Opinião

Opiniao 16 10 2018 7081

Educar é ser exemplo

Vera Sábio*

Tem um ditado bem conhecido que relata que “as palavras convencem, todavia, os exemplos arrastam”.

Como diz outro ditado, no mesmo rumo: “de boas palavras e boas intenções, o inferno está cheio”.

Porque todos sabemos que são as ações que fazem toda a diferença; afinal, “quem tem boca, fala o que quer”. Muitas vezes, até mesmo por emoções, discussões e falta de calma, nossas palavras, acabam sendo metralhadas para todos os lados; assim só quando voltamos ao equilíbrio, vamos refletir e perceber, o quanto deveríamos ter ficado calados.

Estou dando esta introdução, para descrever um pouco da nossa situação atual. Muitos estão sem saber em quem votar, pelas palavras despejadas em momentos de emoções, enquanto outros, não sabem em quem acreditar, pelas palavras bonitas, que iludem os eleitores. No entanto, para isto temos um passado de ações, construídas em vários anos de oportunidades, onde as palavras não correspondem às ações, e nisto está a vontade de fazer diferente, votar diferente e acreditar naqueles que as palavras ainda não se tornaram ações; portanto podem ser boas ações, se a razão dominar a emoção e as ações forem pensadas, bem mais do que as palavras, já soltas ao vento, modelando com isto as próximas falas com mais responsabilidade e bom senso.

A educação vem principalmente pelo exemplo; antes, logo no princípio da vida, exemplos dos pais, os quais mesmo sem perceber, os filhos, em geral, copiam seus gestos e imitam suas ações, ainda que não compreendam suas palavras.

Ao passar do tempo, esta educação é continuada nas escolas e instituições de ensino, onde a metodologia de respeito, aprendizagem, ética, moral e civismo precisa ser embutida com exemplos, disciplinas e amor, afinal, não estão educando simples crianças inocentes, mas estão preparando pessoas que crescem e aprendem cada dia, formando assim, as personalidades, reflexo da família, sociedade e da escola.

Não adianta deixar crianças crescerem soltas, como plantas daninhas, e apenas depois, quando já tiverem uma personalidade formada, quererem impor as leis, os direitos e principalmente os deveres de cidadão. “É de pequeno que se desentorta o pepino”.

Crianças merecem e necessitam dos melhores exemplos, para que tenham algo bom para imitar; entendendo desde pequenas que seus direitos terminam, onde começam o direito dos outros. Pois só desta maneira teremos um futuro bom, com boa educação e principalmente com bons exemplos.

*Psicóloga, palestrante, escritora, servidora pública, esposa, mãe e cega com grande visão interna.

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O bom paraibano

Walber Aguiar*

“Alguém é tanto mais santo quanto mais humano seja.” (Caio Fábio)

Três horas da tarde. O primeiro passou de largo, o segundo afastou-se, o terceiro estendeu a mão e tocou as chagas do ferido. Os homens da religião, sacerdote e levita, estavam apressados demais para se aproximar do que fora vitimado pelos ladrões de estrada. Os homens públicos também.

Aqui também eram três horas da tarde. Homens caídos à margem. Gente vitimada pelos ladrões de gravata, pelos bandidos de colarinho branco; aqueles que fazem grandes saques, que desviam o dinheiro público, que compram votos, que agem com cinismo e tripudiam sobre os miseráveis; que engordam seus corações em dias de matança.

Ora, sacerdotes e levitas modernos fazem parte da religião institucionalizada. Vivem do legalismo, inventam doutrinas, louvam a estupidez numérica, as grandes massas humanas manipuladas em nome do sagrado. Preocupam-se apenas com o grande guarda chuva denominacional. Assim, para não chegarem atrasados, desprezam os desgraçados desse mundo.

Da mesma forma, outras instituições passam de largo. O legislativo não vota assuntos de interesse dos “párias”, do povo que vota e se mantém encurralado por quatro anos. O executivo abandona a patuléia quando elabora esquemas de lavagem de dinheiro, licitações viciadas, concursos de fachada e não cuida da segurança, da saúde, da educação e da cultura.

No entanto, ainda existem bons samaritanos e bons paraibanos. Gente que deixa seus afazeres, que ainda consegue parar e pensar no humano que carrega no peito. Sem toga, capa ou manto religioso, eles “perdem” tempo com os caídos e marginalizados, com aqueles que o sistema esqueceu e a vida empurrou para um canto.

Nos dias de Jesus temos o bom samaritano, nos dias atuais o bom paraibano. Rocelito Vito Joca, defensor público, usou o remédio jurídico que conhecia para tocar as feridas do detento, do desprezado, do homem esquecido pelo braço institucional. Parou seu incansável percurso jurídico e resolveu que, antes de se importar com o papel frio e sem vida, se importaria com o indivíduo estigmatizado pela dor e pela injustiça.

Quanto mais santo mais humano, “quanto mais cabra mais cabrito”, como diz o Rocelito…

*Poeta, advogado, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras. [email protected]

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Para que serve o PPRA?

Marlene de Andrade*

“Consagre ao Senhor tudo o que você faz, e os seus planos serão bem sucedidos.” (Provérbios 16:3)

O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais/PPRA serve para orientar o empregador quanto às medidas preventivas que devem ser implementadas dentro das empresas.

