Opinião

Opiniao 10 07 2018 6545

Violetas na escuridão – Walber Aguiar*

“A força do direito deve superar o direito da força” (Rui Barbosa)

Fazia frio no auditório quando ele apareceu. Figurino simples, música e marmita na mão. Ainda assim, sua carga dramática falou mais alto. Isso porque carregava consigo a cachaça, a incompreensão e a indiferença, química completa para o desencadeamento da violência no lar.

No meio da multidão um grito silencioso. Sem eco, sem resposta, sem importância para uma sociedade machista, consumista e preconceituosa. No silêncio doméstico, apenas “fantasmas” e ressentimentos falavam. E nessa verbalização da ofensa, a dor é inevitável. Dor muda, introspectiva, esmagante. A indiferença partindo em mil pedaços o coração já fragmentado pelo cotidiano sem ficção, sem aventura, sem qualquer motivação existencial para continuar sentindo.

Dagmar Ramalho falou das grades que prendem a esperança, do entorpecimento físico e psicológico que o álcool dissemina na sociedade. Falou de porrada, de prisão, de boletins de ocorrência. Enfatizou a solidão e o sentimento de perda trazidos pela morte. Mas deu a entender que o cidadão, forjado no domicílio da grandeza e da dignidade não precisa bater na companheira para autenticar sua “força” e seu autêntico desejo de ser mau.

Para as vítimas, as terças-feiras ainda não se transformaram em domingos de sol. Mesmo assim elas estão ali, fortes e frágeis, ensimesmadas e extrovertidas. Continuam seu percurso diário na escola, no escritório, na geografia do assédio, que não é considerado crime, mas constrangimento ilegal apenas. Pobre lei. Domesticada pelo preconceito imbecil, converteu-se numa espécie de darwinismo social, autenticando aqueles que esmagam colibris com bate-estaca.

Assim, as mulheres, com ou sem “Maria da Penha”, entregam-se a anos, planos e a “príncipes” disfarçados de “monstros”. E enquanto passam panos, a solidão, companheira do medo, dialoga com o desejo de liberdade. Nessa dialética em que a resposta parece não chegar nunca, elas “despetalam” lentamente no “jardim” em que escolheram viver.

Naquele ambiente refrigerado, o intérprete conseguiu transformar a violência doméstica em algo bonito, simples, declamável. Fez brotar flores brancas do asfalto da realidade, vista nas prisões, nos lares desfeitos, nos cemitérios. Falou do perdão e da ofensa, da incredulidade e da descrença, da saudade e do esquecimento. Se toda força bruta é uma sintoma de fraqueza, então ele transformou as mulheres em criaturas extremamente fortes. Em caimbés que, mesmo açoitados pelo fogo da morte e da destruição, resistem bravamente.

Tal resistência passa, necessariamente, pela organização, pelo ajuntamento, pela perspectiva de corpo. Desse modo, a dignidade de ser gente configura-se num enorme jardim florido. E mesmo que elas sejam frágeis violetas na noite fria da tragédia, um dia o deserto florescerá. E debaixo de suas unhas sempre será primavera…

Era uma sexta feira. Dia de lembrar da professora Wanda e de tantas outras que não foram alcançadas por “Maria da Penha”. Mas, sobretudo, dia de respeitar a flor, de amar o cotidiano, de encarnar a sensibilidade que as mulheres costumam carregar…

*Poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras – [email protected]

O que ganharíamos vencendo a Copa? – Marlene de Andrade*   “Quem cometer injustiça receberá de volta injustiça, e não haverá exceção para ninguém.” (Colossenses 3:25)

Esportes trazem uma alegria enorme para o brasileiro, mas infelizmente, confesso que estou tão chocada com a corrupção que nem me emocionei com essa Copa, até porque houve muita roubalheira na construção de estádios e aeroportos aqui no Brasil, quando sediamos a Copa do Mundo há quatro anos.

Na Copa passada Lula vibrou muito, mas se ele gostasse mesmo do Brasil não teria se envolvido em corrupção e nem teria permitido que algumas empresas construíssem estádios super faturados. Sendo assim, ganhando  essa Copa de 2018 não iríamos ganhar nada, absolutamente nada, pois na verdade estamos no vermelho.

