um caderno ou livro apenas, mais tarde seria um amigo das letras, um adepto da malandragem responsável, até porque os baianos fazem carnaval o ano inteiro por qualquer motivo.

Assim, apresentado ao mestre das histórias antropológicas e ao cunhadismo de Darcy Ribeiro, ao amor de Regina (sem cunhadismos) e às antropologices e tiradas filosóficas de Lévy-Strauss, restou uma amizade sem nenhum interesse, sem os olhos de cifrão, cheios de gananciosas remelas e dores consequenciais.

E quando estávamos todos enlutados, entre a realidade da ilusão e a geografia da morte, conheci um livro onde a jornada continua, onde figuram abordagens antropológicas, filosóficas e sociais, onde o autor mergulha profundamente na história humana, na odisséia dos pés descalços sobre a terra.

No entanto, um dos mergulhos mais inusitados reside naquilo que se entende e se vislumbra como eternidade e seus derivados terrenos e divinos. Onde um anjo se depara com limões e passa a dialogar com a transitoriedade, o limite e a fugacidade.

Assim, o anjo mostra uma espécie de angústia diante do sempre, do eterno, do infinito. Uma angústia parecida com a do demônio que não suportava a perspectiva da lembrança de que viveria para sempre num mar de perseguições, ódios e lamentos. Uma espécie de gastura existencial diante daquilo que nunca acaba, que vai durar pra sempre.

Nessa ótica, o limão, em sua pureza cítrica, em sua geografia de extrema finitude e limitação, é tomado como alguma coisa boa, simples, singela, pelo mesmo fato de ter seu tempo de duração. Simplesmente, por ser algo que um dia acaba, mas vê seu papel cumprido, sua missão finda, sem ter que se preocupar com os quilômetros devoradores, numa estrada sem placas e sem qualquer tipo de fronteira.

O anjo saiu com as mãos cheias de limão, Sarmento com as mãos cheias de livros e eu com os olhos cheios de lágrimas, por me perceber confrontado com o transitório e o eterno, o rotineiro e o desconhecido. Um dia a gente abre essa cortina e descobre esse mistério. Enquanto isso, nos lambuzaremos com a pureza do limão e a solidão do espinho…

*Advogado, Poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras E-mail: [email protected]

Quanta contradição – Marlene de Andrade*   “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos”. (Romanos 1:22)   Márcia Tiburi, formada em filosofia, disse que um dia ao entrar no seu face viu que um cidadão a chamou de “vaca” e que resolveu, antes de bloqueá-lo, entrar no dele e então viu desenhos feitos por ele de passarinhos em aquarela muito mal feitos. Tal fato, afirmou ela, a fez se lembrar de Hitler porque ele era um artista frustrado, por ser muito ruim de pinturas e segundo Márcia os professores dele começaram a dizer, para o “pobre” desse nazista que ele era muito ruim de pintura. Neste contexto, ela afirmou que  Hitler poderia ter se tornado um mau pintor, mas não um “nazistão” visto ter ficado ferido e que a dor dele tinha a ver com as artes e ainda afirmou que educação artística na escola é quem nos conecta com a sensibilidade.

Márcia ainda declarou que o homem que desenhava aquarelas de passarinhos feios e que a chamou de “vaca” a ofendeu e por isso ela o excluiu do seu face. Que contradição! Então Hitler se tornou um “nazistão” porque não teve apoio, mas o homem que desenhava passarinhos feios, ela bloqueou.(?) Márcia declarou ainda que ele entrou na sua page para lhe pedir desculpas, aí ela novamente se lembrou de Hitler(?) e disse-lhe que seus passarinhos eram belos, mas admitiu que mentiu porque ficou com pena dele, porém ela só se sensibilizou quando ele pediu desculpas. Que esquerdista é essa que tem pena de um canastrão e não do homem que a chamou de “vaca”?

