Um jovem, identificado como Carlos Eduardo Santos Nascimento, de 19 anos, morreu na manhã de ontem, dia 9, no Hospital Geral de Roraima (HGR), depois de ter sido linchado em via pública, juntamente com um comparsa, por serem suspeitos de roubo de uma bicicleta e um aparelho celular. O espancamento ocorreu na rua OP-XXIX, bairro Operário, zona oeste da Capital.
O motivo de os populares terem feito justiça com as próprias mãos seria o fato de a dupla ter praticado um assalto momentos antes, em outro bairro. No entanto, a Polícia Militar não confirmou a prática do delito, tendo em vista que nenhuma vítima foi localizada, nem mesmo a bicicleta ou o aparelho celular foram encontrados em posse dos suspeitos.
Quem acionou a PM foi um policial à paisana, que passava pela rua em seu veículo, viu uma aglomeração e decidiu parar para saber do que se tratava, momento em que percebeu que muitas pessoas estavam golpeando os indivíduos com pedaços de estacas, socos e pontapés, inclusive um dos agressores disse que a dupla seria formada por ladrões, que estavam sendo disciplinados e que seriam mortos de tanta porrada e revelou que os jovens estavam amarrados no chão e desmaiados, mesmo assim as agressões persistiam, momento em que conseguiu tomar um pedaço de madeira de um dos homens que estava bastante exaltado.
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Conforme o policial, sob o juramento de defender a vida humana, independente dos feitos dos sujeitos e para manter o zelo pelos princípios legais, foi que interviu na ação, tendo que servir de escudo para que as agressões parassem. Os jovens sangravam bastante pela boca, nariz e ouvidos. Uma viatura chegou ao local para dar apoio e para garantir a segurança do policial que lutava para conter o ânimo dos populares mais exaltados.
Os dois suspeitos foram conduzidos ao Pronto Socorro Francisco Elesbão no Hospital Geral de Roraima (HGR), por necessitarem de atendimento médico especializado. A equipe da PM que atendeu a ocorrência elaborou o Relatório de Ocorrência Policial (ROP) a respeito das lesões corporais sofridas pela dupla e, em seguida, entregou ao delegado da Central de Flagrantes do 5º DP, a fim de que a autoridade policial tome conhecimento dos fatos e inicie os procedimentos legais.
O corpo de Carlos Eduardo foi removido para o Instituto de Medicina Legal (IML) e na manhã de ontem passou por necropsia. Após o comparecimento de um familiar, foi liberado para funeral e sepultamento.
ALERTA – A Polícia Militar orienta que a população não revide aos crimes com espancamentos ou qualquer outro artifício que cause lesões aos suspeitos, considerando que o ato, mesmo que praticado pela vítima, também é considerado crime. “Nosso conselho é que as pessoas mantenham esses indivíduos detidos até a chegada da Polícia e que não tentem fazer justiça com as próprias mãos, porque no fim das contas, o sentimento de estar se vingando termina em homicídio. Um crime não tem que ser justificado com outro”, destacou. (J.B)
