Cotidiano

Termelétricas ganham R$ 26 milhões por mês, mas não atendem a demanda

As termelétricas estariam esquentando demais quando precisaram abastecer o Estado por conta de acidente em Guri

O parque térmico da Eletrobras Distribuição Roraima é quem está mantendo o fornecimento de energia em Roraima desde a tarde deste sábado (11), quando um acidente com arvores fez com a linha de transmissão de energia pelo linhão de Guri fosse rompido.

O fornecimento da energia que vem pela Venezuela ainda não foi restabelecido, segundo a Eletrobrás.

Fontes da Folhaweb de dentro da Eletrobrás informaram que as constantes quedas que estariam ocorrendo desde o problema com Guri, seriam por conta do fato das termelétricas esquentarem por estar a tanto tempo abastecendo a cidade.

Em nota a empresa confirmou o problema.

“Durante a noite houve desligamentos de energia causados por problemas técnicos no sistema de distribuição de energia. Equipes estão trabalhando para que não ocorra novamente” informou a Eletrobrás em nota.

A estimativa é que haja 140 mil consumidores em Roraima.

TERMELÉTRICAS MILIONÁRIAS – O parque térmico do Estado, com quatro termelétricas, possui capacidade de geração de 220 Megawatts. O consumo de energia em Roraima, segundo a Eletrobras, gira em torno de 180 Megawatts.

ENERGIA CARA – O único problema é que as usinas termelétricas geram energia até oito vezes mais cara que as hidrelétricas. Além disso, por ser movida a diesel, é mais poluente e agressiva ao meio ambiente. Atualmente, são gastos R$ 1 milhão por mês apenas com combustível para abastecer o parque térmico. Com a suspensão do fornecimento por meio do Linhão de Guri, a conta deve subir para R$ 3,5 milhões mensais.

Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Urbanitários de Roraima, Roberto Rivelino Benedetti, em entrevista concedida mês passado para Folha de Boa Vista,

“A Boa Vista Energia S.A paga para uma empresa proprietária de uma usina termoelétrica local, nada menos que R$ 26 milhões de reais todos os meses, para que não falte energia elétrica quando o fornecimento de Guri é interrompido momentaneamente.

Segundo o sindicalista esse valor é pago, independentemente das horas de funcionamento das turbinas daquela termoelétrica. Ainda segundo Roberto Rivelino, o faturamento médio mensal da Boa Vista Energia é de R$ 40 milhões, o que significa que 65% dele estão comprometidos para o pagamento dessa empresa.

SIN – Único Estado brasileiro que não faz parte do Sistema Interligado Nacional (SIN), Roraima é dependente, desde 2001, do fornecimento de energia elétrica que vem da Venezuela por meio do Linhão de Guri. O país vizinho vive em grave crise política e econômica, o que tem preocupado os roraimenses por conta dos constantes apagões de energia.

Apesar da Eletrobras Distribuição Roraima ter informado diversas vezes paraa Folha de Boa Vista que se ocorrerem problemas na Venezuela as usinas térmicas dariam conta do recado e Roraima teria a energia normalmente, não foi o que aconteceu.