Cotidiano

Roraima sedia encontro para discutir o turismo comunitário na Amazônia

Especialistas de outros estados e líderes locais vão participar do evento, que ofertará minicursos e visita à Comunidade Nova Esperança

Como promover o turismo no Estado ao mesmo tempo em que se respeita a cultura dos seus povos tradicionais? De hoje até domingo, 26, o tema será discutido no prédio do Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais (Pronat) da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Trata-se do VI Encontro de Turismo de Base Comunitária da Amazônia (VI ETCA), que pela primeira vez é realizado em Roraima. 

As inscrições acontecem até hoje e a organização é do Instituto de Geografia da UFRR, dos cursos de Turismo da Universidade Estadual de Roraima (UERR) e do Instituto Federal de Roraima (IFRR), além destes dois cursos da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Dentre os apoiadores, estão o Sebrae, o Governo de Roraima e o Ministério do Turismo.

Professores de outras regiões brasileiras e representantes de comunidades indígenas de Roraima foram convidados. O professor mestre Brunno Di Brito, um dos organizadores e expositores do VI Encontro, anuncia que as professoras doutoras Luzia Neide Coriolano (Universidade Estadual do Ceará – UECE), Yolanda Flores e Silva (Universidade do Vale do Itajaí – Univali) e Luciene Jung (Universidade de Caxias do Sul, UCS) são as mais aguardadas, pois são autoridades em apontar estratégias utilizadas nacionalmente que podem ser úteis para o turismo local e discutir os desafios atuais para a região.

O pesquisador Enoque Raposo, representando a Comunidade da Raposa, em Normandia, Leste do Estado, e o líder indígena Alfredo Silva, da Comunidade Nova Esperança, em Pacaraima, Norte do Estado, farão relatos de vivência. Haverá ainda seis minicursos, além de mesas-redondas e palestras. No final de semana, será feita uma visita para a Comunidade Nova Esperança.

As inscrições para o VI Encontro custam R$80,00 para estudantes de graduação, R$100,00 para estudantes de pós, R$150,00 para professores e R$200,00 para a comunidade em geral. Cada minicurso custa R$50,00 e o passeio para a Nova Esperança R$200,00. Brunno Di Brito explicou que os preços são para cobrir as despesas. Os interessados devem acessar a página ufrr.br/tca ou ir no momento do credenciamento na UFRR. A programação do encontro começa às 8h e segue até as 19h.

Experiência veio para somar, afirma professor

Professor mestre do curso de Turismo da UERR, Brunno Di Brito disse que o turismo comunitário pode ser considerado invasivo por muitos povos, pois eles recebem os turistas em suas residências. Mas é uma atividade que vem para somar a essas comunidades, junto com os outros meios econômicos já existentes, como o artesanato e a pecuária.

Atraindo principalmente o viajante que não se importa em ficar sem hotéis chiques e banhos de água quente, o turismo comunitário incentiva os grupos daquelas localidades ao invés de remunerar redes hoteleiras e agentes. Porém, não é o objetivo que ele se torne massificado. Por Roraima ser uma área de natureza, os passeios não suportam grupos de 50 visitantes, por exemplo. A média atual com até 25 pessoas por vez é o ideal.

Para que ele se aprimore Brunno Di Brito acha fundamental realizar atividades como a do encontro que inicia hoje. Mas, o maior desafio ainda, é o custo de uma viagem até o Estado. “O nosso principal acesso é pelo aeroporto, o que é muito caro. De Manaus [AM] para cá já é muito caro. Para completar, o mercado divulga mais regiões como o Nordeste, fazendo com que haja menor procura para cá e, consequentemente, preços mais caros. Um pacote para conhecer o Monte Roraima sai por R$2 mil. Com esse dinheiro muitos preferem ir para o Caribe”, frisou.

Em um ano, 60 milhões de brasileiros viajam dentro do Brasil. Destes, apenas um milhão foi para Manaus, que é a cidade mais visitada do Norte e que tem a melhor infraestrutura de turismo. O outro destino mais procurado é Belém (PA). A população do Estado pode contribuir para reduzir os preços e divulgar mais as próprias atrações, através de grupos como o “Mochileiros”, nas redes sociais. (NW)