Política

TRE promete rigor contra disseminação de

Responsável por administrar as Eleições no Estado, Justiça Eleitoral, está em alerta para danos gerados por disseminação de notícias falsas

Perigo descontrolado e com potencial de se alastrar sem freios na internet, as fake news (notícias falsas, em tradução livre) entraram na agenda preventiva do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que será seguido de perto por todos os Tribunais Regionais, inclusive em Roraima. Responsável por administrar as Eleições, o Tribunal está atento quanto à disseminação de notícias falsas pelas redes sociais e sites, claramente capazes de desconstruir a imagem do Tribunal, do processo eleitoral ou de candidatos.

Um dos exemplos do tipo de estragos que esse mecanismo de influência digital gerou foi nas eleições presidenciais em países como os Estados Unidos e a França. O uso das chamadas fake news como mecanismo para favorecer candidatos ficou explícito após ser descoberta a criação de notícias falsas para atacar a candidata Hillary Clinton na última eleição presidencial norte-americana, em 2016.

Por conta da força das fake news, o assunto pode até ser incluído nas resoluções que regerão as eleições de 2018. A presidente do TRE-RR, desembargadora Tânia Vasconcelos, afirma ter convicção de que as notícias falsas não vão atrapalhar as eleições. “Justamente porque quando identificadas são rapidamente rebatidas. Já vimos isso quando divulgaram que crackers alteraram o resultado de uma eleição no Rio. E o TSE provou que não houve nenhuma alteração. Não é a primeira e nem será a última vez que os boatos vão tentar atrapalhar a rotina da Justiça Eleitoral”, comentou.

A desembargadora lembrou que o Tribunal vai atuar com as Ouvidorias para colher dúvidas e denúncias que possam existir e encaminhá-las às Corregedorias Eleitorais, que têm a função de esclarecer e dar toda a transparência a esses questionamentos. “Nosso trabalho é realizado de maneira clara, com inspeção pública, onde os representantes de partidos acompanham todos os testes realizados nas urnas em datas anteriores à Eleição, conforme o Calendário Eleitoral. Temos consciência de que a maldade e o inconformismo com os resultados sempre vão acontecer, mas isso será sempre a exceção, porque a regra é que realizamos um trabalho sério e seguro, que sempre irá garantir a vontade da maioria, em respeito ao processo democrático vigente no País”, esclareceu a presidente do TRE/RR.

No desafio de evitar que as redes sociais virem ameaça à democracia, o alerta das autoridades eleitorais é o seguinte: é preciso estar atento ao compartilhamento de notícias sem reflexão e sem checagem de dados e de veracidade.

O procurador Regional Eleitoral (PRE), Thiago Augusto Bueno, disse que, neste período que antecede as eleições e no próprio período eleitoral em si, vão surgir diversas informações inverídicas. “O ideal é que cada cidadão procure fazer a depuração da informação, investigando a credibilidade da fonte e buscando nos órgãos oficiais dados que possam dirimir suas dúvidas. A PRE-RR vai atuar em diversas frentes, fiscalizando todo o processo eleitoral e ajudando na conscientização de candidatos e eleitores”, destacou o procurador.

Segundo a Lei, a pena para quem cria uma fake news de cunho político pode chegar a quatro anos de prisão. O candidato que fizer ou contratar esse tipo de serviço pode ter a candidatura cassada.

CONTRA FAKE NEWS

Confira, a seguir, dicas dos especialistas e da Associação Nacional de Jornais (ANJ) para não disseminar notícias falsas:

1 – Leia além do título. No imediatismo, as chances de compartilhar notícias falsas são maiores. Por isso, leia a matéria completa;

2 – Cheque a origem da notícia. Muitos sites criam conteúdos sem embasamento;

3 – Desconfie de sites sensacionalistas. A linguagem usada na construção das notícias deixa claro o posicionamento e a intenção do site;

4 – Fique atento ao endereço virtual. Sites hospedados em domínios estrangeiros costumam burlar as leis locais. Confira o endereço para saber se realmente está onde queria;

5 – Procure a notícia em outras fontes. Ao desconfiar de algum conteúdo, busque informações sobre o mesmo assunto para saber se é verídica ou falsa.

Na corrida eleitoral, até robôs podem compartilhar conteúdo

Que o volume de informações que chegam aos usuários de redes sociais é grande não é novidade. Mas o que talvez algumas pessoas não saibam é que parte desse conteúdo pode não ter sido gerado por humanos, e sim por programas de computador – conhecidos como robôs ou bots.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), as contas automatizadas (ou seja, robôs) foram responsáveis por mais de 10% das interações no Twitter durante as eleições presidenciais de 2014. Isso pode representar uma ferramenta de manipulação política.

Os robôs na internet são um mecanismo comum em atendimento a clientes de empresas ou para disparar e-mails com conteúdo comercial. Porém, o uso de robôs sociais (social bots) com fins maliciosos gera artificialmente conteúdo e estabelece interações com perfis reais, imitando o comportamento humano.

O estudo da FGV analisou 2.153 contas suspeitas na Eleição de 2014, durante o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2015, e na votação da reforma trabalhista, em agosto deste ano. Das contas analisadas, 50% possuíam aspecto de total automação, 25% eram parcialmente automatizadas, 9% contas institucionais, 6% deixaram de existir e quase 2% foram suspensas.

O TSE entende que o uso de robôs em redes sociais como o Twitter infla informações sobre o candidato criando a sensação de que ele está na frente na corrida eleitoral. Os bots criam a impressão de amplo apoio a uma proposta ou figura pública, modificando o rumo das políticas e disseminando notícias falsas.

Segundo a pesquisa, o Twitter é a rede social que mais permite a propagação de robôs. O padrão de publicação, muitas vezes, é similar à interação entre pessoas de verdade. O uso de robôs no processo eleitoral é fiscalizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Polícia Federal (PF).

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