Cotidiano

Roraima tem maior taxa de óbito em acidentes de trânsito

Dados são referentes ao estudo de “Acidentes Rodoviários e a Infraestrutura”, divulgado esta semana pela Confederação Nacional do Transporte

A Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgou o estudo “Acidentes Rodoviários e a Infraestrutura” com dados das condições das estradas e das sinalizações na ocorrência de acidentes de trânsito. Na pesquisa, Roraima aparece com um dos estados com a maior taxa de óbito por 100 mil habitantes em acidentes nas rodovias federais policiadas.

O relatório reúne informações apresentadas ano passado na 21ª Pesquisa CNT de Rodovias em 2017, com dados do estado geral das vias, sinalização, pavimento e geometria da via, além de dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de acidentes com vítimas registrados no mesmo período.

Analisando os dados estaduais, Roraima contabilizou 2.202 acidentes com vítimas em rodovias federais policiadas no período de 2007 a 2017. O Estado apresenta um dos menores índices (0,3%), junto com o Amazonas (0,1%) e o Amapá (0,2%), de registros de acidentes de trânsito com vítimas nas rodovias federais brasileiras. Os índices são maiores nos estados de Minas Gerais (15,3%), Santa Catarina (11,3%) e Paraná (10,7%).

Roraima também apresentou os índices mais baixos (23,3), junto com Amazonas (9,2) e Amapá (24,3), de acidentes com vítimas por extensão, o que reflete a incidência de acidentes a cada 100 quilômetros de extensão de rodovia federal policiada em 2017. Distrito Federal (385,5), São Paulo (317,9) e Santa Catarina (299,8) apresentaram as maiores incidências.

MORTES – No caso de mortes em rodovias federais entre 2007 e 2017, o Estado aparece com 354 mortes ao todo. No ano passado ocorreram 37 óbitos nas estradas federais. No entanto, considerando a taxa de óbito por 100 mil habitantes no ano passado, o Estado aparece com o percentual mais alto do país, de 7,1.

Rondônia aparece em seguida, com 6,6 por 100 mil habitantes, e o Piauí, com a média de 6,5. A média estadual, por exemplo, é muito acima da média da Região Norte, de 2,5, e da média nacional, de 3,0.

No caso da taxa de óbitos por extensão, Roraima apresentou índices baixos com até 50 mortes por mil quilômetros de estrada. No ano passado, a média no Estado foi de 35,2. Amapá, Amazonas e Acre registraram índices inferiores a 20 óbitos por mil quilômetros no mesmo ano.

São Paulo foi o estado brasileiro com a maior taxa de óbitos por extensão no ano de 2017, com índice de 227,2 óbitos por mil quilômetros de extensão. O Distrito Federal vem em segundo lugar com o índice de 221,9 óbitos por mil quilômetros de extensão, e o Rio de Janeiro registrou 272,8 óbitos por mil quilômetros.

OUTROS DADOS – A pesquisa também elencou dados da Pesquisa CNT, que apontou que 79,5% das rodovias em Roraima apresentam algum tipo de deficiência no estado geral, com pavimento considerado na sua maioria como regular, ruim ou péssimo.

A sinalização foi classificada em 74,6% com regular, ruim ou péssima, que mais de 85% da extensão pesquisada não tem condições satisfatórias de geometria e que foram identificados ainda cinco trechos com buracos grandes e três com erosões na pista que colocam em risco o condutor ao trafegar pelas rodovias de Roraima.

Rodovias federais registram 20 mortes por dia

Segundo as considerações nacionais da pesquisa, o acidente de trânsito é uma das principais causas de mortes no Brasil. Somente em rodovias federais policiadas, ocorreram 1.652.403 acidentes de 2007 a 2017, uma média de 411,3 acidentes por dia. No mesmo período, foram contabilizadas 83.481 mortes, uma média de 20,8 mortes por dia.

A pesquisa acredita que o aumento do número de mortes nas rodovias é maior em países de economia emergente de rendas baixa e média, em que o aumento da frota e a taxa de ocupação urbana acompanham o rápido crescimento econômico. “Em muitos desses países, esse crescimento acelerado não vem acompanhado do desenvolvimento de políticas de infraestrutura capazes de absorver as necessidades demandadas pelo aumento do fluxo de veículos”, diz trecho da pesquisa.

O relatório também aponta que, nos últimos onze anos, a frota aumentou 95,6%, enquanto que a malha rodoviária federal pavimentada cresceu apenas 11,3%. Porém, a limitada extensão rodoviária federal para atender à crescente demanda de veículos no Brasil não é o único problema associado às rodovias. “As condições também não são favoráveis ao tráfego de veículos, pois, em 61,8% da extensão avaliada, há algum tipo de problema nas rodovias conforme apontado na Pesquisa CNT de Rodovias 2017”, afirma.

O alto fluxo de veículos e os problemas nas rodovias contribuem para os altos índices de acidentes e mortes nas estradas, afirma a pesquisa, mas ressalta-se que os acidentes de trânsito resultam, em sua maioria, de vários fatores.

Entre eles estão o desenvolvimento urbano não planejado das áreas ao redor das rodovias, fatores socioeconômicos, aumento do fluxo de veículos, condições inadequadas e insuficientes de engenharia/infraestrutura, comportamento impróprio do condutor, comportamento inadequado dos pedestres, condições precárias dos veículos, condições meteorológicas, problemas com a regulamentação e falta de fiscalização, além de pouco investimento em transporte e segurança. (P.C.)