Os riscos contemplados dentro do PPRA devem ser verdadeiros e não inventados. O risco ergonômico citado dentro do PPRA é errado. Qualquer empregador que receber PPRA ou o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional/PCMSO, declarando esse risco, deve questionar ao profissional que o assinou, se ele tem pós-graduação em ergonomia, pois caso contrário esse técnico não pode citá-lo e o empresário deve ficar atento porque, geralmente o PPRA vem com riscos inexistentes, os quais nada têm a ver com as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego/MTE.

As empresas têm obrigação de realizar o PPRA e o PCMSO, mesmo que só possuam apenas um funcionário e os mesmos devem ser regidos pela CLT, caso contrário não há obrigatoriedade de se executar esses programas. Esses documentos devem quantificar os riscos ambientais que porventura existam dentro da empresa, porém é inconcebível inventar riscos que não existam, mas isso não quer dizer que o PPRA não deva citar outras Normas Regulamentadoras do MTE, quando necessário for.

E tem mais: O PPRA e o PCMSO têm a ver com o E-Social, inclusive a Análise Ergonômica do ambiente de trabalho e o Laudo de Insalubridade e Periculosidade, mas são poucas empresas aqui em Roraima, as quais são obrigadas pagar insalubridade e periculosidade.

O PPRA antecipa, reconhece, avalia e faz controle dos eventuais riscos ambientais existentes dentro da empresa para que não venham ocorrer acidente de trabalho. Esse documento tem ligação direta com o PCMSO.

Portanto, realizar PPRA é importante, porque levanta os problemas de segurança e o que fazer para prevenir doenças em relação à segurança e à saúde no trabalho, a fim de buscar preservar a integridade física dos trabalhadores, pois se o empregador cuida bem dos ambientes de trabalho estará evitando acidentes de trabalho. Sendo assim, colocar um simples corrimão pode evitar graves acidentes.

Depois de reconhecidos os riscos dentro da empresa, o médico com Especialidade em Medicina do Trabalho, reconhecido pela Associação Nacional de Medicina do Trabalho/ANAMT, ou por ter realizado Residência Médica em Medicina do Trabalho e que seja portador de Registro de Qualificação de Especialidade/RQE, vai relacionar que exames devem ser realizados nos trabalhadores da empresa, devido aos riscos reconhecidos no PPRA. Contudo, o empresário deve entender que esses exames são mínimos e que as maiorias das empresas não precisam realizar nenhum exame laboratorial que não esteja relacionado nas NR/MTE, pois o que passar disso é fraude e comércio ilegal de exames.

*Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT – CRM-339 RQE-341 e Técnica de Segurança do Trabalho/Senai-IEL

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A mente humana

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“A mente humana é como um paraquedas. Só funciona quando aberta”.

Foi em mil novecentos e sessenta e oito. Eu estava num exame, em Taubaté – SP, para um vestibular. Era um exame de português. Quando me sentei à mesa, a examinadora olhou pra mim e perguntou esquisitamente:

– O que é que faz uma música se tornar clássica?

Olhei pra ela, ergui as pestanas, e não me lembro que resposta eu lhe dei. Mas achei muito esquisita a pergunta, numa prova de português. Esquisito pra dedéu. Tempos depois dei risadas, com a reação da minha amiga e colega de classe, Munira. Ela era israelense. Estudávamos no Curso Barão, ali na Rua Barão de Itapetininga, em Sampa. Inscrevemo-nos, eu e ela, para um curso na Faculdade Álvares Penteado. Só que eu nunca estive interessado em fazer nenhuma faculdade. Inscrevi-me pressionado, pela Munira. Só que no dia do exame, ela compareceu, e eu não.

Na semana seguinte a Munira chegou ao Curso, braba comigo. Mas mais braba com a Faculdade. Antes de brigar comigo por não ter comparecido ao exame, ela desabafou:

– Afonso… Você acha mesmo que tem sentido, uma coisa dessas? Você teria respondido a essa pergunta num exame para uma faculdade? “Como era os nomes dos três sobrinhos do Pato Donald”. Tem cabimento uma pergunta dessas?

Rimos e só aí a Munira me deu a bronca por eu não ter ido fazer o exame. E talvez porque ela não soubesse os nomes dos sobrinhos do pato Donald, não passou no exame. Na verdade, nunca me interessei por cursos superiores. Naquele curso pré-vestibular que fiz, com a Munira e muitos outros amigos, o que me interessava era o nível do nosso curso. Era um curso pré-vestibular, porque ele preparava os jovens para os primeiros vestibulares. E foi naquele curso que estudei com os maiores professores das maiores faculdades de São Paulo. O Alpheu Tersariol foi meu professor durante dois anos. Hélio Silveira, que apresentava um programa de cultura na TV Cultura, foi meu professor de gramática, também por dois anos. E todos no Curso Barão. Foi o Hélio Silveira que me levou para uma palestra que ele estava dando na Biblioteca Mário de Andrade, sobre Macunaíma. E foi ele, o Hélio Silveira, que naquela noite, no mês de maio de 1968, me apresentou ao poeta Guilherme de Almeida.

Guilherme de Almeida faleceu exatamente um ano depois. Mas antes me doou quatro dos seus livros. Estou apenas revivendo momentos felizes da minha vida, nas lembranças. E são os bons momentos que nos armazena lembranças que mais cedo ou mais tarde, escorregam pelos olhos e nos trazem o passado para o presente. Seja feliz. “Você pode, se achar que pode.” Pense nisso.

*Articulista

[email protected]

99121-1460