Opinião

Opiniao 19 11 2018 7256

A importância dos limites na educação

Flávio Melo Ribeiro*

Lendo um texto sobre como desvirtuar a educação de uma criança, dois pontos me chamaram bastante atenção. O primeiro “comece na infância a dar ao seu filho tudo o que ele quiser. Assim, quando crescer, ele acreditará que o mundo tem a obrigação de lhe dar tudo o que deseja”. O apelo comercial dos dias de hoje, fazem com que os pais sem firmeza e esclarecimento cedam aos desejos dos filhos, passem a comprar tudo, mesmo que para isso se sacrifiquem. O fazem para agradar, para evitar birra, ou mesmo para não escutá-lo chorar, sem darem-se conta do futuro do filho e da armadilha que estão montando para si próprios. Muitos entendem que os filhos assim agem porque são crianças e com o simples passar do tempo se tornarão adolescentes maduros e compreenderão os pais. Ledo engano, ninguém amadurece sem limites, sem compreender a consequência dos seus atos, sem vivenciar que o mundo não gira ao seu redor.

Segundo ponto, “apanhe tudo o que ele deixar jogado: livros, sapatos, roupas. Faça tudo para ele, para que aprenda a jogar aos outros toda a responsabilidade.” Me chamou atenção, não o comportamento dos pais, mas a antecipação que fiz ao procurar visualizar quem seria esse adolescente e passei a reconhecer diversos clientes, conhecidos, filhos de amigos e companheiros de esportes. Todos lidam muito bem quando todo o ambiente está equilibrado, mas na primeira dificuldade, vejo o quanto é fácil acharem culpados. A ênfase com que fazem as críticas aos demais e a facilidade de salvarem a própria imagem é algo visível, despercebido apenas a quem o faz. Muitos pais acham bonita a bagunça que os filhos fazem porque avaliam a esperteza da criança, esquecendo-se de ensinar que a bagunça também pode ser arrumada e é responsabilidade de quem fez. Porém esses mesmos pais ficam horrorizados quando aos 18 anos o filho continua fazendo bagunça e não cuidando dos bens familiares.

Nos dias de hoje há pais que ainda seguem teorias sem consistência que afirmava absurdo como a necessidade de um “jardim do Éden” a todas as crianças, como se cada um tivesse o seu próprio mundo. Mas na realidade vivemos todos num único mundo, porém de forma diferente, com significados diferentes para as mesmas situações, pois temos histórias e educações diferentes. Isto contribui para ocorrer as adversidades e atritos entre as pessoas e a falta de limite vai dificultar ainda mais a resolução dos mesmos, pois a primeira reação é a mágoa, a raiva, o embate; raramente a compreensão, a conquista de espaço levando em consideração as consequências de seus atos e a ética.

*Psicólogo-CRP12/00449

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Boicote da imbecilidade

Tom Zé Albuquerque*

“Governadores da oposição no Nordeste avaliam faltar a encontro com Bolsonaro”… esta é a manchete do jornal O Globo Brasil do dia 14/11/2018. Infelizmente eu não consegui ler a matéria nesta fonte porque seu conteúdo é destinado apenas aos assinantes, um seleto público que se delicia com as palermices disparatas por esse oportunista meio de comunicação.

Pois bem, e eis que os chefes do poder executivo da Região nordeste, em maioria esmagadora, eleitos ou reeleitos, ameaçam boicotar o futuro presidente do Brasil. Será que é isso mesmo? Porque, se for, é a maior demonstração de irresponsabilidade, de descaso e de estupidez daqueles gestores públicos. Em que pese o desejo famélico das velhas raposas da política do nordeste em se perpetuarem no poder, nada mais lógico contrariar, rebater e afrontar um Presidente da República que visa acabar com a dependência humilhante para qual os nordestinos passam.

A divisão política denominada “Capitanias Hereditárias”, criadas de 1534 a 1536, e seus famigerados donatários, estão vivas, ativas e prontas para que o status quo, as riquezas, o poder, o domínio territorial, o acúmulo de bens e a sucessão atávica sejam preservadas e, para sua blindagem, os políticos nordestinos estão dispostos a tudo, até mesmo prejudicar sua região, seu Estado ou o carente Município no qual exerce sobre aquele território influência ou domínio eleitoral. Não é verdade, pois, que o domínio provincial foi migrado no início do século XIX.

Aliás, será que existe idiotice maior que um grupo ou facção política se opor a governante, eleito lícita e democraticamente? O pior é que sequer soa como idealismo ou defesa ideária a posição dos governantes, uma vez que quase sua totalidade não tem DNA democrático, sequer sabem o que defendem ou o que apregoam, visto que os interesses particulares estão anos-luz acima dos desejos da coletividade: dignidade, cidadania, autossuficiência, perspectiva de uma economia. E se, porventura, fosse permitido estarem os nordestinos empregados ou com atividade rentável para o seu sustento e de sua família, sem as migalhas mensais que alimentam a ociosidade e a inutilidade, (exceto para o voto a cada biênio).

Faz-me lembrar, diante desse possível apartheid, a explanação do ex-Presidente dos EUA, Barack Obama, quando da vitória do atual Presidente, Donald Trump. Naquela oportunidade, ele dizia que independentemente da felicidade ou infelicidade dos americanos, assim funciona a Democracia (embora dura e barulhenta) e seu pleito eleitoral. Também afirmou que a eleição é um perde-ganha que, após a tentativa frustrada de convencimento do público e, não encontrando guarida em forma de votos, far-se-á necessária reflexões profundas sobre os erros passados.

Mas humildade não é algo a esperar dos pseudossocialistas que dominaram o poder no Brasil durante os últimos 15 anos; e hoje, visceralmente inconformados, se prendem à mesquinharia, aos luxos e benesses para continuidade de seus deslumbres e ostentações.

