Cotidiano

Servidores denunciam que cabines de manipulação de sangue estão sem manutenção

Segundo os denunciantes, a falta de certificação oferece riscos de contaminação aos profissionais, que manipulam o material nos aparelhos

Servidores que trabalham no setor de Oncologia do HGR (Hospital Geral de Roraima) denunciaram à Folha que as Cabines de Segurança Biológica da unidade, conhecidas como “capelas”, estão sem manutenção há quase dois anos. A situação oferece risco aos profissionais, que manipulam sangue para realização de exames nos aparelhos, como de tuberculose, malária, febre amarela e HIV, além de medicamentos de pacientes com câncer.

Segundo um dos denunciantes, que preferiu não se identificar, a falta de certificação dos aparelhos oferece riscos de contaminação aos profissionais. “Conforme a Anvisa [ Agência Nacional de Vigilância Sanitária] sempre que se abre a máquina é necessário que se certifique, porque tem uma corrente de vento que protege quem manipula para não se contaminar”, explicou o servidor.

Ele afirmou que os médicos pediram que a equipe fizesse a certificação dos equipamentos para garantir que os funcionários estivessem seguros ao manipulá-lo, mas os responsáveis na Sesau (Secretaria Estadual de Saúde) teriam alegado falta de recursos para o procedimento. “Os médicos estão atravessando a rua e indo fazer a manipulação em uma clínica particular que fica na frente do HGR, tudo porque a Sesau não se dispôs a consertar”, reclamou.

A mesma situação, segundo os servidores, ocorre no Lacen (Laboratório Central), onde as 15 cabines da unidade estão sem manutenção. “O que comprova é a etiqueta fixada no aparelho, onde consta que a última certificação foi feita em 2015. Estamos indignados, porque alegam que não têm recursos para fazer e ficamos nos expondo”, frisou.

Ele relatou que já houve um caso de contaminação de uma usuária das cabines no ano passado. “Os médicos estão agoniados porque não sabem se vão ou não se contaminar devido à falta de segurança das máquinas. Uma certificação dessa custa em torno de R$ 3 mil por máquina. Tem várias empresas que fazem esse serviço.  Isso é um descaso, ninguém tem interesse porque ficam no conforto da Sesau e não se expõem como os médicos que fazem o uso”, lamentou.

GOVERNO – Em nota, a Sesau garantiu que as cabines de segurança biológica tanto do setor de Oncologia quanto do laboratório do HGR foram certificadas no dia 31 de dezembro de 2016, tendo a próxima certificação prevista para este mês.

Já o Lacen, conforme a nota da Secretaria, continua realizando os exames porque o equipamento possui certificação anual. “Embora cronologicamente esteja além do prazo de certificação, as cabines registram as horas de trabalho e, conforme este marcador, ainda há margem para a realização dos procedimentos com segurança”, alegou.

A Sesau informou ainda, que já está sendo finalizado o processo licitatório para contratar uma empresa especializada na certificação dos equipamentos do Estado, o qual deve ser concluído nos próximos dias. (L.G.C)