Cotidiano

Roraima registra 17 mil focos e cenário se parece com o de 1998

Situação do fogo caminha para uma situação muito semelhante ao grande incêndio de 1998, só que desta vez o Estado está melhor preparado

A situação crítica dos municípios de Roraima com a forte estiagem elevou para 17.567 o número de focos de calor registrados somente nos 26 primeiros dias do ano. Os dados são do Sistema de Informações Geográficas e Banco de Dados de todos os Focos, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A situação é muito semelhante ao grande incêndio que atingiu o Estado no ano de 1998.

Os municípios mais afetados por queimadas são Caracaraí, com 4.029 focos; Rorainópolis, com 3.817; Caroebe, com 2.007; Mucajaí, com 1.772; e Iracema, com 1.173 registros. Os municípios de Bonfim, Cantá, São Luiz do Anauá, Pacaraima, Amajari, São João da Baliza, Normandia e Alto Alegre também registraram focos e decretaram situação de emergência por conta da estiagem.

No decreto, os municípios justificaram a emergência para ação imediata de socorro e assistência à população. A alegação é de que a malha viária do Estado é de 7.949 quilômetros, sendo muitas vezes o único meio de acesso às localidades que sofrem com a estiagem. Cada município solicitou do Governo do Estado veículos do tipo pick-up para transporte terrestre de material e pessoal, máquinas retroescavadeiras e escavadeiras para recuperação e escavação de bebedouros e cacimbas, além das pranchas para o transporte dos maquinários.

De acordo com a Defesa Civil Estadual, todos os municípios roraimenses enfrentam graves problemas com a escassez de água e os incêndios florestais. Para contornar a grave situação, o Corpo de Bombeiros mantém bases extras de combate a incêndios e queimadas.

As bases estão montadas em Alto Alegre, Amajari, na região de Samaúma (Mucajaí), no Repartimento (Iracema) e na Vila Felix Pinto (Cantá), além do reforço do efetivo na Capital e nas companhias de Caracaraí, Rorainópolis e Pacaraima. São Luiz do Anauá e Caroebe, na região de Campos Novos, Sul do Estado, onde há a maior incidência de incêndios, inclusive criminosos, devem receber bases nos próximos dias.

O secretário-executivo da Defesa Civil, coronel Claudimar Ferreira, destacou a necessidade de brigadistas para atuarem nas bases dos municípios. “Precisamos de reforço o quanto antes. Para isso, iremos contratar 150 brigadistas e vamos receber mais 100 homens do Exército. Além disso, pedimos mais efetivo da Secretaria Nacional da Defesa Civil para controlar a situação”, disse.

Conforme ele, apesar de os incêndios em áreas de pastagens estarem sendo controlados, a prática criminosa de produtores rurais e de anônimos têm dificultado o trabalho dos brigadistas. “Essa prática não conseguimos dar conta, porque enquanto os bombeiros trabalham, outras pessoas ateiam fogo”, lamentou.

A situação mais crítica, de acordo com Cleudiomar, está na região conhecida como “Arco de Fogo”, que abrange os municípios de Mucajaí, Cantá, Alto Alegre e Amajari. “Tivemos que deslocar para lá vários grupos de outras bases porque a situação saiu do controle. O caos foi total, mas com o reforço do efetivo essas áreas queimadas estão mais controladas”, explicou.

Para ele, Roraima está se encaminhando para um cenário caótico por conta da estiagem, pior do que o encontrado em 1998, quando o Estado ganhou destaque mundial pelos grandes incêndios. “Naquela época, quando demos as primeiras respostas, a situação já era incontrolável. Hoje, estamos muito mais tranquilos, porque estamos nos planejando a tempo de evitar grandes prejuízos”, afirmou.

Estimativa de recursos destinados ao combate à estiagem é de R$ 50 milhões

Somando os recursos necessários para combater a estiagem em Roraima, a estimativa é que o Estado receba R$ 50 milhões nos próximos meses. Conforme o coronel Cleudiomar Ferreira, o montante deverá ser enviado após a formalização de um documento que vai definir onde e em que será aplicado.

Os recursos devem ser empregados com a locação de veículos, máquinas, carretas, carros-pipa, além da contratação de brigadistas e reconstrução de pontes destruídas pela estiagem. “Após redimensionar toda essa estrutura, é provável que isso consiga atingir esse montante. Isso está sendo levantado entre a Defesa Civil e as Secretarias de Agricultura, Planejamento e Infraestrutura”, frisou o coronel. (L.G.C)