Cotidiano

Servidores suspendem paralisação

Decisão foi tomada para evitar que sindicatos pagassem multa caso número de empregados parados fosse superior a 25%

A paralisação dos eletricitários de Roraima foi suspensa ontem, 12, após acordo entre o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Urbanas do Estado de Roraima (STIU-RR) e empregados da Eletrobras Distribuição Roraima devido à determinação da Justiça do Trabalho em aplicar multa diária de R$ 100 mil por entidade que tivesse aderido ao movimento que pedia o cancelamento da privatização da empresa. 

O ato teve início na segunda-feira, 11, e tinha como objetivo paralisar por 72 horas os serviços administrativos e operacionais. Porém, por conta de um pedido feito pela Eletrobras para tentar barrar a greve, o Tribunal Superior do Trabalho concedeu uma liminar determinando que apenas 25% dos empregados poderiam paralisar, enquanto os outros 75% fossem mantidos normalmente para que o serviço essencial não fosse prejudicado. Caso o limite máximo fosse ultrapassado, a multa seria aplicada.

De acordo com o presidente do STIU, Gissélio Cunha, houve uma grande adesão dos funcionários que são contra a privatização da distribuidora de energia, o que poderia significar um aumento no número de empregados que paralisariam. Os servidores alegam que, caso a empresa seja vendida, uma demissão em massa ocorreria, além do aumento nas contas de energia e a descontinuidade do serviço em alguns pontos de Roraima.

“A gente sabe que o processo de privatização já está bem avançado e os empregados sabem que se não nos mobilizarmos, a empresa vai ser vendida. O pessoal está muito motivado a participar das paralisações e das mobilizações, então para não haver um prejuízo para o Sindicato, o jeito é suspender. Se eu mantiver a paralisação, não vai ter só 25%”, afirmou o presidente.

Gissélio Cunha informou também que, agora, as entidades envolvidas junto com os sindicalistas estão traçando novas estratégias para tentar barrar a privatização da Eletrobras e que está previsto para que uma greve seja deflagrada ainda neste mês, pois não estão conseguindo encontrar acordo com a empresa.

“Estamos na quinta rodada de negociação com a Eletrobras, que são sempre feitas em Brasília, aí chegamos lá e a empresa não leva proposta. Ela quer fazer acordo coletivo separado. Se tiver um acordo coletivo e tiver a privatização, vai ter demissão em massa. Então nós temos que atuar nos dois polos: no acordo coletivo e também ver se consegue barrar a privatização”, completou.

PROJETO DE LEI – Para avançar no processo de privatização, o presidente Michel Temer enviou para a Câmara dos Deputados o Projeto de Lei nº 9463/2018, que determina a desestatização da Eletrobras, e pode ser votado ainda esta semana. Sindicalistas vão fazer uma mobilização dentro do Congresso durante a votação.

EMPREGADOS – Atualmente, a Eletrobras Distribuição Roraima conta com cerca de 460 empregados, sendo esses da Eletrobras, Eletronorte e da Companhia Energética de Roraima (Cerr), que foram cedidos após a perda da concessão de funcionamento no estado. Dentro das empresas que passariam pelo processo de privatização estão as estatais de Roraima, Amazonas, Acre, Rondônia, Alagoas e Piauí, que somam com mais de 25 mil funcionários. (A.P.L)

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