Política

Sindicalistas anunciam greve e apelam a políticos pela não venda da Eletrobras

A paralisação nacional, contra a venda da empresa, está marcada para esta terça-feira, 17

O projeto que torna possível a privatização do sistema Eletrobras deverá ser votado na volta do recesso parlamentar, em agosto deste ano. Antes disso, servidores da companhia reúnem esforços para impedir a venda da empresa. Uma das medidas anunciadas pelo Sindicato dos Trabalhadores Urbanitários de Roraima (Stiu-RR) é a paralisação geral de serviços marcada para amanhã, 17.

No programa Agenda da Semana da Rádio Folha AM 1020, domingo, 15, o diretor administrativo, Roberto Rivelino, e o presidente do sindicato, Gissélio Cunha, informaram que a ação foi decidida em nível nacional.

A assembleia geral definiu a paralisação de todos os trabalhadores do sistema Eletrobras no país, em defesa do fortalecimento do setor elétrico, contra a privatização e solicitando a saída do presidente Wilson Pinto.

Segundo Rivelino, a luta dos servidores tanto é pelos funcionários da Eletrobras quanto pela população que depende da distribuidora. “Infelizmente, além dos trabalhadores, o povo será penalizado com a venda das empresas. Temos que tomar cuidado e chamar a população para se engajar nessa luta. Pedimos que o povo acompanhe e questione os senadores que vão votar o projeto de lei que trata da energia no país”, comentou.

BANCADA – Outra medida adotada pelos membros do Stiu-RR, é solicitar apoio da bancada parlamentar do Estado. Segundo Gissélio, em março deste ano quando foram realizadas audiências públicas para discutir a privatização, alguns deputados se mostraram favoráveis à causa dos sindicalistas.

“Nossa audiência foi realizada no Corpo de Bombeiros e lá estavam dois deputados federais, Carlos Andrade (PHS) e Édio Lopes (PR), que se manifestaram contra a privatização. De lá para cá nós temos tentado ganhar o apoio dos demais deputados”, afirma.

Durante a votação do projeto de Lei nº 10.332 que trata da privatização, os funcionários também conseguiram apoio dos deputados: Johnatan de Jesus (PRB), Abel Galinha (DEM), Shéridan de Oliveira (PSDB) e de Hiran Gonçalves (PP), disseram os sindicalistas.

Na ocasião, os funcionários da Eletrobras disseram aos parlamentares que a privatização seria um grande prejuízo para a sociedade. “Nós não somos um sistema interligado e não vai adiantar passar para iniciativa privada porque a solução para Roraima é ligar ao sistema nacional. Que ainda há esse impasse por causa da passagem na terra indígena e faltou vontade política para resolver a situação do nosso Estado”, destacou Gissélio.

Para o sindicalista, o impasse na energia implica, inclusive, no desenvolvimento do Estado e deve ser levado em consideração pelos políticos que representam Roraima. “Isso reflete economicamente na vinda de investidores. Quem é que vai querer investir sem segurança elétrica e que tem essa grande instabilidade?”, aponta.

No entanto, mesmo com a pressão, o projeto foi aprovado por maioria de votos e seguiu para ser discutido no Senado. Gisselio informou que os sindicalistas vão continuar o trabalho após o recesso e devem ir à Brasília tratar diretamente com os parlamentares sobre a votação do projeto de lei.

“Pedimos apoio da população. Se for privatizado, a situação no nosso Estado vai ficar mais difícil. A gente sabe que as empresas visam lucro e a distribuição de energia nas comunidades mais distantes, indígenas, em área rural, aos ribeirinhos será prejudicada. O custo de logística é muito alto e a iniciativa privada não vai levar a energia. Hoje o Governo Federal não quer essa responsabilidade, mas o povo precisa ter uma vida decente, com energia, educação e saúde”, finalizou Cunha. (P.C.)

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