Minha Rua Fala

FAZENDEIROS SEBASTIAO DINIZ e O CORONEL PINTO 2499

FAZENDEIROS SEBASTIÃO DINIZ e O CORONEL PINTOPersonagens da nossa História

SEBASTIÃO DINIZ: – Em 1861 o fazendeiro Sebastião José Diniz transferiu-se da Ilha de Marajó, no Pará, para o vale do rio Branco (Roraima), trazendo grande quantidade de bois, cavalos, ovelhas e aqui fundou mais de vinte fazendas. Dentre elas as Fazendas: Flechal, Ponta da Serra, Maruaí, Jutaí, Jacitara, Truaru, Pau-Rainha, Iracema, Santa Adelaide, Bonfim e outras na região da Serra da Lua.

Sebastião Diniz foi também pioneiro no transporte fluvial do rio Branco, com lanchas a vapor em viagens de Boa Vista a Manaus e de lá até Belém, no Pará. Com seus próprios recursos financeiros ele  ajudou na ocupação desta região, além de haver, com uma equipe de 52 homens, feito a primeira estrada de terra (uma picada no meio da selva) partindo de Manaus até Boa Vista. E, para trabalhar em suas fazendas no rio Branco, foi buscar famílias nos estados nordestinos, onde ele fez circular notícias sobre a agropecuária e a riqueza dos nossos lavrados.

Nas longas viagens do Nordeste até Boa Vista, ele fornecia as passagens, alimentação e roupas. E, quando as famílias eram levadas para suas fazendas no interior, ele providenciava a construção de moradias e participação na criação do gado. Assim foi com as famílias: Terêncio Lima; Pereira de Melo – vindos da cidade de Bananeiras, na Paraíba; Severino Pereira da Silva (Severino Mineiro – fundador do Uiramutã e patriarca da família Sales em Boa Vista); Família Piauí – os descendentes do velho Piauí; e, vindos do Rio Grande do Norte – Oliveira Brito –; e vindos do Ceará: João Evangelista de Pinho e os Alves dos Reis, o Joaquim Gomes (Joaquim Vermelho), o Roberto Costa e irmão; e muitas outras famílias.  

Os nomes de Sebastião Diniz e o de Terêncio Lima estão ligados à primeira estrada de Manaus a Boa Vista. Sob a chefia de Terêncio Lima, 52 homens, entre Topógrafos e trabalhadores braçais, percorreram 815 quilômetros, sendo 761 km em mata virgem do Amazonas e 54 km nos campos de Roraima. Foram 14 meses de caminhada, iniciando em 13/11/1893 e concluída no dia 13/01/1895.

Nesta viagem, eles atravessaram 9 rios caudalosos e 734 igarapés, e fincando no solo 816 marcos quilométricos em toda a extensão. Tudo isto, usando apenas machados, facões, terçados, foices e enxadas. A picada desenvolveu-se cortando os rios no Amazonas: Tarumã, Cueiras, Urubu, Uatumã; e, já nas terras de Roraima, os rios: Jauaperí, Anauá, Baraúna, rio Branco e rio Mucajaí.

A estrada que eles, sacrificadamente, fizeram já não existe mais. A estrada partia de Manaus até a hoje localidade de Novo Paraíso, e de lá seguia para a Serra da Lua, passando por onde hoje estão as colônias Confiança I, II e III, e, vinha até o Cunhã-Pucá. Do total de 52 homens, apenas 18 conseguiram chegar a Boa Vista, e mesmo assim, em estado deplorável de saúde e fome, alguns vinham carregados nos ombros dos companheiros e outros, praticamente, se arrastando. Os demais, lamentavelmente, ficaram para sempre na imensidão da selva. Dentre os sobreviventes e que conseguiu cumprir a jornada de trabalho, estava o Antonio Terêncio Lima. Por seu trabalho, Sebastião Diniz deu-lhe várias fazendas e gado.

CORONEL PINTO: Seu nome era Manoel Pereira Pinto, nascido no dia 31 de agosto de 1864 em Coimbra – Portugal. Ainda jovem o Manoel Pinto veio para o Brasil, precisamente para o Grão-Pará (à época, a região composta pelas províncias do Pará, Amazonas, e parte do Maranhão). Em Belém do Pará, Manoel Pinto ingressou na Guarda Nacional, em pleno período Imperial de Dom Pedro II, chegando ao posto de Coronel da Guarda Nacional, daí o nome: Coronel Pinto. Após deixar a vida militar, o coronel Pinto comprou várias propriedades rurais na Ilha de Marajó, onde conheceu e casou com a senhora Maria Diniz de Lima Pinto – filha do rico fazendeiro Sebastião Diniz.

O coronel Pinto veio para Boa Vista e, em seguida foi para a região da Serra da Lua, no Cantá (onde sua esposa Maria Diniz, tinha herança de terras deixadas pelo o pai Sebastião Diniz). O casal foi proprietário de várias fazendas com grande extensão de terras, e tiveram os filhos: Ernesto, Ernestina, Aurélio, Aurelina, Joaquim, Regina, Branca, Manoel Parimé, e Manoel Vitorino Pereira Pinto (este último filho, o “Vitorino Pinto” foi por muitos anos Tabelião do primeiro Cartório em Boa Vista. Era casado com a senhora Blandina Castelo Branco Pereira Pinto – conhecida como “Tia Nazinha”).

Após ficar viúvo, o coronel Pinto, deixou a região da Serra da Lua e se mudou em definitivo para Boa Vista, onde foi contratado pela Prefeitura para exercer a atividade de “Guarda-livros” (Contador, o contabilista de Finanças). Ele fazia a contabilidade fiscal da Prefeitura e de várias propriedades dos fazendeiros em Boa Vista.

Manoel Pereira Pinto, o Coronel Pinto, foi um dos fundadores da primeira Loja Maçônica de Roraima (a hoje Loja Liberdade e Progresso nº1, na rua que leva seu nome). Ele faleceu em Boa Vista no dia 05 de maio de 1965.