Cotidiano

Voluntários ajudam Polícia Federal a atender imigrantes que pedem refúgio

Uma das entidades que ficou responsável por selecionar e enviar voluntários foi o Centro de Migrações e Direitos Humanos da Diocese

O agravo da crise econômica, a repressão e o aumento da violência na Venezuela têm causado uma migração cada vez maior no Brasil. Em sua maioria, pela proximidade. Os estrangeiros buscam melhor qualidade de vida no Estado de Roraima. Só em 2016, mais de dois mil venezuelanos se dirigiram à sede da Polícia Federal para solicitar o refúgio. A demanda, no entanto, não era esperada pelos servidores do órgão.

Diante do caso, um entendimento entre órgãos e entidades do Estado foi firmado após a visita de autoridades federais e de representantes da Organização das Nações Unidas (ONU), quando foi decidido que voluntários seriam chamados para ajudar os servidores da PF a preencher os formulários e recepcionar os documentos dos estrangeiros. Uma das entidades que ficou responsável por selecionar e enviar voluntários foi o Centro de Migrações e Direitos Humanos (CMDH) da Diocese de Roraima.

Por um pedido do CMDH à Polícia Federal, a entidade já vinha trabalhando junto aos imigrantes e ajudando na questão da documentação, principalmente no preenchimento no formulário de solicitação de refúgio, tendo em vista o tempo que os imigrantes precisam esperar para o agendamento. “Chegou a ter mais de um ano de demora entre marcar e entrar com a solicitação, porque a PF não estava estruturada para a demanda que surgiu”, disse a coordenadora da entidade, Irmã Telma Lages.

A partir do pedido, ela explicou que a Polícia Federal enviou uma força tarefa de dez agentes extras de Brasília. Telma ressaltou que, às vezes, a demora era causada por imigrantes que chegavam ao órgão sem formulário, faltando algum dado, foto ou sem preenchimento. Há cerca de um mês, o trabalho foi então assumido pelo CMDH junto à Pastoral Universitária e o Grupo de Estudos Interdisciplinar de Fronteiras (Geifron), da Universidade Federal de Roraima (UFRR).

“Nesse pouco mais de um mês, a gente conseguiu realizar cerca de seis mil atendimentos. São 150 formulários por dia, em média”, frisou a religiosa. A equipe voluntária atua em uma sala específica no prédio da Polícia Federal. Na fila de espera, Irmã Telma informou que já é realizada uma triagem aos que precisam de formulário, de ajuda para preencher e de foto. O CMDH conta com cerca de 20 voluntários.

“Isso mostra que a sociedade civil, quando se organiza, consegue ajudar o governo a cumprir o seu papel. É importante que a gente possa realmente unir esforços para dar um atendimento mais humano a essas pessoas”, destacou. (A.G.G)