Na Copa passada levamos uma vergonhosa goleada da Alemanha e uma conta altíssima que ainda estamos pagando com a construção dos estádios, verdadeiros “elefantes brancos” e que de nada serviram e nem estão servindo a não ser ter dado oportunidade aos políticos e seus comparsas para roubarem milhões e milhões de reais com a construção dos mesmos.

E as Olímpiadas, o que nos trouxe? Será que o turismo melhorou no Brasil depois da Copa e das Olimpíadas? Claro que não, pois qual é o estrangeiro que quer vir fazer turismo em nosso país cheio de assaltantes à mão armada? Sendo assim, em vez de nossos governantes terem sediado a Copa do Mundo e as Olimpíadas, deveriam sim, ter priorizado as condições da saúde brasileira que se encontra na UTI agonizando e prestes a falecer.

Sei que eventos de esporte mexem bastante com a emoção do povo brasileiro, mas agora precisamos é lutar por um Brasil melhor. Não podemos nunca nos esquecer de que nosso país está atravessando uma situação com profundos problemas no cenário político e econômico, visto que quase todos os mandatários corruptos saquearam e ainda estão saqueando o nosso país de uma maneira muito perversa.

Assaltaram os cofres públicos de forma escandalosa e por isso não posso entender como os políticos desonestos juntamente com seus assessores ainda têm coragem de se candidatarem nas próximas eleições, já que  desconstruíram o nosso país de forma indecorosa e imoral.

Por isso tudo, o brasileiro está muito mal com toda essa situação calamitosa que estamos atravessando. É verdade que o lazer é constitucional, mas muitas  pessoas estão desanimadas com o desvio de tanto dinheiro do Fundo de Pensão, BNDS, Mensalão, Petrolão e outras tantas maneiras que encontraram e encontram para lesar a nossa pátria querida e inclusive cada um de nós.   *Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT e Técnica de Segurança no Trabalho/SENAI; CRM/339- RQE/339

Falta liberdade – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“A condição mais substancial do voto é a liberdade. Sem liberdade não há voto”. (Rui Barbosa)

E não haverá liberdade no voto, enquanto formos obrigados a votar. E, na verdade, nunca vivemos uma liberdade plena em nossa política. Estou sentindo que os brasileiros estão começando a acordar para a realidade política em que vivemos. Mas, apenas acordando, numa inconsciência paralisante. Confesso que estou preocupado com o que estamos vendo no carnaval a que estamos assistindo com a tentativa de candidatar o Lula, à Presidência da República. Nada contra o Lula ou os petistas; a folia seria a mesma, independentemente da personalidade.

Vamos acordar realmente, para a realidade do nosso universo político. E vamos iniciar, conscientizando-nos de que a responsabilidade é de cada um de nós, cidadãos que ainda não somos cidadãos. E nunca o seremos, enquanto formos obrigados a votar em candidatos que não merecem nem mesmo, o nosso respeito. O que você entende de política? E você não precisa ser nenhum especialista para entender de política. Basta não ignorar sua re
sponsabilidade no engrandecimento do País. E sua responsabilidade está na escolha dos candidatos realmente capazes de fazer seu trabalho no sentido de cidadania.

Infelizmente ainda não somos capazes de entender o poder que temos para mudar os rumos do Brasil, na direção de um país realmente desenvolvido e civilizado. “No Brasil ainda temos bons políticos, mas não temos mais estadistas”. E foi assim que viemos perdendo nosso rumo, na caminhada para o progresso. A Ordem e o Progresso da nossa Bandeira esconderam-se na ignorância da nossa política. Faz quase cinquenta anos que retiraram do nosso currículo escolar, matérias sobre moral e civismo. Precisa falar mais sobre isso? Reflita sobre sua responsabilidade na tarefa árdua de salvar o Brasil, tirando-o das garras dos políticos corruptos, que infelizmente são a maioria. E todos nós os conhecemos, aqui, ali e acolá.

Reflita sobre isso. Pense na sua responsabilidade sobre a tarefa para criar um mundo melhor para os nossos descendentes. A tarefa não é fácil, mas é muito simples. Comece refletindo sobre os efeitos causados pelos desmandos na administração pública. Não se esqueça de que todos os administradores públicos, do presidente da república ao vereador do interior remoto, são seus servidores e não seus chefes. Respeite-se como cidadão para que você possa ser realmente um cidadão. Eduque-se para merecer o voto facultativo. Sem ele você nunca será um cidadão de fato e de direito. Mas não há direitos sem o cumprimento dos deveres. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460