Cotidiano

Venezuelanos continuam ocupando as praças públicas no Centro de Boa Vista

Aproximadamente 50 venezuelanos entre adultos e crianças estão vivendo de forma improvisada na área central de Boa Vista

Boa Vista continua sendo refúgio para muitos venezuelanos que estão fugindo da fome e pobreza em seu país. Todos os dias eles desembarcam na Rodoviária Internacional José Amador de Oliveira – Baton, no bairro 13 de Setembro, zona sul da Capital, em busca de melhores condições de vida, trazendo consigo diversas incertezas. Por conta da imigração desenfreada, o forte impacto social tem sido perceptível na Capital, como a ocupação de diversos pontos da cidade, entre eles as praças públicas no Centro. 

Ontem, 27, a Folha percorreu as praças do Centro Cívico e Capitão Clóvis, onde estão aproximadamente 50 imigrantes entre adultos e crianças. Lá eles utilizam o espaço de forma coletiva, fazendo suas necessidades básicas do dia a dia e como habitação improvisada. Para orientar os venezuelanos quanto à permanência nos locais públicos, equipes da Secretaria Municipal de Gestão Social (Semges) realizam ações em algumas praças a fim de que eles busquem abrigo e refúgio em outros lugares, além de ações da Guarda Civil Municipal (GCM) que já resultou na retirada das dezenas de famílias de venezuelanos que haviam montado acampamento improvisado nas praças.

Há duas semanas em Boa Vista, a jovem Andry Perez, 21 anos, de Ciudad de El Tigre, Estado de Anzoátegui, disse que veio em busca de emprego para ajudar na situação financeira da família em sua cidade natal. Ela disse que desde que chegou vive nas praças do Centro por não ter como pagar por uma habitação digna para viver. “Eu decidi vir para trabalhar, mas ainda não consegui, rezo para que consiga logo. Por enquanto, estou sobrevivendo com ajuda de pessoas boas”, comentou.

A venezuelana Minerva Laguna, 50 anos, veio de Ciudad de Bolívar há dois meses também em busca de melhores condições de vida junto com seus quatro filhos (três que vivem com ela e um que foi para Manaus em busca de emprego). À noite eles dormem na casa de uma boa-vistense que cedeu espaço de sua casa e, durante o dia, quando não está à procura de emprego, fica nas praças públicas. Questionada se por alguma vez já procurou moradia nos abrigos, ela disse que prefere estar nas praças. “Lá tem muita gente, por conta disso dá muita confusão. Eu tenho medo”, disse.

Por outro lado, comerciantes do Centro reclamam da movimentação dos venezuelanos. Uma comerciante disse que tem sofrido prejuízos. “Ontem mesmo eu cheguei aqui e dois deles estavam dormindo em cima do meu carrinho de lanchonete. Eles já quebraram um. Ao redor, eles sempre fazem as necessidades deles”, reclamou.

GOVERNO – Por meio de nota, a Defesa Civil esclareceu que a retirada de venezuelanos das praças e ruas da Capital é responsabilidade da Prefeitura Municipal de Boa Vista. Informou que três abrigos são gerenciados pelo Governo do Estado, em parceria com Organizações Não Governamentais. Juntos, acomodam uma média de mil pessoas, entre mulheres, homens, adolescentes, crianças, idosos e indígenas.

PREFEITURA – A Secretaria Municipal de Gestão Social (Semges) informou que tem promovido abordagens sociais frequentes, a fim de fazer a orientação e encaminhamentos necessários. “Essas ações têm como base pedidos da própria população, que tem cobrado atos de retirada dos venezuelanos dos espaços públicos, para evitar a depredação desses locais”, frisou.

Destacou que o Governo Federal estuda a criação de abrigos para atender aos imigrantes venezuelanos. Frisou que, no momento, os estrangeiros têm à disposição o Centro de Referência ao Imigrante, administrado pelo Governo do Estado, localizado no bairro Pintolândia. (E.M)