Cotidiano

Sem macas no Pronto Socorro, ambulâncias ficam paradas

Secretaria estadual de Saúde confirmou que registrou um pico de superlotação atípico ontem

Quem precisou de atendimento de emergência na maior unidade pública de saúde do Estado, o Hospital Geral de Roraima (HGR), que engloba o Pronto Socorro Francisco Elesbão e o Pronto Atendimento Airton Rocha, enfrentou problemas ontem, 19. Com leitos lotados, faltavam lençóis e colchões. As ambulâncias que chegavam com novos pacientes tinham que esperar a liberação das macas, que também estão em falta, para voltar às ruas e atender outros casos.

A reportagem da Folha flagrou quatro ambulâncias, sendo uma do resgate do Corpo de Bombeiros e três do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), paradas no Pronto Socorro Francisco Elesbão. “Ficamos com as ambulâncias paradas aqui. Poderíamos estar trabalhando, mas não podemos sair daqui sem as macas dos veículos e, como o hospital não tem, os pacientes acabam ficando nelas [macas] por horas. Enquanto isso, nós socorristas ficamos sem fazer nada, esperando que elas desocupem”, relatou um dos socorristas.

Uma enfermeira, que não quis ser identificada, disse à equipe da Folha que a situação é precária, diversos leitos estão sem lençóis, travesseiro e colchão. “Tinha uma mulher com tuberculose deitada na cama com colchão rasgado. Aí chegou outro paciente e deitou na mesma cama, tuberculose pega pelo ar, fiquei abismada, mas infelizmente não pude fazer nada”, disse.

Outra reclamação é a falta de remédios e a sujeira nos banheiros. O produtor rural Vitorino Pereira, morador da região do Cantá, está com o irmão internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ele lamenta o irmão precisar da unidade de saúde. “É incrível. Falta remédio, lençol e colchão. Isso é grave. Como a pessoa vai deitar sem colchão, no ferro e sem lençol? Tive que comprar tudo para meu irmão não ficar numa situação desumana”, disse.

Ele reconheceu que os funcionários têm dificuldade para trabalhar com a falta de materiais. “É muito difícil trabalhar nessas condições. É complicado. As pessoas que trabalham lá não têm culpa da administração. A reclamação não é de funcionários”, contou.

Outra acompanhante de paciente, que não quis ser identificada, reclamou dos leitos improvisados. Ela disse que várias pessoas estão internadas nos corredores em cadeiras e em macas. “Tem uma mulher internada há três dias no corredor, assim como vários outros pacientes”, relatou.

OUTRO LADO – A Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) esclarece que nessa sexta-feira, 19, o Hospital Geral de Roraima (HGR) registrou um pico de superlotação atípico. A gestão adotou todas as medidas possíveis para garantir a liberação dos pacientes aptos a receberem alta médica, a fim de manter um equilíbrio no plantão. “A situação foi contornada e, no momento, se encontra sob controle”, garantiu.

Afirmou que o problema será solucionado definitivamente nas próximas semanas, com a inauguração do Hospital de Clínicas, com mais 120 leitos de retaguarda, possibilitando acabar com a superlotação e as macas nos corredores do HGR, proporcionando um atendimento com qualidade e humanização à população. (E.S)