Política

Suely diz que novo mandato será para consolidar ações e questão energética

Governadora não quis falar sobre alianças políticas, alegando ser cedo, e diz que não teme candidatura da prefeita de Boa Vista

Folha dá continuidade às entrevistas com pré-candidatos que já divulgaram seu interesse em disputar o Governo de Roraima.  Os candidatos Luciano Castro (PR) e Teresa Surita (PMDB) foram procurados, mas preferiram não dar entrevista, afirmando que neste momento político “não são pré-candidatos”.

Portanto, a governadora Suely Campos (PP) é a última a participar da rodada de entrevistas com pré-candidatos ao Governo de Roraima. Ela respondeu às perguntas sobre cenário eleitoral, programa de governo e avaliou a atuação política roraimense. Confira:  

Folha: Como a senhora analisa sua aceitação enquanto governadora de Roraima. Acha que tem chances de reeleição?

Suely Campos: O Brasil está em crise há três anos. Roraima também sofre com isto. Encontramos um governo desestruturado, com as contas desorganizadas e sem planejamento. Investimos dois anos para arrumar a casa, consertar a confusão que encontramos. Agora, estamos implementando os programas e as ações necessárias para entregar os resultados que o povo precisa e merece. Os frutos do meu trabalho começam a aparecer.

Com o conhecimento da extensão do trabalho, os eleitores estão tendo uma ideia clara do que estamos fazendo e aonde iremos chegar. Gastamos pouco em publicidade para conseguir acertar as contas deixadas pelos meus antecessores. Venci uma eleição com a maior diferença de votos para o segundo colocado na História de Roraima, numa disputa contra o grupo formado por essas mesmas pessoas que hoje se apresentam como futuros adversários nas urnas.   

Folha: Como estão as negociações com os partidos que podem ser seus aliados nessa campanha? A senhora é pré-candidata a reeleição confirmada com o apoio dos aliados que estiveram em sua campanha passada?

Suely Campos: Ainda é cedo para articulações políticas. Mantivemos a base da eleição passada e estamos ampliando. Mas, antes de tudo, estou determinada a concluir o trabalho de organização das finanças e dos serviços que o Estado oferece aos roraimenses. Depois de abril do ano que vem conversaremos sobre reeleição. Até lá, muito trabalho e entregas pela frente.

Folha: Cite nomes que poderiam compor sua chapa ou alianças.

Suely Campos: Conversamos sobre isto só ano que vem.

Folha: Quais suas propostas para melhorar o Estado? Quais seriam as prioridades de um segundo governo Suely?

Suely Campos: Recebi o Estado na inadimplência, com o salário dos servidores atrasado, obras paralisadas e inacabadas e com uma dívida de R$ 2 bilhões. Em apenas dois anos e meio, já tenho um legado importante. Resolvi questões que outros governos não conseguiram avançar em 30 anos, como a regularização fundiária, um programa que recebeu elogio do Tribunal de Contas da União (TCU) e a conquista do status Livre de Aftosa com Vacinação.

Implantamos o maior programa de revitalização das escolas e, com cinco meses de gestão, comecei a entregar escolas reformadas para os alunos. Em respeito aos professores, concedi aumento real de salário de 112%, em média, com o enquadramento. É uma remuneração que hoje chega a R$ 12.286,84, um dos maiores salários de docentes do Brasil. Na saúde, mudamos a Constituição para aumentar o investimento de 12% para 18% e somos o segundo estado do País que mais destina recursos para esse setor.

Em relação ao governo anterior, investimos 55% a mais na Saúde e estamos finalizando a construção de dois hospitais para ampliar o número de leitos. Agora, em outubro, vamos inaugurar o Hospital das Clínicas, cujas obras encontrei paralisadas. No primeiro semestre de 2018, vamos inaugurar o anexo do HGR. Em Rorainópolis, colocamos o Hospital Ottomar de Sousa Pinto para funcionar de forma plena. Os hospitais de Pacaraima, Bonfim, Santa Maria do Boiaçu e Caroebe estão com processo de reforma em andamento. Estamos reestruturando a Saúde para os próximos vinte anos.

No Sistema Prisional, estamos construindo mais presídios com a segurança necessária para conter o crime organizado. É um trabalho que exige continuidade. O segundo mandato será para consolidar as ações que já estamos realizando e para solucionar a questão energética.      

Folha: Qual a avaliação que a senhora faz do seu governo e dos anteriores?  

Suely Campos: Até a gestão do Ottomar, Roraima tinha saúde financeira. Os governos que se seguiram foram marcados pelo profundo endividamento do Estado e negligência com a Saúde e a Educação. Meu governo já foi obrigado a pagar R$ 638 milhões para amortecer essa dívida. É um dinheiro que faz muita falta nos investimentos.  Quando assumi, até a internet e os telefones estavam cortados. Não havia combustível.

Superamos todas essas dificuldades e estamos reconstruindo Roraima. Somos reconhecidos pela solidez fiscal e somos um dos poucos estados que estão superando a crise econômica do País gerando empregos e fomentando investimentos na iniciativa privada. Além disso, nunca os servidores foram tão valorizados como nessa gestão. Corrigimos injustiças históricas, como o PCCR [Plano de Cargo, Carreira e Remuneração] do Quadro Geral, que aumentou os salários de algumas categorias em 90%. Promovemos todos os policiais civis, nomeamos 1.452 servidores aprovados em concursos públicos, dos quais 923 para a saúde.

