Jessé Souza

Caminhando para tras 6295

Caminhando para trás Fica maçante comentar, quase todos os dias, sobre as dificuldades do Estado de Roraima, uma vez que os maiores problemas são os mesmos desde o tempo de Território Federal, quando não tínhamos autonomia administrativa. Apesar da emancipação desde 1988, continuamos dependentes de Brasília, das transferências de recursos federais, mas bem longe da realidade de quando montanhas de recursos chegavam no tempo de Território.

Embora pareça enfadonho remoer os percalços dos roraimenses, que vêm de longas datas, é necessário que as discussões sejam retomadas sempre que possíveis, para que a sociedade lembre-se da imobilidade de nossos políticos e principalmente daqueles que chegam ao Governo do Estado e acabam envolvidos com seus interesses particulares e inconfessáveis, enquanto as demandas da coletividade são colocadas de lado.

Embora a crise nacional encubra momentaneamente os debates locais, concentrando as atenções da opinião pública em um possível desabastecimento e na mobilização dos caminhoneiros, a realidade pede uma reflexão sobre os políticos que temos e aos desmandos que permitiram cada Estado e o País chegarem a este momento crítico. Em Roraima, nossos problemas só se avolumam e os crimes com sinais de execução já não incomodam ninguém, como se a criminalidade não fosse mais um grave sinal de que estamos afundando mais.

Os riscos iminentes de falta de óleo diesel para as termelétricas nos remetem à inexistência de uma energia elétrica segura, com um Estado movido por caríssimos geradores, mostrando que Roraima parou no tempo desde quando apostou exclusivamente na energia vinda da Venezuela, país que faliu e não consegue mais abastecer a demanda de um Estado que não chega a meio milhão de habitantes. Voltamos no tempo.

Enquanto o Estado não consegue sair de um passado sem estrutura, como se estivesse patinando dentro da lama da incerteza e incompetência política, nada avança para melhor, ao contrário dos desmandos, violência e carência dos setores públicos na prestação de serviços essenciais, além de uma economia frágil, que depende do pagamento do funcionalismo público, este vivendo na dura incerteza se vai receber em dia ou não.

É por isso que a manifestação dos caminhoneiros nos chama a uma avaliação sobre o que queremos daqui para frente, principalmente no contexto do Estado de Roraima, onde estamos caminhando para trás, com os governantes indo de pires na mão querendo recursos da União, como se fosse no tempo de Território. Somos um Estado caranguejo, mas parece que nada mais comove… * [email protected]: http://roraimadefato.com/main/

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