Jessé Souza

Meme e agua para rolar 6033

Meme e água para rolar Quem assistiu aos discursos do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) quando ele esteve em Boa Vista, na semana passada, pôde comprovar que ele não tem um projeto definido para o Brasil e muito menos para Roraima, a não ser repetir os jargões já conhecidos, como mineração em terras indígenas, união de índios, não índios, negros, pardos etc., além da construção de campos de refugiados para os venezuelanos.

Mas boa parte de sua fala foi contra o ex-presidente Lula, o PT e o “comunismo” (entre aspas porque essa palavra ganhou significado de antipetismo). Traduzindo, Bolsonaro se tornou o candidato dos antipetistas, e assim ele deverá levar sua campanha eleitoral, esquivando-se dos debates sobre o que ele realmente pensa e quer do Brasil, caso eleito.

Bolsonaro não tem um discurso convincente nem o carisma suficiente para arrebanhar todos aqueles que querem realmente um país longe da violência, com menos corrupção e com a família sendo respeitada como uma instituição, como prezam os cidadãos de bem que creem num país melhor.

Seu discurso é muito distante dos rompantes idolatrados pelos seus seguidores, quando contestado e criticado, o que o torna um “meme” que viralizou. É mais ou menos isso: as pessoas querem um “meme” no poder. Por isso mesmo ele não deve empolgar novos adeptos para o “Bolsomitismo” quando a campanha eleitoral propriamente dita começar e assim ele terá que fazer discursos seguidos na TV e Brasil afora.

Muita água ainda vai rolar por debaixo dessa ponte até os nomes de todos os candidatos a presidente estiverem definidos, pois, embora continue preso até a campanha eleitoral começar, Lula não está morto; assim como os candidatos da direita ainda devem montar estratégias para tentar se livrar do espantalho chamado Michel Temer (MDB), o presidente mais impopular da história. Até o ex-ministro do Supremo, Joaquim Barbosa, já entrou no páreo.

Às vezes torna-se curiosa a forma como muitos combatem Bolsonaro, uma vez que a internet já comprovou que não se combate um “meme” que viralizou. Além disso, os antipetistas são Bolsonaro de carteirinha e não se pode mudar a cabeça deles. Mas uma eleição não se ganha apenas sendo isso, é preciso muito mais, além de toda uma conjuntura.

É necessário, sim, combater todos os tipos de preconceito, racismo, xenofobia, machismo e outros ismos pelos quais Bolsonaro é criticado, e isso vem sendo feito de alguma forma com os processos que ele responde na Justiça. Não se combate esse tipo de candidato com ataques desesperados, e sim por meio de propostas e esclarecimentos. Mas a campanha eleitoral será esse momento de mostrar em quem realmente confiar o futuro do Brasil – se em um “meme” ou não.

*[email protected]: www.roraimadefato.com,br