Jessé Souza

Mundo da degola e desesperanca 6175

Mundo da degola e desesperança A execução de mais uma jovem, que aos 17 anos já era mãe, a qual foi degolada e teve o corpo enterrado em cova rasa nas cercanias de Boa Vista, é a sequência de uma guerra perdida pelas autoridades de segurança pública. E não só isso. Mostra que inexiste uma política social do governo direcionada para adolescentes, a fim de que eles e elas não sejam cooptados por facções criminosas no momento de transição de suas vidas para a juventude.

A adolescência é um momento crucial para qualquer ser humano, pois é nesse período que começam as grandes transformações na vida para o desenvolvimento do indivíduo, a fim de prepará-lo para a vida adulta. Como a família não tem cumprindo o seu papel, a sociedade não sabe o que fazer e o governo não tem uma política voltada a esse público, o mundo do crime encontra presas fáceis para cooptar jovens e adolescentes.

É isso o que tem sido visto nos bairros da cidade, onde adolescentes ociosos e sem perspectiva de vida acabam encontrando na droga uma fuga e um mundo de ilusões, o que significa a senha de entrada para a marginalidade e, logo em seguida, para as facções criminosas.

As escolas deixaram de ser atrativas para a infância, por falta de estrutura adequada e até mesmo de merenda escolar, favorecendo uma vida escolar medíocre para adolescentes que não conseguem enxergar um futuro promissor nas escolas cercadas pelas drogas, violência e a malandragem. É por isso que o governo está lançando as escolas nas mãos dos militares como única saída diante da incompetência dos governantes.

O órgão que cuida das ações sociais do governo há tempos perdeu a conexão com a sociedade, não fomentando nem investindo em programas para menor aprendiz, cursos técnicos, programas sociais para adolescentes e sequer conseguiu levar adiante o programa que concedia bolsa de estudos para os jovens.

Há um flagrante desleixo governamental com jovens e adolescentes que cada vez mais são cooptados pelo crime organizado. A guerra entre facções criminosas na disputa pelo tráfico de droga também reflete a ausência de política pública para este setor da sociedade. E não há perspectiva de que essa realidade seja transformada.

São garotas de famílias humildes sendo executadas por outras garotas de facção rival. São rapazes que nem tiveram tempo de ser delinquentes porque já passaram direto para o crime. Sem saber o que fazer, o governo aposta somente em ações policiais porque a sociedade acaba achando que a violência só será combatida com mais polícia nas ruas. Nesse jogo de engana, o cenário só piora.

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