Jessé Souza

Chegamos na encruzilhada 6053

Chegamos na encruzilhadaA crise humanitária na Venezuela, com o êxodo em massa dos venezuelanos para Roraima, é um grave problema que acabou por obrigar o Governo Federal a olhar para o Estado no Extremo Norte brasileiro, sempre esquecido das ações governamentais. O desleixo com este pedaço do Brasil pôde ser comprovado a partir da demora da União em adotar medidas a fim de socorrer os governos e população locais.

Não só a fronteira com a Venezuela, ao Norte, mas também com a Guiana, a Leste, nunca havia recebido a atenção devida, geralmente com funcionários federais enviados para lá como forma de castigo, e não como missão a ser cumprida com louvor. E as portas sempre estiveram abertas para o cometimento de todo os tipos de crime.

Quando a Venezuela vivia seus anos de riqueza com a exploração do petróleo, eram os brasileiros que faziam fila para passear, fazer compras e até mesmo morar no país vizinho. E o contrabando de gasolina e de outros produtos era a maneira que muitos roraimenses encontraram para ganhar dinheiro.

A crise naquele país acabou provocando esse êxodo em massa de venezuelanos, fazendo reverter o movimento na fronteira, desta vez com venezuelanos fugindo da miséria e buscando recomeçar a vida em Roraima. Além do abandono histórico por parte do Governo Federal, a ineficiência dos governos locais permitiu que a crise se agravasse diante do sucateamento dos setores públicos, em especial a segurança e a saúde.

Antes da crise imigratória, a saúde pública já vivia no caos, o que se ampliou com a chegada de mais gente no Estado. A segurança pública também sofria seus percalços, com crise no sistema penitenciário e avanço do crime organizado, o que terminou por piorar o que já vinha ruim.

Agora não há mais como esconder as grandes deficiências nem se admite mais que os políticos e governantes se omitam diante das responsabilidades, embora eles tentem se esquivar de várias formas. E o Governo Federal foi chamado à responsabilidade e não tem mais como se omitir nas grandes questões enfrentadas por Roraima.

Então, esse é o momento de todos buscarem soluções. Chegamos na encruzilhada e com os olhos do mundo voltados para essa movimentação na fronteira norte diante da crise humanitária na Venezuela. É hora de aproveitar os holofotes para cobrar e lutar pela resolução de problemas históricos, ampliados por essa chegada em massa de estrangeiros.

Estamos pagando um preço caro pela imigração desordenada, mas podemos sair dela mais fortalecidos se houver realmente governos e instituições empenhadas em encarar os desafios. Não há mais outra alternativa senão buscar soluções diante das omissões históricas dos políticos e dos governantes. O tempo urge.

*[email protected]: www.roraimadefato.com,br