O Iteraima e a Aderr agora têm quadros de servidores efetivos e se transformaram em instituições sérias, de credibilidade. Os servidores têm o meu compromisso de levar esses benefícios para todas as categorias, de maneira responsável, considerando o momento de crise econômica que vivemos.

Folha: A senhora está focando num trabalho social no interior com as caravanas. Como está a atuação do governo no interior? As caravanas ajudam numa possível reeleição?

Suely Campos: A Caravana do Povo é o maior programa de atendimento às pessoas que Roraima já viu. Já são mais de 200 mil atendimentos. Toda semana, o governo vai para o interior ou para os bairros de Boa Vista, levando mais de 70 serviços para a população. É um programa focado nas pessoas, para garantir o acesso aos serviços públicos de uma forma rápida e num único local, na comunidade onde vivem. É extraordinário que, numa única manhã, uma mãe de família possa, por exemplo, ir ao ginecologista, fazer uma ultrassonografia, mamografia, consultar os filhos com pediatra, tirar a carteira de identidade, se inscrever nos programas sociais do governo e ainda cortar o cabelo e fazer as unhas.

Aproveito a Caravana para inspecionar obras e serviços no interior, conversar com as pessoas e cobrar celeridade do secretariado. Não trabalho pensando em reeleição, mas para retribuir a confiança que o povo depositou em mim, que é implantar políticas públicas que resultem em melhoria para suas vidas. E é esse o objetivo da Caravana do Povo.

Folha: A senhora tem receio de concorrer com algum candidato? A possível candidatura de Teresa Surita (que tem 80% de aprovação) lhe assusta enquanto política?

Suely Campos: Quem está na política não pode ter receio de nada. Eu, não tenho. Não sei se ela deixaria a Prefeitura dois anos e meio antes de encerrar o período para o qual foi eleita. Ela já teve essa experiência de deixar o mandato de prefeita para concorrer ao cargo de governadora e senadora, e não obteve êxito. Os mesmos eleitores que a elegeram prefeita se recusaram a elegê-la para esses cargos.

Folha: Acha que tem chances de vencer o pleito mesmo com as críticas que seu governo sofre?

Suely Campos: A crítica que recebo é patrocinada pelo grupo político responsável pelo abandono de Roraima. Em dois anos e meio de governo, é impossível corrigir o que eles levaram oito anos para destruir. Mas a população está vendo o meu trabalho, está sentindo a melhora no seu dia a dia.

Folha: Qual sua avaliação da nossa bancada federal? Acredita que eles ajudam o governo trazendo recursos para o Estado?

Suely Campos: Eu avalio de duas formas. Quem usa o mandato para ajudar, e quem usa o mandato para atrapalhar o estado de Roraima. Temos tido o apoio da senadora Ângela Portela. Os deputados Jhonatan de Jesus, Remídio Monai, Hiran Gonçalves e Edio Lopes têm destinado emendas importantes, sobretudo para a Saúde. Telmário Mota também destinou emenda.

Por outro lado, Roraima tem sofrido com a influência negativa do senador Romero Jucá, que atrapalha a definição das questões mais importantes para o Estado, como a regularização fundiária e a construção do Linhão de Tucuruí, entre Manaus e Boa Vista. Ele atuou diretamente na perda da concessão da Cerr [Companhia Energética de Roraima], repetindo aquilo que fez quando governador nomeado do ex-território. O povo de Roraima sofre com a insegurança energética. São apagões diários, mas isso não tem comovido o senador a promover um discurso a favor da Linha de Tucuruí, em que pese sua influência junto ao Governo Federal, pois é líder do governo no Senado desde a época do Fernando Henrique Cardoso, e presidente do PMDB. Alguém com tanta influência, se quisesse, já teria solucionado essas questões.

A única ação relativa a recursos foi uma emenda de toda a bancada para a Saúde, no valor inicial de R$ 70 milhões. Esse recurso foi contingenciado, caiu pela metade, e até agora não foi liberado.

Folha: O que o eleitor pode esperar da senhora em caso de reeleição?

Suely Campos: Transformar Roraima num grande produtor de alimentos e, com isso, gerar emprego, renda e garantir qualidade de vida para todos. Produzir alimentos é a nossa vocação natural. Já estamos consolidando Roraima como a nova fronteira agrícola do País. A safra de grãos este ano aumentou 35%. A agricultura familiar também expandiu. Estamos dando todas as condições para os pequenos, médios e grandes produtores.

A titulação das terras é uma realidade, estamos livres da febre aftosa. Já recuperamos 592 quilômetros de estradas vicinais e construímos 187 pontes. Simplificamos o procedimento de licenciamento ambiental, ampliamos a assistência técnica. Tenho convicção que em breve seremos uma economia forte, pujante e deixaremos de depender exclusivamente dos recursos federais. As cidades brasileiras com os melhores índices de qualidade de vida têm sua economia baseada na produção de alimentos.

Com certeza, os eleitores podem esperar uma roraimense dedicada a trabalhar incansavelmente pela melhoria de vida do nosso povo. Isso é o que move. Não vale a pena estar na política sem ter causas. A minha, é o bem-estar e o desenvolvimento dos roraimenses e do nosso Estado.