Opinião

Opiniao 05 10 2018 7029

Terra de Macunaíma, um amor de Samambaia Nikson Dias*

Tem uma casa, lá do lado de lá, com garagem que ostenta uma samambaia, regada todas as manhãs, não interessa se a noite foi chuvosa, ou se o sereno deixou a grama molhada ao amanhecer. O que importa é conversar com a samambaia, quiçá ela tenha até nome. Parece loucura, mas aqui em Roraima se fala com samambaias sim, até porque todos os dias a samambaia amanhece diferente, um dia um novo broto, em outro, uma folha que amarela e precisa ser sutilmente tratada. A garagem da casa tem ciúmes da samambaia. 

Nessas Terras de Macunaíma a samambaia brota para todo lado. Brota no muro, brota da calçada úmida do inverno, brota na cumeeira do telhado. Acredite, ela brota mesmo! Assim como a Samambaia é o meu Estado de Roraima. Aqui se fala com o monte, aqui se canta o rio, temos dias de tristeza e perdas, bem como dias de alegria, danças e festas, estes, os melhores por aqui. 

Roraima é samambaia, pois as vicinais bifurcam como folhas, o povo é se- mente que brota nos mais diversos locais, além disso, as folhas também abraçam pessoas de todos os rincões do mundo e em especial, recentemente, os hermanos venezuelanos. Samambaia por natureza abraça, por gentileza se embaraça. Roraima é samambaia. Aqui se vê de tudo, o Brasil se abraça aqui, o mundo se embaraça aqui. Quer apresentar o Brasil para o mundo? Fale da samambaia ou conte como é o nosso Estado de Roraima. O cheiro da samambaia regada é o cheiro da terra molhada no lavrado após os primeiros pingos de chuva. Assim e nosso querido Roraima com cheiro de esperança por dias melhores e mais férteis, com a urbanização que atenda todas as cidades e ajudem no bem-estar da nossa gente, com energia confiável, fortalecimento do espírito empreendedor, do aumento ao amor por essa terra, por essa samambaia retirada da poesia. 

As crises irão passar e Roraima ressurgirá com a força de vontade de cada cidadão que ama essa terra, com a dedicação dos profissionais do urbanismo e com gestores inteligentes que podem ser escolhidos nas próximas eleições. Amamos sim a samambaia, pois temos a esperança de ver o estado poderoso, o lindo berço rincão Pacaraima – exatamente como a letra do Hino do Estado escrito no momento de sapiência do escritor Dorval de Magahães (In Memoriam) revela e lembra da herança dos pontos fortes que temos. 

O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Estado de Roraima, como samambaia abraça cada cidadão que aqui nasceu ou chegou, cada edifício que aqui brotou, cada cidade que aqui se enraizou. E em memória do natalício, enaltece a valorização do território e a glória do seu povo que forma as Terras de Macunaíma. 

*Arquiteto e urbanista, engenheiro de segurança do trabalho, professor da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e conselheiro federal de arquitetura e urbanismo por Roraima

Eu mereço uma chance!? Taylor Santos*

A vida tem essas coisas de diversidades. São cores e amores que não conseguimos catalogá-los. Depois de muitas aventuras sentimentais e prosas inacabadas, ficamos apenas vivendo a vida, no automático, com o coração congelado. Diante de algumas tentativas frustradas acabamos nos machucando, e a consequência é adormecer aquele sonho de levar flores para alguém. Apagamos o simples fato de ser vulnerável e dizer o que sentimos, ficamos em um lugar oculto, ferido e inflamado. Com isso, passamos a alimentar um status de medo e receio de se entregar a alguém. Com o passar do tempo o status sofre a metamorfose e transforma-se em uma muralha de proteção e apaga-se as expressões! Realidade vivida, realidade cortada, por vezes chorada. 

Sejam bem-vindos à modernidade, fica proibido se expressar. Ser vulnerável é visto como fragilidade. Pedra virei e pedra morrerei. Falava isso até uma noite de domingo, quando perdido no meu próprio horizonte, notei uma gordice tímida com olhos negreiros e uma imagem que descongelou o meu coração. Logo eu, que estava virando o rei da Antártica. Será que foi amor à primeira vista? Qual o nome da minha madrinha neste conto de fada? Por favor, não me acordem, o sonho está muito bom! Eu fiquei todo sorrido de alegria, quando a gordice apertou minha mão, fazendo-me perder o controle da língua e o vocabulário linguístico. Naquele instante, um cupido traiçoeiro flechou o congelado e duro coração; um vulcão de borboletas estavam descontroladas, no meu estômago. 

Naquela noite, eu ganhei o primeiro bilhete para o mundo de expectativas, o coração ficou alegre feito bateria de carnaval, criei todos os cenários, programações, frases, momentos, fiz o orçamento das flores, bombons, tudo com o direito aos clichês de um amor de Hollywood. A sede de viver um grande acontecimento emocional era grandíssima. Uma mistura de ansiedade, medo, felicidade e adrenalina. Esquecendo o domingo, abracei a segunda-feira, não me aguentei em ansiedade, dei o primeiro passo, fiz contato com a gordice, e ela respondeu as poucas palavras que mandei. Marquei um encontro, na quarta-fei- ra, para vê-la de perto, o calendário avisou que era o dia do encontro, a noite era das mais estreladas, o vento carregava na sua dança o perfume da cidade, eu estava mais vivo do que nunca, dentro de mim havia todas as cores para viver o mundo. Penteei o meu melhor sorriso, vesti o meu melhor afeto, catei um pouco de atenção da gaveta e, com um friozinho na barriga, fui encontrar a gordice. 

