Saúde e Bem-estar

Começa o período de circulação de vírus comum em bebês

Trata-se do Vírus Sincicial Respiratório (VSR), e o SUS oferece imunização aos bebês que fazem parte de grupos de riscos

Talvez a maioria da população de Roraima nunca tenha ouvido falar sobre o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), que circula na região Norte de janeiro a junho, quando ocorrem muitas chuvas. Nesse período os cuidados com a saúde de crianças de até dois anos devem ser redobrados, e atenção maior deve ser dada aos bebês que nascem prematuros, com menos de 29 semanas, pois esse vírus é o responsável por problemas respiratórios que podem ser adquiridos por meio de tosse, espirro ou contato com pessoas resfriadas, podendo inclusive ser fatal. Para esse público, existe prevenção, por meio da imunização com um anticorpo chamado Palivizumabe. 

Neste ano, um total de 158 crianças foi imunizado no Hospital Materno Infantil Nossa de Nazaré, durante o período da sazonalidade do VSR, por meio de um tratamento disponibilizado gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Foram 26 crianças em janeiro; 35 em fevereiro; 32 em março; 34 em abril e 31 no mês de maio. Esses dados foram encontrados no Programa Nacional de Imunização, na Secretaria Estadual de Saúde (Sesau). A reportagem tentou conseguir o quantitativo de crianças que tiveram contato com o vírus em Roraima.

O pediatra, infectologista e presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri, explicou que o VSR é um vírus causador de doenças respiratórias em bebês, e que os principais sintomas quando uma criança o adquire são a bronquiolite, pneumonia e infecções que dão cansaço e falta de ar nas crianças. “Esse público adquire muito precocemente o vírus, porém bebês que são prematuros e têm uma doença no coração ou pulmão, quando contrai o VSR têm uma chance muito maior de desenvolver complicações”, afirmou.

Imunização é feita gratuitamente pelo SUS

      Renato Kfouri: “O VSR se cura espontaneamente, mas é importante prevenir as infecções nos bebês mais vulneráveis” (Foto: Daniela Ramiro)

Segundo Kfouri, crianças de até dois anos e bebês prematuros que nascem com menos de 29 semanas de gravidez (seis, sete meses de idade gestacional) ou que tenha doença no coração ou no pulmão, são os candidatos a receberem a prevenção, disponível gratuitamente na rede pública, bastando apresentar na unidade de saúde a recomendação do pediatra, seja pelo SUS ou planos de saúde. “O VSR se cura espontaneamente, mas é importante prevenir as infecções nos bebês mais vulneráveis, porque eles têm um risco de complicações, pneumonias, internações e até óbito. Quando adequadamente tratados eles não terão complicações no futuro”, afirmou o médico. 

A gerente médica da empresa biofarmacêutica Abbvie, Ana Paula Paiva, durante o período da sazonalidade o bebê prematuro deve tomar cinco doses de palivizumabe. “Na região Norte, o período de imunização começa em janeiro e termina em junho. Cada dose protege o bebê durante 30 dias. Se por acaso ele nasceu em janeiro, vai receber janeiro, fevereiro, março, abril e maio. Se ele nasceu em março, por exemplo, vai receber março, abril, maio e junho. Ou seja, quatro doses, porque em 30 de junho acaba a sazonalidade”, esclareceu. 

“Mas se nasceu um bebê prematuro em novembro, então ele vai ficar internado novembro e dezembro, não sendo imunizado porque não é período de circulação do vírus. Mas quando chegar janeiro ele começa a ter a indicação, devendo ser imunizado até maio. Essa quantidade de doses vai depender muito de quando essa criança nasce”, explicou Ana Paula.

Ela disse que o tratamento injetável à base de palivizumabe, nada mais é do que um anticorpo que neutraliza e inibe a ação do vírus. Essa proteína atua no sistema imunológico como defensora do organismo, e deve ser administrada entre os meses de incidência de VSR na região. “O anticorpo dura 30 dias dentro do organismo e, ao todo, são injetadas seis doses de forma intramuscular, sendo uma a cada mês”. (E.R.)

Cuidados com a doença

Entre as medidas de prevenção está: lavar as mãos sempre antes de tocar no bebê; evitar aglomerações; higienizar sempre os objetos do bebê; evitar o contato do bebê com pessoas com sintomas de resfriados ou gripes e também evitar contato com fumantes e ambientes poluídos. (E.R.)

*O jornalista viajou a São Paulo a convite da Abbvie.