Cotidiano

Venezuelanos dormem em praça

As famílias de venezuelanos disseram que não vão para abrigo porque no local há muitos conflitos

Dezenas de imigrantes venezuelanos estão vivendo na Praça Simon Bolívar, que faz a interseção das avenidas Brasil, Venezuela e das Guianas. Os próprios venezuelanos com quem a Folha conversou disseram que até 300 pessoas, entre homens, mulheres e crianças, estão acampadas no local que leva o nome do chefe das revoluções que libertaram diversos países sul-americanos, incluindo a Venezuela.

Lá, eles dormem em colchões e papelões no chão e nas redes atadas nas árvores. Entre as pessoas com quem a Folha teve contato, existem muitas com qualificação profissional, como engenheiros de produção, técnicos de informática e petroleiros.

Há uma semana em Boa Vista, o técnico petroleiro Ismael Ramirez, a esposa e dois filhos menores de idade estão em busca de um lugar melhor para dormir. “Eu e minha família estamos há apenas uma semana aqui no Brasil. Viemos para cá porque não dava mais para viver na Venezuela. Agora estou procurando um emprego para depois alugar um apartamento”, relatou.

Com mais tempo na capital, Júnior Beiou, de 34 anos, engenheiro de informática, explicou porque não optou por se abrigar no Centro de Referência ao Imigrante. “Eu, minha esposa e meu filho preferimos ficar aqui na praça, enquanto conseguimos renda para alugar uma casa. No abrigo, acontecem muitos desentendimentos, roubos e furtos”, disse. As famílias temem pela segurança, já que estão ao ar livre, mas afirmam que o Centro de Referência ao Imigrante não é uma boa opção.

GOVERNO – A Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil (Cepdec) informou que está planejando uma reunião com os Órgãos da Secretaria Estadual de Segurança Pública com objetivo de traçar um plano de ação para melhor atender o fluxo migratório que foi intensificado nos últimos dias.

“Nesse sentido, estamos aguardando manifestação do Governo Federal para possibilitar e intensificar as ações de Defesa Civil com relação aos efeitos negativos do crescente fluxo migratório e, após a reunião definida com os órgãos de segurança, a CEPDEC irá se manifestar com posicionamento sobre a permanência dos venezuelanos em praças públicas”, disse.

Informou ainda que, até o momento, foi realizado um único repasse de R$ 480 mil pelo Governo Federal, por meio do Ministério de Desenvolvimento Social, para subsidiar as ações junto aos imigrantes venezuelanos em Roraima. “O Governo do Estado já está pleiteando novo aporte de recursos junto ao Governo Federal, que se encontra em análise no Ministério do Desenvolvimento Social, que serão destinados à manutenção das ações junto aos imigrantes venezuelanos”, concluiu.

PREFEITURA – A Secretaria Municipal de Gestão Social (Semges) informou que tem promovido abordagens sociais nas ruas e em algumas praças da capital orientando os imigrantes venezuelanos quanto à permanência deles nesses locais, além de fazer os encaminhamentos necessários. “As abordagens têm como base pedidos da própria população, que tem cobrado atos de retirada dos estrangeiros dos espaços públicos, para evitar a depredação desses locais”, justificou.

A Prefeitura de Boa Vista promove ainda diversas ações de amparo aos venezuelanos em áreas como educação, por meio das matrículas de crianças na escola, de saúde, com atendimentos nos postos de saúde e Hospital da Criança Santo Antônio e no social, com o levantamento e cadastramento junto aos programas sociais, porém, a inclusão em programas e projetos sociais requer a regularização no país. (E.S)

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