Fiquei, frente a frente, com aquilo que derreteu o meu coração. Criamos um diálogo onde coloquei os meus projetos futuros, no meio de tanta interação, houve uma pausa para o proferimento de uma emoção alheia, que pesou no ambiente: “Eu não quero me apegar a ninguém, sofri um pouco e não quero cometer o mesmo erro. Então, eu quero apenas conhecer pessoas”. Pronto! Foi o necessário para começar um terremoto, que destruiu os meus castelos, um asteroide caiu no meu lago e o mar secou. Naquele momento, olhava para alguém machucado e com as portas fechadas para uma nova experiência. Rapidamente, fiquei um rio seco, catei as minhas expectativas, mudei o olhar e fui para casa. Agora, fica a pergunta: Mereço a chance daquele coração partido? Tenho que dar um tempo até ele cicatrizar? O que faço com minha realidade? No meio de tantas perguntas, sei de apenas uma resposta: Sou vulnerável para dizer que gostei da- quela gordice tímida. #Darumachanceparaestemoçoaqui!

*Articulista

Qualidade de obras de arte

Oscar D’Ambrosio*

Em relação aos critérios estabelecidos para qualificar obras de arte, muito já se disse e poderá ser dito so- bre o assunto. Três pontos, porém, são essenciais para estabelecer algum raciocínio crítico sobre o assunto, sempre numa ótica construtiva, que estabeleça e estimule o diálogo. 

Um primeiro ponto está no impacto que um trabalho causa no observador. Trata-se de algo subjetivo, mas que passa pela discussão de como a obra de arte, numa sociedade massificada como a contemporânea, pode ainda exercer um papel polêmico e indagador. Nesse sentido, o trabalho que motiva novos olhares e observações seguidas leva vantagem. 

Um segundo ponto está na técnica, ou seja, na habilidade do fazer. É um critério mais frio, relacionado com a fatura, com o domínio de procedimentos. Geralmente envolve, da parte de quem faz, mas racionalidade e planejamento, tanto no sentido do que é pensado como no do que é executado e passado à frente. 

Um terceiro ponto é a criatividade, entendendo-se aí a capacidade de surpreender, de pensar e de fazer o inusitado. Nesse aspecto, é essencial abrir mão de ideias preconcebidas na linha de que “tudo já foi feito”. A capacidade de inovar existe sim e precisa ser e
stimulada e valorizada. 

Ao associar impacto, técnica e criatividade, a obra de arte atinge seus momentos mais significativos. Não se trata de uma fórmula matemática, mas de uma equação de saberes sentidos, adquiridos e vivenciados. Isso significa que o trabalho artístico não é um bem em si mesmo. A partir do que cada um já conheceu, uma nova obra é experimentada e a visão resultante é um exercício permanentemente renovado entre as experiências passadas e as presentes, na busca de trabalhos progressivamente impactantes, bem construídos e criativos.

*Mestre em Artes Visuais, doutor em Educação, Arte e História da Cultura e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

Vá entrando de mansinho

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“O homem que não perdoa a mulher pelos seus pequenos deslizes, nunca vai desfrutar das suas grandes virtudes.”( GibranK halil Gibran)

Que as mulheres sempre foram, e sempre serão, as Amazonas da história, só os tolos não percebem. E eles acabam nas cadeias. Quando na verdade os mesmos tolos vivem ajoelhados aos pés das mandonas. E ainda bem que é assim. Ninguém manda sem poder. E ninguém tem mais poder do que as mulheres. E se você é dos que judiam da sua mulher querendo mostrar que é o dono da cocada, corta essa. Procure viver a vida dela, com ela. Quando estiver querendo judiar de sua mulher, lembre-se de que sem ela você não seria nem mesmo homem. Para que um homem seja homem é necessário que exista uma mulher. E fim de papo. 

O valentão é tão bobo que nem percebe que está forçando a justiça a criar leis totalmente tolas. A “Maria da Penha”, por exemplo, deveria levar os legisladores a criarem a lei “Zé da Peia”. Já imaginou se essa tolice desse certo? Mas vamos parar com brincadeiras. Vamos falar de coisas sérias. Essa tolice do assédio sexual do homem sobre a mulher é uma pantomima. O cara é tão cara que nem percebe o nógórdio em que está se metendo. Ou já está metido há séculos. Ou você está pensando que não há assédio sexual da mulher sobre o homem? E o que aconteceria se ele apresentasse queixa contra o assédio? Ele seria considerado um mariquinha. 

A mulher diz que detesta o assédio do homem sobre ela, mas o homem o adora quando vem dela sobre ele. O que concluímos? Que a mulher tem domínio. Você não imagina a quantas provocações e atitudes sexuais eu já assisti de mulheres sobre homens, dentro dos trens da Central do Brasil. E isso quando ainda não tínhamos metrôs em Sampa. E acreditem, isso ainda existe dentro dos metrôs, atualmente. E que homem teria coragem de gritar no momento em que uma mulher acaricia suas partes íntimas? Vamos parar com boboquices em relação ao comportamento feminino. 

No dia em que a mulher começar a se valorizar no que ela realmente é, passará a vencer os assédios sem alardes. Ela é e sempre será a dona. É só se valorizar sem a ingenuidade na escolha do seu par. Porque só um idiota não sabe valorizar a mulher. Então, por que não mudar o cenário e dançar artisticamente no palco da vida? A cobra vai continuar fumando. E por que ter medo dela? Garota… Valorize-se no que você é. Porque sem você, nós homens não seríamos nem mesmo homens. E ser homem não é demonstrar força física sobre a mulher, mas amá-la como ela deve ser amada. Porque é aí que você, homem, vai se valorizar como homem. Pense nisso

*Articulista [email protected] 99121-1460