Em outra ocasião ela foi entrevistada em um programa, mas quando viu o Kim Katagun do MBL chegar ao estúdio deu um chilique
horrível e saiu rapidamente dizendo que não podia ficar ao lado dele. Estranho! Contudo, em outro programa afirmou que a comunicação deve ser sem xingamento e tem que dar espaço para a comunicação não violenta, todavia não foi assim que ela agiu no programa ao qual abandonou só porque o Kim chegou dentro do estúdio.

Outro fato esdrúxulo: ela afirma ser vegetariana porque tem pena das vacas, contudo diz ser a favor do aborto. (?) Será que embriões o fetos são menos importantes do que uma vaca e por isso podem ser sumariamente assassinados? É isso que é ser feminista?

Outro absurdo dela  foi declarar que é a favor do assalto, pois ele tem uma “lógica”. Por essa afirmação ela merecia responder processo, pois tal fato é um incentivo para os assaltantes continuarem assaltando.

Quanta confusão dessa candidata ao governo do Rio de Janeiro onde nasci e me criei e pelo qual tenho bastante afeição. Penso que ela acha que tudo isso é o “politicamente correto” ou será que pensa que carioca é idiota e imbecil?   *Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT, CRM/RR 339 RQE-341

Depende de como você a vê – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Qualquer coisa na vida vale a pena, se a alma não é pequena.” (Fernando Pessoa)

Quando aprendemos a aprender com os trancos, a vida se torna mais fácil de ser vivida. Quando não somos capazes, a vida se torna um tormento. Então, a escolha é de cada um. O que nos faz responsáveis pela vida. Simples pra dedéu. A dificuldade está em amadurecermos para viver a vida. Por incrível que pareça, a maioria das pessoas ainda passa pela vida sem viver. O que aumenta o número do ir e vir. Porque nossa próxima volta vai ser melhor do que a atual, se fizermos o melhor atualmente. E fazer o melhor é viver a vida como ela é. É uma história aparentemente complicada, mas muito simples. Tão simples que a maioria de nós não consegue compreendê-la.

Ontem eu ia, pela manhã, comprar o pão para o café da manhã. De repente um carro passou por mim e no vidro traseiro do carro havia um painel com o nome de um candidato ao governo do Estado. Olhei, sorri e saí conversando comigo mesmo. Será que eu votaria naquele candidato? Não, não votaria. Por quê? Sei lá. O que sei é que não votaria. Mas não posso nem devo me aborrecer com você porque você vai votar nele. Cada um de nós vê e vive a vida que lhe interessa viver. Mas devemos tomar cuidado. Quando eu voto num candidato estou construindo o futuro da sociedade, da qual sou participante. O que eleva a responsabilidade no voto.

Mas não é só na política que devemos tomar cuidado com nossa responsabilidade no desenvolvimento do mundo em que vivemos. Tudo que fazemos na vida, devemos fazer com responsabilidade. Até mesmo as coisas mais simples que possam nos parecer vulgar. O Miguel Ângelo já nos deixou esse recado valioso: “As insignificâncias causam a perfeição, e a perfeição não é uma insignificância.” Aperfeiçoar-se a cada dia é um dever racional, e nosso. E aperfeiçoar-se é cuidar da nossa obrigação de fazer, sempre, o melhor para o engrandecimento da humanidade. E cada um de nós pode fazer isso com o voto. Cuidado com sua escolha para quem você vai eleger. Por que você vai eleger? Quais as qualidades políticas do seu candidato? Ou você vai elegê-lo porque ele é seu amigo? Será que no meio em que você vive, e tem amigos, seus amigos merecem o seu amigo candidato? Pense nisso enquanto escolhe seu candidato. Veja se ele tem algum preparo político que o faça merecer o seu voto, assim como seu vizinho merece. Reflita um pouco sobre o pensamento do Emerson: “Você é tão pobre ou tão rico quanto o seu vizinho, senão não seria vizinho dele.” Quando for votar num candidato, pense no seu futuro e no do seu vizinho. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460