Política

Cabos eleitorais de Anchieta reclamam de falta de pagamento

Segundo eles, além do atraso no pagamento, que era para ter saído no último dia 30, teriam passado por humilhações dos organizadores da campanha

JÉSSICA LAURIE e ÉLISSAN PAULA RODRIGUES
Um grupo de cabos eleitorais contratados para a campanha eleitoral do candidato derrotado ao Senado, Anchieta Júnior (PSDB), se reuniu na manhã desta sexta-feira, dia 17, em frente ao antigo comitê eleitoral, na avenida Santos Dumont, bairro São Pedro, para cobrar pagamento pelos serviços prestados. Segundo eles, além do atraso no pagamento, que era para ter saído no dia 30 do mês passado, eles foram “humilhados” pelos organizadores da campanha.
“Nós trabalhamos para o Anchieta e eles vêm enrolando, enrolando, e não pagaram a gente! Desde o dia 30 o pagamento vem sendo adiado. Ontem recebemos uma ligação do comitê informando que o dinheiro acabou”, (SIC).
Conforme os trabalhadores, mais de mil pessoas ainda não receberam salários que supostamente variam entre R$ 1.200,00 – para os líderes de equipe – e R$ 500,00, para os membros dessas equipes.
Representantes destes trabalhadores disseram que esta não foi a primeira vez que um incidente semelhante ocorreu. “Fomos contratados por dois meses e no primeiro mês saiu atrasado. Eles pagaram em cheque e todo mundo teve que gastar o próprio dinheiro para vir descontar no banco. Foi uma briga no banco porque era muita gente de todos os partidos recebendo de uma vez só”, (SIC).
O grupo explicou à Imprensa que além do atraso no pagamento, durante toda a campanha eles foram obrigados a trabalhar além do acordado e fora das condições mínimas estipuladas pela Superintendência do Trabalho. “Durante a campanha nós fomos todos os dias para as ruas. Não tínhamos hora para chegar em casa. Disseram que eram duas horas para trabalhar de manhã e duas de tarde. Sabe que horas nós chegávamos em casa? Nós saíamos de manhã e chegava três, quatro horas da manhã. Quando nós íamos para o Interior, nós chegávamos 5 horas da manhã. Nós éramos humilhados. Nós dormimos na praça, no relento, no chão. Mas ficamos até o último dia! E cadê nosso dinheiro?”, (SIC)
Conforme os relatos houve ainda desvio de função. “Todo mundo foi trabalhar porque afirmaram pra gente que tinha equipe nos interiores. Quando começou a campanha e a equipe não foi suficiente para o interior, o pessoal do Pérola [Conjunto Habitacional situado no bairro Dr. Airton Rocha], as periferias, que teve que ir”, (SIC).
Os trabalhadores ainda acusaram os líderes de equipe de desvio do pagamento. “Nos interiores a gente dormia no relento, embaixo das árvores. Sem comer, sem ajuda. Do dinheiro que era para nós recebermos, que era R$ 100,00, só chegava R$ 30,00 ou R$ 20,00 e o resto eles embolsavam. E ainda faziam chantagem! Falaram que se nós reclamasse muito não voltava no ônibus para cidade. A gente ficou calado até hoje, mas não dá mais! Isso é um absurdo!”, (SIC).
A movimentação das pessoas em frente ao antigo comitê chamou à atenção do procurador regional eleitoral, Igor Miranda, que passava pelo local, e parou para conversar com alguns populares. Em seguida, uma equipe do MPE (Ministério Público Eleitoral) foi até onde os cabos eleitorais estavam se manifestando e colheu depoimentos das pessoas. Nenhuma informação oficial sobre o fato foi repassada pelo órgão à Imprensa.
OUTRO LADO – A Folha procurou o ex-governador Anchieta Júnior para se manifestar acerca das acusações, mas ele minimizou as queixas e disse que os pagamentos já estariam sendo feitos, ainda na manhã de ontem. “O contador está indo pra lá e vai cumprir com o pagamento de todos os contratos. A prestação de contas deve ser feita até o dia 04 de novembro, até lá ainda estamos recebendo doações de campanha e por isso os pagamentos ainda estão sendo feitos”, justificou.