Cotidiano

UFRR anuncia primeira patente registrada

Patente foi para carbonizador destinado a produzir nutrientes e pulverizador para plantas na agricultura familiar

A pesquisa desenvolvida pelo curso de Agronomia da Universidade Federal de Roraima (UFRR) resultou na primeira patente registrada a partir de trabalhos científicos da instituição, concedida a um carbonizador destinado a produzir nutrientes e pulverizador para plantas na agricultura familiar. Intitulada como “Carbonizador cônico conjugado com módulo de extração de pirolenhoso para biomassa de interesse agronômico”, a patente oficializada pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi).

O carbonizador foi idealizado principalmente para a agricultura familiar. O custo para a fabricação do carbonizador é de cerca de R$250,00 e o tempo do processo depende do material utilizado. O coordenador da pesquisa, professor doutor Guido Nunes Lopes, do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da UFRR, explicou que a maioria dos alunos já tem acesso à agricultura.  Contudo, antes de colocar em prática, fora da academia, será preciso desenvolver ensaios, metodologias e ter o certificado.

Segundo o coordenador, o objetivo foi desenvolver um dispositivo simples e de fácil utilização ergométrica para a produção de biomassa carbonizada com extração simultânea de extrato pirolenhoso. O tipo de produto é utilizado na agricultura familiar em países como a China, Índia e Japão, por exemplo, como fertilizante do solo. “Um dos elementos motivadores para desenvolver o equipamento foi a agricultura familiar”, frisou.

Para a fabricação, o professor relatou que foi utilizado o mecanismo 3R: reutilizar, reaproveitar e reciclar. “As pessoas aqui têm o costume de queimar tudo. Por que não carbonizar? É preciso mudar o paradigma no campo. A biomassa é rica em nutrientes, mas é preciso de educação. Com o equipamento, é possível ter nutriente para a planta e o pirolenhoso para pulverizar”, disse.

O extrato pirolenhoso, retirado com o equipamento, é um mix de 200 a 4 mil princípios ativos, nutrientes das plantas. O produto pode ser usado como estimulador de enraizamento, fertilizante, composto e inseticida.

Antigamente, informou Nunes, que a carbonização era feita com lenha, prejudicial ao meio ambiente, mas que atualmente qualquer material verde pode ser usado para o procedimento.

Nunes ressaltou que, dentro do CCA, convivendo com acadêmicos oriundos dos povos indígenas e da agricultura familiar, a ideia de desenvolver equipamentos para a área é forte. Outro ponto motivacional é o apoio dos alunos que trabalham junto. Nunes ressaltou que já foram feitos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) e mestrado sobre o assunto. “O sentimento é de dever cumprido, o papel do pesquisador é desenvolver, informar e proteger o conhecimento em benefício da própria sociedade”.

AVALIAÇÃO – De acordo com o reitor da UFRR, professor doutor Jefferson Fernandes, a primeira patente registrada mostra que o investimento na qualificação docente foi correta. Conforme relato, no Brasil, o sistema universitário é o que mais deposita registro de patentes, tendo a região Sudeste, como campeã. Contudo, a região Norte só possui duas instituições que registram: a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e do Pará (UFPA).

“Apesar de ser a menor, somos a terceira que começa o processo de registro. A partir de agora começamos a ser vistos e a trilhar outro caminho, que é ganhar o respeito da comunidade científica do país. A caminhada está apenas começando”, ressaltou. Para ele, o desafio institucional é fomentar as pesquisas. “Se este tipo de produto não tiver Fundação de Amparo à Pesquisa [FAP], vai ser mais uma tecnologia que não vai proliferar e, consequentemente, que o homem do campo não vai utilizar”, frisou.

ADERR – Após a apresentação do carbonizador o presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Estado de Roraima (Aderr), Vicente Barreto, disse que teve a confirmação da utilização do processo de extrato pirolenhoso na ajuda fitossanitária das lavouras. “Com mais este produto, vamos fortalecer e poder transformar a vida do produtor para que ele atenda a principal meta, que é conferir um produto sadio de uma lavoura sadia”, afirmou. (A.G.G)