*Administrador

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Esteja atento às mudanças

Bruno Magalhães*

Vivemos em um mundo de mudanças, de abundância de informações à disposição para quem quiser consumi-las. O maior desafio atualmente não é mais saber onde obter informações, mas sim o que fazer com elas. 

No ambiente de negócios não é diferente. Temos hoje companhias centenárias, tradicionais e que há poucos anos eram sinônimo de previsibilidade e estabilidade que estão em situação crítica. Algumas dessas empresas, inclusive, têm os dias contados se não se reinventarem, se não evoluírem e começarem a entregar o que o mercado quer e não apenas o que elas tem para vender. 

Por outro lado, temos empresas novas, dinâmicas, que nasceram já com a missão de entregarem ao cliente aquilo que eles procuram. Já nasceram para resolver problemas existentes e, por isso, crescem velozmente. Que o digam Netflix, Uber, Airbnb… Algumas dessas empresas são tão inovadoras que fica difícil até serem enquadradas em leis e regulamentações. 

Temos ainda o caso de empresas que conseguiram mudanças enormes comercializando praticamente os mesmos produtos e serviços. É o caso da Hering, por exemplo, que era conhecida pelos produt
os básicos e sem muito glamour e acabou se tornando uma empresa verdadeiramente de moda, com crescimento sólido e que tornou sua marca muito mais forte e valiosa. A Alpargatas com a famosa Havaianas também é um nítido exemplo de como transformar um produto de pouco apelo em um fenômeno mundial. 

Muitas companhias vêm trabalhando fortemente algo intangível: a sua marca. Tanto para poderem cobrar mais por seus produtos e serviços quanto para poderem lançar produtos que não fazem parte do seu portfólio, mas que fazem sucesso.

No entanto, não há um sinal que avise quando as empresas precisam inovar. Depende unicamente da percepção dos gestores e de como eles interpretam as informações que estão disponíveis. Além disso, é sempre incômodo efetuar mudanças, parar de fazer algo que já se está habituado e se lançar ao desconhecido.

O momento certo para se fazer essa mudança de atuação deve ser o quanto antes possível identifique-se as oportunidades ou as ameaças. 

Quanto antes a companhia identificar uma oportunidade de mercado, melhor será seu aproveitamento. Da mesma maneira, quanto antes identificar uma ameaça, mais tempo terá para lidar com ela. 

Seguir fielmente seus planos, uma vez que pode ser muito tentador voltar atrás e continuar fazendo o que se fazia antes, seja devido a uma melhora do mercado, seja pelas dificuldades encontradas no meio do caminho. 

Portanto, os empresários devem sempre equilibrar suas decisões entre operacionais e estratégicas. Decisões de curto e longo prazo, mas sempre se lembrando de que as empresas são entidades vivas, pulsantes e, cada vez mais, dinâmicas. 

*Diretor de operações da GOU Franquias. Graduado em Relações Internacionais pela FAAP e com pós-graduação em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas, o executivo possui mais de dez anos de experiência em franchising e varejo.

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Vamos parar de gritar?

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Pena que todas as pessoas que sabem como governar o país estejam ocupadas dirigindo táxis ou cortando cabelos.” (George Burns)

É mais ou menos isso. Os que deveriam estar se preparando para mudanças, querem mudar gritando, esperneando, protestando. A mídia colabora muito com esse descontrole. As entrevistas a que assistimos, depois de um evento político, com transeuntes, demonstram nosso despreparo. Afinal, o que queremos para o progresso do nosso País? No dia em que descobrirmos isso, começaremos a colaborar.

Nosso progresso está em nossa mente. Tudo depende do que pensamos. E só pensaremos no melhor quando aprendermos o que é melhor. Simples pra dedéu. Dia desses estive olhando uma coleção de moedas antigas e sorri. Foi quando peguei uma moeda de 1000 réis, do ano de 1942. (À época, o réis era assim mesmo, com acento). Voltemos ao assunto. Sorri me lembrando de quando meu pai entrava em casa, com as compras que fizera na feira. Ele atirava as compras sobre a mesa e reclamava: “Que vida a gente tá levando? A gente vai pra feira com mil réis e não consegue comprar quase nada, porque o dinheiro não dá”.

Quantos momentos iguais àqueles nós vivemos de lá pra cá? E que perigo estamos vivendo atualmente, de viver os dias passados? E só nos livraremos deles quando nos livrarmos da nossa limitação política. E nossas limitações estão dentro de nós. O que indica que tudo de ruim que acontece na nossa política é responsabilidade nossa. Cada um de nós é responsável tanto pelos bons quanto pelos maus políticos. Então vamos parar de gritar e ver o que há de errado em nós mesmos. Atente-se a uma coisa: todos nós somos responsáveis pelos políticos e administradores do país. Os nomeados o são pelos que nós elegemos.

Os mais de setenta por cento dos salários dos médicos cubanos, que são enviados para o governo de Cuba, é dinheiro nosso. Que nós pagamos como impostos. Reflita sobre isso e pare de protestar e procure se informar sobre o que fizemos com nossa política, através dos tempos. E durante todo esse tempo nos mantiveram, e mantêm, na condição de marionetes. Pagando sem saber que estamos pagando. E isso continuará enquanto não formos respeitados como cidadãos. O que não somos porque não sabemos o que somos. Ainda não sabemos que tudo está na educação que não nos dão. E por que não dão? Porque isso não lhes interessa. Porque no dia em que formos cidadãos educados, eles serão banidos da política. Então vamos procurar mudar o cenário político. Vamos nos educar para podermos merecer o voto facultativo. Sem o qual nunca seremos cidadãos de fato e de direito. Pense nisso.

*Articulista

[email protected]

99121-1460